Em uma sociedade cada vez mais digital, a representação e a diversidade são temáticas essenciais. Recentemente, um grupo de jovens designers em Londres iniciou uma campanha para introduzir novos emojis que representem de forma autêntica os cabelos afro e mistos, em um movimento que busca não apenas inclusão, mas uma mudança de paradigma na forma como as pessoas se expressam online. Com cerca de 4.000 emojis disponíveis atualmente, a ausência de representações adequadas para texturas de cabelo negras e mistas é um ponto crítico que estes jovens consideram inaceitável.
O impacto da falta de diversidade na comunicação digital
Olhando para a digitalização da comunicação, observa-se que emojis desempenham um papel crucial na forma como expressamos emoções e identidades. Olivia Mushigo, uma das líderes do projeto conhecido como Rise.365, compartilha sua experiência pessoal: “Como uma criativa negra e alguém que muda constantemente o cabelo, essa campanha é extremamente significativa para mim.” A equipe de jovens está determinada a desafiar os estereótipos de beleza que muitas vezes marginalizam as características dos cabelos afro, como afros, tranças e dreads. Para isso, eles propuseram emojis que reflitam essa diversidade e complexidade.
Durante o desenvolvimento do projeto, os designers enfrentaram o desafio de transformar a rica diversidade dos cabelos afro em emojis. Jayzik Duckoo, um dos membros da equipe, expressou que a negatividade associada a texturas de cabelo mais grossas pode impactar a maneira como pessoas se sentem em ambientes escolares e profissionais. “Isso contribui para uma sensação de não pertencimento”, disse ele, ressaltando a importância de promover uma representação positiva. Os estudantes começaram a esboçar estilos, expressando suas identidades digitais e abordando o que chamam de “texturismo”, uma forma de discriminação que vê os cabelos afro como inadequados ou indesejáveis.
Um processo criativo transformador
Os estudantes enfrentaram um verdadeiro dilema quanto à seleção de designs, uma vez que a diversidade entre cabelos afro e mistos é vasta. “Havia tantas opções que foi difícil restringir a apenas quatro,” comentou Mushigo. No entanto, a jornada não foi apenas desafiadora, mas também divertida. Duckoo descreveu o processo criativo de desenvolvimento dos emojis como enriquecedor, afirmando que ver os designs finalizados foi uma experiência prazerosa e gratificante. Essa iniciativa não é inédita; emojis foram originalmente criados no Japão na década de 1990 e, ao longo dos anos, houve iniciativas para aumentar a inclusão, como a adição de novas representações raciais por grandes empresas de tecnologia, como a Apple, que respondeu a um clamor por diversidade com a criação de 300 novos emojis em 2015.
Próximos passos na luta por inclusão
A equipe de Londres planeja submeter suas quatro novas propostas de emoji em abril para o Unicode, a organização com sede na Califórnia que aprova novos emojis. Joyclen Brodie-Mends Buffong, fundadora da Rise.365, enfatizou a importância cultural dos cabelos afro, afirmando: “Há muito histórico por trás do nosso cabelo. Levamos um tempo considerável para cuidar deles, então é importante para nós ser vistos de uma maneira positiva.” Além disso, a Rise.365 está pedindo apoio de outros para promover sua causa, incentivando as pessoas a pesquisar “emojis de cabelo afro” nas redes sociais e mecanismos de busca, o que poderá aumentar a visibilidade e fortalecer sua proposta ao Unicode.
Agora, estes jovens criadores aguardam ansiosamente e esperam que suas propostas sejam aprovadas, oferecendo ao mundo emojis que não apenas comunicam emoções, mas que também representam a beleza e a diversidade dos cabelos afro e mistos. A introdução desses emojis não só terá um impacto sobre a forma como as pessoas se expressam digitalmente, mas também poderá influenciar a maneira como a sociedade percebe e valoriza a diversidade no contexto da beleza e da identidade. Esperamos que a inclusão digital avance, refletindo cada vez mais a riqueza da experiência humana.