A recente estratégia de marketing do ex-presidente Donald Trump foi marcada por anúncios de televisão que, ao invés de apresentar informações transparentes, apostaram em edições enganosas e citações distorcidas. Essa abordagem desleal não apenas levanta questões éticas, mas também apresenta ao público uma versão da realidade que carece de contexto e precisão. A análise dos anúncios revela um padrão preocupante de desinformação, particularmente envolvendo comentários sobre a atual vice-presidente, Kamala Harris, e política tributária, assim como outros temas controversos, como imigração e fracking.
O Jogo de Palavras nos Anúncios Registra Omissões e Manipulações
Uma das táticas mais evidentes nos anúncios de Trump é a omissão de palavras-chave que alteram completamente o sentido das citações. Em um exemplo, um dos anúncios mostra uma declaração de Harris dizendo “Taxes are gonna have to go up”, mas omite as partes iniciais e finais de sua frase que contextualizam sua afirmação. O que Harris realmente disse em 2019 foi que “os impostos sobre heranças terão que aumentar para os mais ricos”. A distorção de sua fala transforma uma medida específica em uma generalização que pode induzir o eleitor a erroneamente acreditar que todos os impostos serão elevados.
Outro exemplo se refere a um trecho de uma matéria do The New York Times, que nos anúncios tornou-se “Harris está buscando aumentar significativamente os impostos.” Contudo, a informação correta era que “Harris está buscando aumentar significativamente os impostos sobre os americanos mais ricos e grandes corporações”. Essa edição enganosa é apenas a ponta do iceberg, uma vez que pelo menos outros dois anúncios de Trump utilizam táticas semelhantes enquanto falam sobre a questão tributária.
A Degradação da Imprensa e a Criação de Narrativas Falsas
Uma das estratégias mais flagrantes é confundir as falas da campanha de Trump com as informações de veículos de notícias. Em um dos anúncios que atacam a postura de Harris em relação ao fracking, a campanha usa o logotipo da agência Reuters ao lado de uma frase que inclui “KAMALA’S SCHEME: ‘KILL JOBS'”, fazendo parecer que a Reuters está corroborando essa afirmação. No entanto, a reportagem da Reuters originalmente apenas citava as alegações da campanha de Trump, o que confere ao anúncio uma credibilidade indevida.
Além disso, quando a campanha usa uma frase como “KAMALA’S SCHEME: ‘RAISE GAS PRICES'”, a referência se dá a uma matéria da E&E News, que igualmente censurou a administração de Biden, argumentando que a proibição do fracking resultaria em aumento de preços. Esses exemplos mostram que, ao manipular citações, a campanha de Trump busca criar um cenário alarmante desprovido de um embasamento factual.
Um Alerta Sobre a Utilização de Fontes Irrelevantes
Outra tática utilizada pelos anúncios é a criação de ligações falsas entre as declarações e as fontes utilizadas. Um exemplo notável é a utilização de uma citação atribuída a um artigo de 2018 da NBC News que dizia “welfare for illegals”. Isso, no entanto, foi extraído de um contexto totalmente diferente do que o sugerido pelo anúncio, que tenta responsabilizar Biden e Harris por um problema que, de fato, foi discutido em um contexto bem mais amplo e que não menciona a atual administração.
Conclusão: A Importância da Informação Confiável em Tempos de Eleição
A desinformação e a manipulação de fatos são práticas preocupantes em qualquer democracia, e a atual campanha de Trump exemplifica essa tendência prejudicial. Os anúncios, que deveriam informar o eleitor sobre as políticas e posicionamentos dos candidatos, acabam por distorcer a verdade em prol de uma narrativa que busca desestabilizar a adversária. Diante disso, é fundamental que o eleitor se mantenha alerta e busque informações de fontes confiáveis e transparentes, especialmente em um momento em que decisões cruciais estão sendo tomadas e o futuro político do país está em jogo. A capacidade de diferenciar fatos de manipulações se torna cada vez mais essencial em um cenário político repleto de desinformação.