O cenário de violência no méxico, especialmente no estado de guerrero, disparou mais uma vez, resultando em um dia sangrento marcado por confrontos entre forças de segurança e supostos integrantes de cartéis de drogas. Na última quinta-feira, múltiplos confrontos deixaram um saldo de pelo menos 16 mortos. No mesmo dia, um atentado com carro-bomba que teve como alvo uma delegacia de polícia na região ocidental do país feriu três agentes, aumentando a sensação de insegurança que permeia o cotidiano das comunidades afetadas pela criminalidade.
A primeira das confrontações ocorreu na localidade de tecpan de galeana, situada nas proximidades da costa do pacífico, onde duas pessoas foram mortas e quatro ficaram feridas durante um embate. Logo em seguida, as forças de segurança se confrontaram com um grupo criminoso que havia atacado uma base militar na região, resultando na morte de 14 supostos membros do crime organizado, conforme relatou a secretaria de defesa nacional do méxico (sedena). Este episódio é apenas uma amostra do clima de confronto que se estabeleceu em guerrero, um dos estados mais pobres do país, que enfrenta uma trajetória histórica de violência desencadeada por guerras territoriais entre cartéis que buscam o controle da produção e tráfico de drogas.
Histórias de horror marcaram a trajetória recente do estado, que registrou 1.890 homicídios apenas no ano passado. A conhecida cidade litorânea de acapulco, que já foi um destino de glamour, agora convive com a realidade de crimes cada vez mais frequentes e brutais. A situação se agravou ainda mais com o assassinato do novo prefeito da capital, que foi decapitado menos de uma semana após assumir o cargo, o que gerou indignação em todo o país e clamor por proteção efetiva para aqueles que ainda têm a coragem de assumir posições de liderança em meio ao caos.
Enquanto isso, mais ao norte, no estado de guanajuato, uma explosão de um carro-bomba em frente a uma delegacia resultou na ferimento de três policiais. O ataque, que aconteceu em jerecuaro, danificou não apenas a delegacia, mas também várias residências ao redor. Um segundo carro-bomba explodiu nas proximidades, embora não tenha deixado feridos, a força da explosão foi suficiente para causar danos significativos na infraestrutura local. Assim, os eventos simultâneos em comunidades diferentes sugerem a complexidade do conflito de cartéis que tem predominado na região, com a luta pelo domínio da área se intensificando à medida que rivais, como o grupo santa rosa de lima e o cartel de nueva geração jalisco, se enfrentam em um combate constante.
Guanajuato, que tem sido considerada a região mais violenta do méxico, não se vê livre de tragédias. Menos de um mês atrás, os corpos de 12 policiais assassinados foram encontrados em diferentes partes de salamanca, um retrato sombrio da persistência das guerras de cartéis. Em resposta aos eventos recentes, a governadora do estado, libia garcia, reafirmou o compromisso do governo em pacificar a região e anunciou operações aéreas e terrestres para respaldar as forças de polícia municipal. O governo do méxico, em um esforço contínuo para combater as raízes do crime, já conta mais de 450 mil mortes relacionadas ao tráfico de drogas desde que, em 2006, o exército foi mobilizado para o combate aos cartéis.
Por outro lado, a nova presidente do méxico, claudia sheinbaum, que assumiu o cargo em 1 de outubro, mostrou-se comprometida a dar continuidade à estratégia de segurança que preconiza abordar o crime através de políticas sociais, ao invés de uma abordagem militar. Com a frase “a guerra às drogas não retornará”, sheinbaum sinaliza um novo caminho que busca solucionar as raízes do problema sem mais escalada na violência, embora os desafios permaneçam enormes.
Em um cenário de crescente violência, o cartel de sinaloa, que já foi um bastião de poder, também experimentou uma onda de conflitos após a prisão do seu líder, ismael “el mayo” zambada, nos estados unidos. Zambada, que recentemente se declarou inocente em várias acusações de tráfico de drogas, se vê no meio de uma intensa disputa pelo controle territorial, o que culminou na morte de 19 supostos membros do cartel que atacaram as forças militares, refletindo o clima de incerteza e violência que se estabeleceu no país.
A complexidade do ambiente de segurança no méxico, marcada por uma intersecção de interesses e uma luta constante pelo poder, levanta questões cruciais sobre o futuro do país. À medida que os cartéis de drogas continuam a travar suas guerras territoriais, a luta pela paz nas comunidades afetadas se torna cada vez mais desafiadora. A sociedade civil, a polícia e as forças armadas continuarão a enfrentar um teste monumental à medida que buscam restaurar a ordem em uma nação que se vê envolvida em um ciclo vicioso de violência e medo.