Na última sexta-feira, o mundo da música perdeu uma de suas figuras mais emblemáticas com a morte de Phil Lesh, cofundador e baixista da lendária banda Grateful Dead, aos 84 anos. O anúncio da sua morte foi feito através das redes sociais da família, onde foi declarado que “Phil Lesh, baixista e membro fundador do Grateful Dead, faleceu pacificamente esta manhã, cercado por sua família e repleto de amor. Phil trouxe uma alegria imensa a todos ao seu redor e deixa um legado de música e amor. Pedimos que respeitem a privacidade da família Lesh neste momento.” Embora a causa do falecimento não tenha sido divulgada, a notícia deixou muitos fãs e admiradores devastados.
Phil Lesh nasceu em 1940 em Berkeley, Califórnia, e desde jovem era apaixonado pela música, especialmente pela música avant-garde e jazz. Após uma breve passagem por diversas escolas de música, em 1962 teve um encontro marcante com o banjoísta de bluegrass Jerry Garcia. Este encontro culminou na sua entrada na banda The Warlocks como baixista, apesar de nunca ter tocado o instrumento anteriormente. Esta formação inicial contava ainda com Bob Weir, Bill Kreutzmann e Ron “Pigpen” McKernan. A banda mudaria seu nome para Grateful Dead em 1965, após Garcia descobrir a expressão em um dicionário, e dali para frente a história da banda se tornaria sinônimo de inovação e conexão musical.
O estilo de tocar de Lesh foi amplamente influenciado por sua formação musical diversificada, que incluía jazz e música clássica. Com isso, ele trouxe ao Grateful Dead um som único e melódico, que se destacava no cenário do rock da época. O que antes poderia parecer um instrumento básico, o baixo, ganhou nova vida sob a interpretação de Lesh. Ao final dos anos 1960, a banda se tornou uma das principais representantes do movimento psicodélico em São Francisco, notável por suas longas e envolventes jams ao vivo, além de sua forte ligação com a cultura hippie e o uso de substâncias psicotrópicas.
“Descobrimos que, sob o efeito de substâncias, conseguíamos ir muito longe musicalmente, mas sempre voltávamos a um espaço ou estrutura musical reconhecível”, escreveu Lesh em sua autobiografia de 2006, ‘Searching For the Sound’. Esta combinação de música e experiências transcendentais formou a base do que viria a ser o som do Grateful Dead, além de atrair uma legião de fãs devotados, conhecidos como “Deadheads”, que apoiaram a banda ao longo das décadas.
Embora Lesh não tenha sido um dos principais vocalistas ou compositores do Grateful Dead, a sua voz tenor frequentemente contribuía para as harmonias da banda. Ele também compôs algumas canções que se tornaram clássicas, sendo “Box of Rain”, do álbum ‘American Beauty’ de 1970, uma das mais queridas. Essa música, escrita em homenagem a seu pai, foi uma das últimas canções tocadas durante o último show do grupo com Garcia em 1995. Os álbuns da banda, como ‘Workingman’s Dead’ e ‘American Beauty’, alcançaram sucessos significativos nas paradas, embora sua presença no Billboard Hot 100 tenha sido menos regular, com “Truckin’” alcançando apenas a 64ª posição em 1971.
O falecimento de Garcia em 1995 marcou um ponto de virada para Lesh e o grupo. Após o desmembramento do Grateful Dead, Phil se uniu a projetos como The Other Ones e criou Phil Lesh and Friends, que reinterpretava clássicos da banda, além de participar de novo projetos musicais como Furthur, uma nova banda de jam cofundada com Bob Weir. Mesmo com uma carreira ativa, incluindo shows comemorativos do 50º aniversário do Grateful Dead, Lesh se afastou da composição de novas músicas, preferindo o dinamismo das apresentações ao vivo.
Com seu estilo inovador de tocar e sua habilidade de compor, Lesh foi reconhecido como um dos grandes baixistas de todos os tempos, recebendo em 2017 a honraria de um dos 57 melhores baixistas pela Bass Player magazine. O reconhecimento de que Lesh era mais que um mero baixista, mas sim um compositor improvisador, destacou seu papel crucial na transformação do Grateful Dead em uma das principais forças artísticas do rock.
Para celebrar seu legado, o Grateful Dead será homenageado como os ‘Pessoas do Ano’ do MusiCares de 2025, com um gala que acontecerá em Los Angeles, poucos dias antes do Grammy Awards. Essa cerimônia de homenagem reitera a importância duradoura de Lesh e da banda na história da música e na cultura popular, unindo fãs de várias gerações e provando que a sua música ainda ressoa em nossos dias.
A vida e obra de Phil Lesh deixarão uma marca indelével na história do rock e, embora sua ausência seja sentida, seu legado viverá para sempre nas melodias, nas performances ao vivo e nas memórias coletivas dos fãs que o acompanharam ao longo de sua carreira. É difícil não se emocionar ao pensar na alegria e inspiração que ele proporcionou a tantas pessoas. Agora, enquanto refletimos sobre sua vida, somos lembrados de que a música é, de fato, uma das formas mais puras de amor e conexão humana.