A recente aparição de Donald Trump em uma barbearia no Bronx, transmitida no programa “Fox & Friends”, não foi apenas uma simples visita do ex-presidente, mas sim um momento que gerou discussões acaloradas sobre a manipulação de imagens e vértices na cobertura de suas declarações. Embora a edição da Fox News tenha apresentado uma narrativa que favorece Trump, questiona-se a transparência da emissora em relação ao seu público. A questão aqui é: até que ponto a edição de um conteúdo pode moldar a percepção pública de um candidato em um período de eleições acirradas?

No programa, Trump interagiu com clientes e profissionais do estabelecimento, que expressavam apoio ao ex-presidente com camisetas estampadas com a frase “Make Barbers Great Again”. A segmentação foi parte da série de entrevistas de barbearia apresentadas por Lawrence Jones, co-anfitrião do programa. No entanto, a versão assistida na televisão foi amplamente editada, omitindo muitos dos comentários e afirmações questionáveis de Trump, o que provocou a curiosidade e desconfiança do público. As edições foram tão marcantes que poderiam ser comparadas a um corte de cabelo bem estilizado, onde muito do que realmente aconteceu foi transformado e alterado.

Através da revisão de um vídeo integral da visita, que foi postado no Instagram no mesmo dia, foi possível perceber que várias divagações de Trump e exageros foram suprimidos na versão apresentada pela Fox. Isso se torna ainda mais intrigante quando se considera que o ex-presidente tem se queixado recentemente de outros meios de comunicação, como a CBS, pelas suas edições em matérias que envolvem seus comentários, particularmente um episódio no programa “60 Minutes” que incluiu o atual vice-presidente Kamala Harris. Trump acusou a CBS de ter manipulado as falas de Harris para torná-la mais favorável, exigindo a liberação da transcrição completa da entrevista, um pedido que a emissora já negou.

Curiosamente, as edições feitas pela Fox deixaram vigorosamente de fora declarações de Trump sobre imigração haitiana e uma alegação simplesmente absurda em que afirmava que 50 mil imigrantes foram “jogados” em Springfield, Ohio, uma afirmação que foi prontamente desmentida por dados oficiais da cidade que mostram números muito menores. Além disso, a rede omitiu críticas de Trump sobre a criminalidade, incluindo afirmações exageradas sobre a situação em Aurora, Colorado. Assim, a dúvida que fica é: estamos vendo uma construção real de imagem em vez de um debate genuíno sobre os problemas que afligem a sociedade?

Um dos momentos mais emblemáticos da gravação ocorreu quando um dos participantes questionou Trump sobre a possibilidade de eliminação de impostos federais. Na edição da Fox, a resposta do ex-presidente foi apresentada como imediata, quando, na verdade, aconteceu após vários minutos de digressões sobre temas variados como política externa, esporte e_PIPELINES. Trump teve que ser constantemente direcionado de volta à pergunta original por um dos integrantes da audiência. Isso revela não apenas a falta de coesão nas respostas de Trump, mas também a necessidade de um trabalho cuidadoso por parte dos editores que decidiram omitir esse sistema de questionamento, o que poderia ter dado ao público uma representação mais equilibrada do discurso político apresentado.

A Fox também evitou transmitir algumas das ofensas disparadas por Trump, como quando ele criticou o Wall Street Journal, enfatizando que os espectadores deveriam ignorar o que é proclamado na impressão escrita, uma decisão editorial que levanta mais perguntas sobre a postura da rede na construção de narrativas que favorecem seu conteúdo. Além disso, a emissora optou por não reproduzir uma troca em que Trump elogiava o líder autocrático húngaro Viktor Orban, algo que deixa ainda mais evidente suas preferências por líderes que têm uma reputação um tanto controversa. Segundo uma representante da Fox, todos os segmentos da série de barbearias são pré-gravados e editados em busca de clareza e otimização de tempo.

Por fim, vale ressaltar que a edição e a apresentação estratégica do material são atitudes que não estão restritas a este evento específico, já que a própria Fox fez edições em outras aparições de Trump, particularmente quando ele discursou sobre as alegações de fraudes nas eleições de 2020, onde a rede se encontra atualmente na linha de frente de processos por difamação em relação ao seu conteúdo de cobertura nas referidas eleições. A questão central que permanece na mente dos espectadores é como essas escolhas editoriais afetam a percepção pública de eventos políticos cruciais. Até que ponto a mídia deve se considerar responsável por transparentemente apresentar o que realmente sucede em um cenário político tão polarizado?

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *