A tragédia que abalou Honolulu no último Dia de Ano está se transformando em uma das mais devastadoras da história da cidade. Na manhã de segunda-feira, um menino de apenas 3 anos, identificado como Cassius Ramos-Benigno, tornou-se a quarta vítima fatal de uma explosão de fogos de artifício ocorrida em um lar da cidade durante as celebrações de Ano Novo. Além de Cassius, três mulheres também perderam a vida, e mais de 20 pessoas foram hospitalizadas com ferimentos severos, muitas delas apresentando queimaduras em grande parte do corpo. De acordo com os primeiros relatos médicos, dois indivíduos tinham sido declarados mortos no local da explosão, enquanto outros foram levados para tratamento em center de queimados no Arizona devido à gravidade dos ferimentos.
A explosão ocorreu quando um grupo de pessoas se reunia para celebrar a virada do ano. Na tentativa de acender um pacote de fogos de artifício, os responsáveis pela festividade não se deram conta de que o dispositivo estava de lado, fazendo com que os fogos disparassem em direção a dois outros caixas que continham explosivos adicionais. Vídeos do incidente mostraram uma série rápida de explosões que lançaram fogos de artifício em direção ao céu e em torno da casa. É um cenário que remete a tragédias passadas, mas que desta vez resultou em uma nova onda de choque e de chamada à ação por medidas mais rigorosas contra o comércio ilegal de fogos de artifício em Hawaii.
O exame médico de Honolulu identificou Cassius, e a causa e a maneira de sua morte ainda estão sob investigação. Essa informação torna ainda mais doloroso o comentário do governador do Hawaii, Josh Green, que, em uma coletiva de imprensa realizada logo após o incidente, previu que haveria “um ou dois possíveis óbitos entre crianças com menos de 10 anos nas próximas horas”. As palavras do governador revelam o quão sérias eram as consequências deste acidente.
Dos sobreviventes da explosão, seis pessoas foram transportadas para o Arizona em um esforço do Exército dos EUA, uma vez que o único centro de queimados do Hawaii não tinha capacidade suficiente para lidar com o número de vítimas. Dr. Kevin Foster, diretor do Arizona Burn Center, informou que todos os seis pacientes têm idades entre 20 e 30 anos e estão com queimaduras extensas, variando de 45% a quase 80% de suas superfícies corporais. Atualmente, a maioria destes indivíduos está sob suporte de respiração e alguns permanecem em coma induzido.
Enquanto o estado dos pacientes é descrito como “muito bom”, Foster destacou que a recuperação será longa, podendo levar de seis meses a um ano antes que consigam retornar a uma vida normal. Os cuidados psicológicos também foram enfatizados, uma vez que a equipe médica prevê que todos esses pacientes enfrentarão um transtorno de estresse pós-traumático em decorrência da horripilante experiência. Dados da instituição indicam que o atendimento psicológico será fundamental para ajudar os pacientes a lidarem com o trauma físico e emocional. A gravidade das queimaduras, além do sofrimento físico, deixará marcas que os acompanharão pelo resto de suas vidas, tornando necessário um suporte contínuo.
Os líderes do estado de Hawaii, ao se depararem com a magnitude da tragédia, renovaram seus apelos por uma ação mais enérgica no combate ao comércio ilegal de fogos de artifício. O governador Green citou que em 2023, as autoridades locais interceptaram cerca de 187.000 libras de fogos de artifício ilegais. Este ano, esse número já ultrapassou 40.000 libras. Apesar de um notório esforço para restringir a venda e o uso de fogos de artifício, a tradição local de celebrar o Ano Novo com explosões luminosas transformou-se em um risco letal, especialmente com a proliferação de explosivos de grau profissional que são perigosos e ilegais para uso amador.
A situação atual no estado reflete uma sociedade que, embora celebre suas tradições, precisa urgentemente considerar as consequências de suas ações e da cultura que promove. A beleza dos fogos de artifício não deve ofuscar a responsabilidade coletiva em garantir a segurança de todos. Os moradores de Honolulu e de outras regiões do Hawaii precisam se unir na busca por uma mudança efetiva nas leis sobre fogos de artifício e na conscientização sobre os riscos envolvidos. Diante de uma tragédia como esta, a compaixão e o cuidado mútuo devem prevalecer.
Embora as festividades do Ano Novo sejam um símbolo de renascimento e esperança, a explosão que deixou tantas vidas alteradas e feridas é um lembrete sombrio da fragilidade da segurança e da vida. Que esta tragédia sirva como um catalisador para mudanças significativas em Honolulu e em todo o Hawaii, para que nas próximas celebrações, a alegria não seja ofuscada pela perda e pelo sofrimento.