A recente revelação de Stacey Williams, uma ex-modelo, sobre um suposto episódio de assédio sexual cometido por Donald Trump, aquecia as discussões em torno das condutas do ex-presidente, especialmente à luz do clima político atual. Williams, de 56 anos, fez suas acusações durante uma chamada de vídeo realizada em 21 de outubro de 2023, para apoiadores da vice-presidente Kamala Harris, organizada pelo grupo Survivors4Harris. Esse testemunho ressoa em um contexto no qual as alegações de comportamentos inadequados por Trump atraem a atenção do público, especialmente a dias das eleições presidenciais.
Durante o encontro virtual, Williams afirmou que o incidente ocorreu em 1993, meses após seu encontro inicial com Trump em uma festa de Natal em 1992. Na época, ela estava em um relacionamento casual com Jeffrey Epstein, que teria sugerido uma visita à Trump Tower durante uma caminhada, levando ao encontro que mudaria a trajetória de Williams. Ela descreveu a situação com detalhes angustiantes, dizendo que, ao chegarem ao elevador do famoso edifício, Trump a cumprimentou e, em um movimento inesperado, a puxou para si, iniciando toques não consensuais. “Ele colocou as mãos em meus seios, na minha cintura, nas minhas nádegas, e eu congelei”, descreveu Williams em um vídeo disponibilizado pelo jornal The Guardian.
As alegações de Williams adicionam uma nova camada à já extensa lista de mulheres que acusaram Trump de comportamento sexualmente inadequado. Até o momento, são pelo menos 26 mulheres que relataram incidentes similares, todos negados categoricamente por Trump, que continua a defender sua inocência. Além disso, em uma reviravolta intrigante, Williams menciona ter percebido uma interação entre Trump e Epstein, que, segundo ela, estavam sorrindo um para o outro após o suposto assédio, gerando ainda mais confusão sobre a dinâmica daquela situação.
Depois de deixar Trump Tower, Williams diz que Epstein a “repreendeu”, questionando-a: “Por que você fez isso?”, um comentário que revela a complexidade e a pressão social enfrentada pelas mulheres que se encontram em situações de abuso. Essa revelação é particularmente angustiante, considerando o papel que Epstein teve em diversas acusações de tráfico humano e abusos sexuais antes de sua morte em 2019, um evento cercado por controvérsias e teorias da conspiração.
Adicionalmente, segundo relatos, Trump teria enviado a Williams um cartão-postal no mesmo ano, com uma imagem aérea de sua propriedade em Mar-a-Lago, acompanhada da mensagem manuscrita: “Stacey – Sua casa longe de casa. Com amor, Donald.” Essa demonstração de familiaridade posterior ao incidente é uma faceta que muitos considerariam alarmante, refletindo uma tentativa de ligação pessoal após um ato de agressão.
O porta-voz da campanha de Trump rapidamente desmentiu as alegações de Williams, descrevendo-as como “inequivocamente falsas” e chamando sua posição de “ex-ativista de Barack Obama” em um momento politicamente carregado, dado que as revelações surgem apenas duas semanas antes das eleições presidenciais. A defesa de Trump tem se baseado não apenas na negação das alegações, mas também na narrativa de que essas acusações são motivadas por questões políticas.
Essas alegações não são novas para Trump. Em maio de 2023, ele foi considerado responsável por abusar sexualmente da escritora E. Jean Carroll em um provador de loja, sendo condenado a pagar uma compensação de 5 milhões de dólares, além de um adicional de 83 milhões por difamação. Enquanto isso, o debate sobre as ações de Trump e seu impacto na política americana segue em alta, especialmente devido ao número crescente de mulheres que se sentem encorajadas a compartilhar suas histórias, reafirmando a importância de espaço seguro para os sobreviventes.
Por fim, a revelação de Stacey Williams não é um caso isolado, mas sim uma parte de um padrão mais amplo que levanta questões sobre os comportamentos aceitáveis de figuras públicas e o tratamento das alegações de assédio. O clamor por justiça e a busca por verdade continuam a ecoar na sociedade, à medida que as vozes das sobreviventes se tornam cada vez mais audíveis, contribuindo para um diálogo necessário sobre recuperação, voz e empoderamento.