A descoberta de um crânio durante uma renovação de uma casa em 1978, na região suburbana de Chicago, levou mais de quatro décadas para resultar na identificação da sua proprietária, que viveu há mais de 150 anos. Graças aos avanços das tecnologias de DNA, a verdadeira identidade da jovem foi revelada recentemente, trazendo à tona não apenas seu nome, mas também os trágicos detalhes de sua vida e morte.
Estudo revela a identidade de Esther Granger após um longo processo investigativo
Na última quinta-feira, o Escritório do Legista do Condado de Kane confirmou que o crânio pertence a Esther Granger, uma mulher que nasceu em outubro de 1848, em Indiana, e que morreu com apenas 17 anos, em 1866, provavelmente devido a complicações durante o parto, conforme declarado pelo legista Robert Russell, em uma coletiva de imprensa. Anteriormente, o corpo de Esther foi enterrado em Merrillville, Indiana. Contudo, o que ninguém esperava era que seu crânio fosse encontrado cerca de 128 quilômetros ao noroeste, em Batavia, Illinois, uma cidade situada a oeste de Chicago.
A história da descoberta remonta a 1978, quando um residente de Batavia, ao realizar reformas em sua casa, se deparou com o crânio escondido nas paredes. Após a descoberta, ele entrou em contato com as autoridades locais, iniciando assim uma investigação que se mostrou desafiadora. Os testes de DNA disponíveis na época foram insuficientes para determinar a identidade da jovem. Tudo o que se sabia é que o crânio pertencia a uma mulher jovem, provavelmente na faixa dos 20 anos, que viveu antes do século XX. A investigação eventualmente esfriou, e o crânio foi armazenado no Museu Batavia Depot.
Processo de identificação avança graças a tecnologia de genealogia genética forense
Em março de 2021, funcionários do museu redescobriram o crânio enquanto limpavam o local. Ao perceberem sua importância, o crânio foi devolvido à polícia, que vinculou a nova descoberta ao caso de 1978, reabrindo oficialmente a investigação. Uma nova esperança surgiu com os avanços na ciência forense e a aplicação da genealogia genética investigativa, que combina análises de DNA com pesquisas tradicionais de genealogia. Em 2023, os oficiais do Condado de Kane solicitaram a ajuda da Othram, uma empresa texana reconhecida por sua atuação na resolução de casos frios em todo o país.
A equipe da Othram conseguiu construir um perfil de DNA da mulher, montando um árvore genealógica e localizando seus parentes ainda vivos. As autoridades então entraram em contato com Wayne Svilar, o tataraneto de Granger, que prontamente submeteu seu próprio DNA para testes, confirmando a ligação familiar. Durante a coletiva de imprensa, Svilar, ao descobrir que sua bisavó havia sido identificada, expressou seu choque e ceticismo inicial, afirmando: “Para ser sincero, não acreditamos em nada disso. Foram necessárias duas ou três chamadas telefônicas até eu começar a acreditar.”
Um desfecho inesperado e a reenterro de Granger
Svilar, um ex-sergente de polícia de Portland, Oregon, compartilhou que houve um misto de choque e sensação de fechamento entre os membros da família após a identificação de Esther. Embora tenha se aposentado há algum tempo, a experiência da identificação o fez se envolver novamente com investigações de casos frios, agora colaborando com o Escritório do Promotor Público do Condado de Multnomah.
Um dos mistérios mais intrigantes que permanece envolve como o crânio de Esther acabou a cerca de 80 quilômetros de seu local de sepultamento. Apesar de não haver uma resposta definitiva, os investigadores acreditam que ela pode ter sido vítima de roubo de túmulo. O legista Russell afirmou que “não há uma resposta absoluta para como Esther acabou naquela parede ou onde o resto de seu corpo está localizado, mas o fato de ser uma vítima de roubo de sepulcro é uma possibilidade plausível”. Há também a suspeita de que seus restos poderiam ter sido vendidos para serem utilizados como cadáver em estudos médicos.
Após a identificação, os restos de Esther Granger foram finalmente sepultados novamente no Cemitério West Batavia, proporcionando um pouco de paz a uma história que, por mais de um século, permaneceu envolta em mistério. A história de Esther não é apenas uma busca pela verdade; é um poderoso lembrete de como um acaso durante uma reforma pode reabrir capítulos esquecidos da história, dando voz àqueles que foram silenciados pelo tempo.