Recentemente, um incidente envolvendo um grupo de irmãs beneditinas em Erie, na Pensilvânia, ganhou destaque e gerou controvérsias em meio ao aquecido cenário eleitoral do estado. O novo capítulo de desinformação no ambiente político começou com uma postagem nas redes sociais de um ativista republicano, que sugeriu que 53 eleitores estavam registrados em um endereço que, supostamente, não abrigava um único morador. Na verdade, o endereço em questão é o de um convento católico, onde essas irmãs residentes, envolvidas em atividades comunitárias e sociais, vivem e trabalham há décadas. Enquanto fazem parte integral da comunidade de Erie, as religiosas foram alvo de acusações infundadas que geraram discussões, protestos e uma luta por sua reputação.
Segundo Cliff Maloney, fundador do grupo The Pennsylvania Chase, o convento seria um exemplo de fraude eleitoral, alegando que não havia eleitores ali. No entanto, a verdade é que as 53 religiosas da Ordem das Irmãs Beneditinas de Erie, que contribuíram com seu trabalho incansável em diversas áreas, incluindo educação e assistência social, são, de fato, registradas para votar no local. A revelação de que as nuns estão ativamente envolvidas na comunidade, com suas rotinas repletas de atividades diárias, da gestão de ministérios sociais a missões de paz, contrasta diretamente com as alegações falsas feitas por Maloney.
A sua afirmação de que “não existe” morador no convento foi prontamente desmentida por Sister Annette Marshall, que mencionou em uma entrevista: “Nós estamos acostumadas a sermos acusadas de estarmos muito ativas em questões sociais. Mas ser acusadas de fraude é algo que nunca experimentei antes.” As irmãs, que vivem e operam no convento desde a década de 1850, desempenham um papel significativo em Erie, o que torna a acusação de Maloney não apenas infundada, mas também desrespeitosa para com seu comprometimento com a comunidade.
O convento, estabelecido inicialmente em 1856, e que se estabeleceu em sua atual sede em 1969 após um esforço de arrecadação que lembrava o famoso musical “Sister Act”, é um pilar de apoio e cuidado. A Prioresa Sister Stephanie Schmidt enfatiza: “Estas irmãs não merecem ser rebaixadas por informações errôneas de que somos uma farsa.” A desinformação, disseminada por figuras políticas com influência, resulta em uma corrente de incertezas e desconfiança em relação ao processo eleitoral.
Infelizmente, o comportamento de Maloney não é isolado. Seu envolvimento na promoção de narrativas de desconfiança em relação à votação por correio faz parte de uma estratégia mais ampla utilizada por conservadores que, após a eleição de 2020, têm questionado a legitimidade e a segurança das urnas pelo correio. As informações que sustentam essas alegações de fraude ainda são tão escassas quanto eram anteriormente, mas continuam a ser ampliadas nas redes sociais, criando um ambiente tóxico de desconfiança entre os eleitores.
Uma resposta proativa do Secretário de Estado da Pensilvânia, Al Schmidt, que expressou seu agradecimento às irmãs por resistirem à desinformação eleitoral, destaca a importância de promover uma comunicação clara e eficaz. Ele apontou o esforço contínuo por parte das autoridades locais para desmantelar narrativas enganosas e combater os rumores que se espalham rapidamente na internet.
À medida que se aproxima o dia da eleição, a atenção se volta para Erie County, um dos únicos condados verdadeiramente indecisos na Pensilvânia. Observadores apuntam que este será um teste crucial para a política eleitoral do estado, dado que as irmãs, mesmo representando uma organização sem fins lucrativos, incentivam cada uma de suas integrantes a exercerem seu direito de voto de maneira autônoma e consciente.
Com um clima eleitoral caracterizado por intensos esforços de campanha, tanto republicanos quanto democratas estão cientes de que suas ações e palavras têm repercussão significativa. Sister Schmidt, que lidera o convento, compartilhou: “É intenso.” Contudo, enfatizou que as irmãs permanecem apartidárias, promovendo a reflexão e cada uma votando de acordo com sua convicção pessoal, o que aventura o ideal democrático de diversidade de opiniões.
À medida que as eleições se aproximam, o apelo para que as informações reais prevaleçam é mais vital do que nunca. O que poderia ser facilmente ignorado como desinformação, se transforma em uma questão de integridade e respeito. As irmãs beneditinas, com sua vivência e interações comunitárias, pedem esclarecimentos e um pedido de desculpas a Maloney, propondo um diálogo mais frutífero e verdadeiro. De acordo com Sister Cook, a questão é clara: “As pessoas podem votar em quem quiserem, mas não mintam.”
Em um clima onde as alegações de fraude e a desinformação se proliferam, o caso das irmãs beneditinas nos lembra da importância de informações verificadas e da honestidade nas discussões sobre a integridade eleitoral. O mundo está de olho em Erie, assim como as irmãs, que esperam que seu exemplo de fé e integridade inspire outros a se levantarem contra a desinformação e a defender a verdade em tempos de incerteza.