O cenário da saúde está cada vez mais saturado de burocracia, o que gera frustração entre os profissionais médicos e administrativos que enfrentam montanhas de papelada diariamente. Diante deste desafio, emergiu um crescente número de startups, aproveitando as oportunidades que a inteligência artificial generativa oferece para aliviar esses processos burocráticos. Muitas dessas empresas estão desenvolvendo soluções, como escriturários médicos virtuais e plataformas que facilitam a pré-autorização de pagamentos de seguros de saúde. Entre as inovações, destaca-se a Pharos, uma empresa que fez parte da coorte de verão de 2024 da Y Combinator, e que se propõe a aplicar a inteligência artificial em uma função administrativa crítica que, até então, passava despercebida: a qualidade da reportagem para os registros clínicos externos.
Desafios na Reportagem de Dados de Qualidade e a Necessidade de Inovação
Organizações como os Centros de Serviços Medicare e Medicaid (CMS) e o Colégio Americano de Cirurgiões têm um objetivo claro: medir a eficácia e a segurança do atendimento oferecido por diferentes centros de saúde. Embora a reportagem para esses registros não seja sempre obrigatória, frequentemente é do interesse dos hospitais participar. Isso ocorre porque essas instituições externas desempenham um papel crucial na identificação de problemas de qualidade, como um aumento nas infecções pós-cirúrgicas, que podem ser abordados para aprimorar o atendimento ao paciente. Entretanto, o processo de reporte é extremamente trabalhoso. Enfermeiros e outros profissionais precisam, manualmente, percorrer os registros eletrônicos de saúde de cada paciente para extrair os dados precisos exigidos por cada registro.
Ryan Isono, parceiro da Felicis, enfatiza o quão exigente pode ser esse trabalho: “Um único caso pode levar até oito horas para ser reportado. É um grande problema, mas um que você só conhece se estiver imerso na indústria”. O desafio se torna ainda mais evidente na medida em que os hospitais buscam melhorar a qualidade do atendimento sem esgotar suas equipes de trabalho.
A Solução Inteligente da Pharos Para Simplificar Processos
A Pharos foi cofundada por Felix Brann e Matthew Jones, que tiveram contato direto com as dificuldades de reportar dados a registros médicos durante seu tempo na Vital, uma startup que desenvolve software para salas de emergência. Compreendendo que a inteligência artificial poderia assumir a tarefa de extrair dados não estruturados de registros eletrônicos de saúde, os co-fundadores começaram a estruturar uma solução inovadora. No início deste ano, durante a passagem pela Y Combinator, a equipe se expandiu com a adição de Alex Clarke, um médico que possui um doutorado em inteligência artificial pela Imperial College London. Juntos, eles formaram uma tríade focada em transformar a forma como os dados de qualidade são reportados.
Recentemente, a Pharos anunciou que levantou 5 milhões de dólares em sua rodada de seed, liderada pela Felicis, com a participação de General Catalyst, Moxxie e Y Combinator. O foco no potencial da empresa foi destacado por Isono, que notou que a Pharos não apenas poderia economizar dinheiro para os hospitais, permitindo que as enfermeiras se dedicassem mais ao cuidado dos pacientes, mas também porque esse nicho ainda não havia sido explorado por outras startups.
Expectativas Futuras e Expansão da Equipe da Pharos
A visão de Brann é otimista, prevendo que outras startups voltadas para a qualidade de reportes devem surgir em breve. “Temos cinco anos de experiência vendendo e implementando soluções em hospitais, e contamos com talento de alto nível em inteligência artificial”, afirmou ele, sublinhando que essa interseção de habilidades raramente é encontrada. É isso que faz com que Brann acredite que sua empresa está posicionada para ser bem-sucedida nesse espaço.
No momento, a equipe da Pharos consiste apenas nos três cofundadores, mas os recursos obtidos no investimento serão direcionados para a contratação de um time robusto que ajudará a vender o produto e a manter relacionamentos com os hospitais. Essa estratégia não só vai apoiar a expansão da Pharos, mas também promete desafiar o status quo em um setor que, por muito tempo, tem lidado com processos administrativos consomptivos, permitindo, assim, um foco maior naquilo que realmente importa: o cuidado com os pacientes.
Assim, a Pharos se destaca como um exemplo claro de como a inovação tecnológica pode, de fato, impactar positivamente a eficiência das operações hospitalares, desatando nós burocráticos que, historicamente, têm emperrado o avanço da qualidade médica. Através do uso inteligente da inteligência artificial, expectativas são criadas não apenas para o futuro da Pharos, mas para um setor inteiramente reimaginado, onde a atenção aos pacientes pode se tornar a prioridade real dentro das instituições de saúde.