A liberdade de expressão nas redes sociais parece ser um tema em constante discussão, especialmente quando se trata de conteúdos que tocam em áreas sensíveis, como a privacidade dos bilionários que dominam o mundo digital. Uma recente decisão da Meta, que controla plataformas como Instagram e Threads, trouxe à tona uma questão intrigante: até onde vai a liberdade de postar qualquer coisa nas redes sociais? E o que realmente importa para os bilionários que as administram? É verdade que certos conteúdos têm mais “peso” e geram reações mais intensas, provando que as normas desses espaços podem ser bastante seletivas.
Na última semana, a Meta decidiu suspender várias contas dedicadas ao rastreamento de viagens de jatos privados, uma prática que envolvia dados publicamente disponíveis para seguir os roteiros de famosos como Mark Zuckerberg, Elon Musk e Rihanna. Embora muitos conteúdos proibidos nas redes sociais incluam desde propaganda de ideologias extremistas até fraudes cripto, a intolerância da companhia em relação ao rastreamento de seus proprietários parece indicar que a linha entre a liberdade de expressão e a proteção da privacidade é muito tênue. O serviço foi gerido por Jack Sweeney, um estudante da Flórida, que já teve 38 contas suspensas em diversas plataformas sociais.
Em um e-mail enviado à CNN, um porta-voz da Meta justificou a suspensão, afirmando que a decisão foi tomada em virtude do “risco de dano físico a indivíduos” e em conformidade com recomendações do conselho de supervisão independente. A ironia da situação se torna evidente ao considerar que, embora Sweeney utiliza informações públicas para rastrear os voos, a empresa vê isso como uma violação de suas políticas de privacidade. Ele rapidamente apontou que a Meta tomou decisões arbitrárias, destacando a ausência de comunicação prévia ou explicações em relação à suspensão de suas contas.
As figuras públicas que Sweeney monitorava não costumam ver com bons olhos esse tipo de atenção, e a pressão parece se intensificar. Recentemente, os advogados de Taylor Swift enviaram uma carta de cessação e desistência a Sweeney, alegando que suas atividades constituem “comportamento de stalker e assédio”. A questão aqui é complexa e tange as preocupações com a privacidade, além da responsabilidade em gerenciar a informação na era digital. Embora tenhamos plena consciência de que salvaguardar a segurança de qualquer indivíduo é primordial, fica claro que o foco da Meta pode recair mais sobre a proteção de Zuckerberg e outros magnatas do que sobre os usuários comuns.
Além disso, a Meta tem se esforçado para intensificar os esforços de combate à disseminação de conteúdos nocivos e perigosos, mesmo que ainda falte um orçamento considerável para realmente resolver o problema da desinformação nas suas plataformas. Em resposta a preocupações sobre a segurança de adolescentes, por exemplo, o Instagram implementou configurações que tornam automaticamente contas de jovens privadas e restringem o tipo de conteúdo que podem acessar. No entanto, essas iniciativas chegaram tardiamente, após um denunciante expor a falta de ação por parte da Meta em relação ao impacto negativo que seus produtos têm nos jovens usuários.
Se a suspensão de contas rastreadoras de jatos privados levanta interrogações sobre a proteção de dados e a privacidade, o cenário mais amplo revela o paradoxo: as plataformas se mostram mais eficientes em proteger os privilegiados do que em garantir a segurança real de seus usuários. Em uma audiência no Senado, Zuckerberg se desculpou publicamente com famílias que alegaram ter seus filhos prejudicados pelas redes sociais. Porém, o que realmente resta à luz dessas apologéticas é a percepção desconfortável de que as ações da Meta visam mais gerenciar sua imagem e os interesses dos poderosos do que abordar as preocupações corretas sobre segurança e privacidade de todos os usuários.
Em um mundo onde a informação é, indiscutivelmente, poder, a suspensão das contas de Sweeney simboliza o controle extremo das plataformas sobre o que pode ser visto e disseminado. Mas, paralelamente, nos faz refletir: qual a linha entre a liberdade de acesso a informações e a proteção das figuras públicas? Ao final, todos aprendemos uma lição importante sobre a forma como informações sensíveis são manejadas e o impacto que isso pode ter em nosso cotidiano digital. Assim, esperamos que futuras decisões sobre liberdade de expressão e privacidade sejam mais transparentes e justas para todos, não apenas para os magnatas que conduzem as redes sociais.