A arte contemporânea está sempre em evolução e frequentemente nos surpreende com suas inovações e provocações. Um exemplo emblemático é a famosa obra intitulada “Comedian”, do artista Maurizio Cattelan, que ficou marcada na história da arte moderna por apresentar uma banana presa com fita adesiva a uma parede. Em 2019, essa provocativa criação fez barulho ao ser vendida por impressionantes US$ 120.000, levantando acalorados debates sobre a verdadeira essência da arte e seu valor intrínseco. Agora, cinco anos depois, a obra retorna ao mercado de leilão, desta vez com a estimativa de alcançar entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão, gerando mais uma vez expectativas e discussões no cenário artístico.

O leilão será realizado pela renomada casa de leilões Sotheby’s, que anunciou que uma das três edições disponíveis da obra “Comedian” estará à venda em 20 de novembro, na sede da Sotheby’s em Nova Iorque. O comprador levará para casa não apenas a banana envolta em fita adesiva, mas também um certificado de autenticidade e um conjunto de instruções para a instalação da obra. É importante ressaltar que tanto a banana quanto a fita, felizmente, não são as originais, e sim substitutos, conforme a filosofia por trás da obra de Cattelan. Um porta-voz da Sotheby’s confirmou que a instalação pode ser recriada com novos materiais, mantendo a essência conceptual da obra.

A exibição inicial da instalação em dezembro de 2019 na Art Basel Miami Beach deixou o público em polvorosa. A obra foi criada usando uma banana comprada em um supermercado local de Miami, e o artista já havia indicado que ela poderia ser substituída a qualquer momento. As opiniões sobre “Comedian” eram diversas: enquanto alguns críticos a defendiam como uma obra que se insere na longa tradição da arte conceitual, que remonta à famosa urinol de Marcel Duchamp, outros a viam como um debate vazio. O resultado? Montanhas de pessoas se formando em torno da instalação, ansiosas para testemunhar, e talvez devorar, a ousada peça de arte.

Um momento inesperado ocorreu quando o artista performático David Datuna se destacou na cena, arrancando a banana da parede, descascando-a e devorando-a diante de uma plateia atônita. Datuna justificou seu ato como uma performance artística, distinta de um ato de vandalismo, para o espanto e deleite dos espectadores. A instalação foi removida posteriormente devido a preocupações com a segurança pública, mas as três edições de “Comedian” já haviam encontrado seus novos lares: duas foram adquiridas por colecionadores privados por US$ 120.000, enquanto a terceira foi vendida por um valor não revelado e doada ao Museu Guggenheim, em Nova Iorque.

À medida que nos aproximamos da nova venda, o interesse em torno daquela banana presenciada em um ambiente de arte só aumenta. A Sotheby’s optou por não divulgar a identidade do vendedor, mas mencionou que o proprietário atual adquiriu a obra de um dos compradores originais. Em entrevistas passadas, Maurizio Cattelan descreveu “Comedian” como uma crítica à maneira como valorizamos a arte. Em 2021, ele declarou que a obra não era apenas uma piada, mas uma reflexão sobre nossas percepções de valor e apreciação.

A Sotheby’s mantém uma visão otimista sobre o desfecho do leilão, com seu chefe de arte contemporânea para as Américas, David Galperin, mencionando a criação como uma “obra defiante de puro gênio”. Segundo ele, “Comedian” não apenas desafia a compreensão do valor da arte, mas, ao ser leiloada, oferece ao público a oportunidade definitiva de participar do processo de valorização da peça. O trabalho foi recentemente exposto no Museu Leeum de Arte, em Seul, na Coreia do Sul, e também teve sua banana removida e devorada por um estudante que, segundo ele, estava apenas com fome, o que levou à colocação de uma nova banana na parede como substituto.

Antes do leilão, “Comedian” será exibida na sede da Sotheby’s em Nova Iorque, a partir do dia 20 de novembro, seguindo em uma turnê mundial que passará por importantes cidades como Londres, Paris, Milão, Hong Kong, Dubai, Taipei, Tóquio e Los Angeles. Este retorno a cena é mais uma prova de que, no mundo da arte contemporânea, até uma simples banana pode não apenas entreter, mas também fazer o público repensar as ideias de valor e apreciação na sociedade de consumo moderna.

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