Questões cruciais moldam a batalha pelos votos eleitorais do estado
A eleição presidencial de 2024 em Arizona está se configurando como um embate significativo, com questões de direitos de aborto e imigração ocupando um papel central nas decisões dos eleitores. A luta pelos 11 votos eleitorais do estado se apresenta como uma das mais acirradas do país, com a comunidade latina desempenhando um papel essencial na definição do resultado. David Tapia, um eleitor de 42 anos que até agora se mantinha à margem da política, decidiu participar do processo eleitoral e planeja votar em Kamala Harris. Sua declaração reflete um sentimento comum entre muitos eleitores que procuram uma alternativa à candidatura de Donald Trump, com a luta entre os dois lados do espectro político emergindo como uma provocadora questão principal nesta reta final da campanha.
No atual clima político do Arizona, com a votação antecipada já em andamento, candidatos presidenciais, seus companheiros de chapa e um número considerável de assessores estão se movimentando pela região em busca de angariar apoio em uma corrida que, segundo diversas pesquisas, continua extremamente próxima. Regina Romero, prefeita de Tucson, destacou a importância do estado ao afirmar que “Arizona é a muralha azul do sudoeste”. Ao mesmo tempo, as questões relativas ao aborto e à imigração estão em evidência, disputando a atenção dos eleitores de maneiras que podem ter consequências significativas nas urnas. A população está sendo desafiada a se pronunciar sobre uma emenda constitucional que busca garantir o direito ao aborto e outra que transformaria em crime estadual as violações das leis de imigração, uma medida que atualmente é tratada apenas em nível federal.
A dinâmica das eleições e o foco nas questões sociais
Na corrida eleitoral, tendências e temas recorrentes da política nacional estão sendo intensamente debatidos. Donald Trump, que lidera a chapa republicana, e Kamala Harris, vice-presidente e candidata do partido democrata, têm direcionado seus discursos em eventos de campanha aos problemas mais urgentes que afetam a população. Em sua última aparição em Prescott, Trump apelou aos seus seguidores, enquanto Harris, em sua visita à área de Phoenix, enfatizou as potenciais consequências da eleição, afirmando que “os riscos são ainda maiores” se comparados aos pleitos de 2016 e 2020.
O estado apresenta um histórico interessante: Trump perdeu Arizona em 2020 por uma margem de apenas 10.457 votos, um dos resultados mais próximos em relação a outros estados decisivos. A vitória de Joe Biden sobre Trump em 2020 representou a primeira vez que um democrata conquistou o estado desde Bill Clinton, em 1996. Essa mudança nas dinâmicas de voto implica em estratégias diferenciadas de campanha, especialmente para os republicanos que buscam conquistar o apoio dos independentes e latinos, segmentos que se tornaram cruciais para o sucesso nas urnas.
As questões de aborto também tomaram posição central nesta corrida, com uma emenda constitucional sendo amplamente aguardada. Kamala Harris despertou tanto o apoio de grupos pró-aborto como preocupações relacionadas à participação dos eleitores. Sua enérgica convocação aos eleitores do Arizona, para que contribuíssem de forma ativa na votação da Proposição 139, que visa proteger os direitos ao aborto até a viabilidade fetal, evidenciou a urgência deste debate na mente dos eleitores. A ex-membro do Planned Parenthood, Donna Ross, expressou sua crença de que o fortalecimento das garantias sobre direitos de aborto fortaleceria o engajamento na eleição presidencial.
Desafios e a batalha pela mobilização dos eleitores
Entretanto, a questão da imigração, por sua vez, não recebeu a mesma atenção nas campanhas, apesar de ser um tema quente em um estado com uma extensa fronteira com o México. A Proposição 314 tem gerado menos publicidade do que a proposta relativa ao aborto, mas ainda representa um controvertido ponto de debate entre os eleitores. Enquanto republicanos planejaram colocar esta questão no cenário político sem a coleta de assinaturas, o foco nas questões de aborto pode acabar ofuscando esta importante discussão. Nas últimas semanas, campanhas significativas dos dois lados têm sido financiadas, totalizando mais de 117 milhões de dólares, com a luta por se posicionar entre os diferentes grupos em ascensão.
O resultado das eleições se reflete na demografia: espera-se que mais de 855.000 latinos votem nas eleições, mantendo a taxa de participação já vista em 2020, e um aumento significativo em comparação a 2016. Isso resulta em quase 25% dos eleitores do Arizona. Para Trump, o desafio é garantir um desempenho expressivo entre republicanos registrados enquanto conquista uma fatia considerável dos independentes. No lado democrata, Harris se esforça para colecionar apoio não apenas entre os democratas, mas também entre os independentes e uma fração dos republicanos, com um foco particular na comunidade da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que representa cerca de 5% da população do estado.
A decisão do eleitorado nas próximas semanas
O futuro de Arizona como campo de batalha se torna cada vez mais evidente conforme a data da eleição se aproxima. Mesa, o município onde o prefeito John Giles, republicano e membro da comunidade Latter-day Saints, compartilha a urgência e a responsabilidade que pesa sobre os ombros dos eleitores. Com um ballot extenso e detalhado enfrentando desafios de engajamento, a questão que domina agora é quem será capaz de mobilizar efetivamente seus apoiadores e garantir que suas vozes sejam ouvidas nas urnas. À medida que as votações continuam até o dia da eleição, que está agendado para 5 de novembro, as repercussões em todo o pais sobre os direitos ao aborto e as leis de imigração vão além do Arizona, moldando assim o futuro político da nação.