Na noite de quinta-feira, Sacha Baron Cohen fez uma aparição memorável no programa The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, trazendo de volta dois de seus personagens mais icônicos: Borat e Ali G. O contexto dessa apresentação se dá em um clima político fervoroso, com a corrida presidencial para 2024 ganhando cada vez mais destaque na mídia. Baron Cohen, conhecido por seu humor ácido e suas críticas sociais mordazes, não deixou de utilizar essa plataforma para abordar temas pertinentes ao atual cenário político dos Estados Unidos. De um jeito inconfundível, ele não apenas entreteve o público, mas também levantou questões provocativas sobre os candidatos e as dinâmicas eleitorais.
Em sua interação inicial, Cohen apareceu como o personagem Ali G, um rapper fictício que utiliza o humor para criticar a realidade que o cerca. Neste contexto, ele teceu comentários sobre o ex-presidente Donald Trump, destacando os supostos crimes de que o candidato é acusado. “Yo, Mr. Trump, você está sendo condenado por 32 crimes; você roubou documentos classificados; teve relações com diversas estrelas pornô e nunca pagou impostos. Respeito! Você é meu herói!”, disse Cohen como Ali G, estabelecendo o tom satírico de sua apresentação. O apresentador, Jimmy Fallon, aproveitou a deixa para sugerir que Borat poderia participar de uma entrevista com Trump e a vice-presidente Kamala Harris.
Com um toque de expectativa na voz, Fallon entregou a Cohen a icônica jaqueta cinza e o bigode do personagem Borat, o que deu início a uma série de sátiras que exploraram a candidatura de 2024 sob uma nova luz. Ao encarnar Borat, Cohen não perdeu a oportunidade de fazer referências às polêmicas declarações de Trump sobre imigrantes haitianos, que supostamente estariam comendo cães e gatos em Ohio. “Mr. Trump, você diz que as pessoas em Ohio comem gatos e cachorros. Em qual restaurante eles servem isso? Você pode me conseguir uma reserva, por favor? No meu país temos KFC: Kazakh Fried Cat. É uma delícia!”, brincou Cohen, ao mesmo tempo em que criticava a desconexão entre as declarações de Trump e a realidade.
O segmento não fez apenas farra com o candidato republicano; Cohen também dirigiu suas piadas à democrata Kamala Harris, aconselhando-a de forma humorística a não visitar o Cazaquistão, insinuando que sua identidade como mulher, pessoa de cor e casada com um judeu a tornaria alvo de possíveis complicações. “Você já cometeu três dos quatro crimes que podem ser punidos com a morte. Por favor, me diga que você não teve relações com um urso menor de idade”, declarou ele em tom cômico, antes de voltar suas atenções novamente para Trump. O humor de Baron Cohen é frequentemente ousado e, neste caso, ele rapidamente se entrelaçou em referências que mencionavam os escândalos de Trump, incluindo o famoso episódio do pagamento de dinheiro para silenciar supostas revelações.
Seja fazendo piadas sobre “segredos nucleares” ou a famosa visita de Trump a um concurso de ursos, a capacidade de Cohen de entrelaçar crítica social com humor bizarro foi notável. A risada estava presente, mas a crítica também foi latente em cada uma de suas falas. Ao afirmar que “agradece” a Trump por seus “segredos nucleares”, Baron Cohen partiu para uma sátira que evoca as alegações de corrupção e falta de ética que marcaram a presidência de Trump.
Com essa apresentação, Sacha Baron Cohen não apenas reafirmou seu papel como um dos comediantes mais provocativos da atualidade, mas também fez um importante comentário sobre a percepção pública em relação aos líderes políticos e a política de entretenimento. Ao revisitar suas criações mais amadas, ele estimulou um diálogo acerca dos valores éticos em jogo na corrida eleitoral de 2024 e o impacto do riso no contexto político. O sentimento que prevalece após a exibição desse segmento é a clara mensagem de que, por trás do humor, existem verdades que muitos preferem ignorar, mas que não podem ser totalmente silenciadas.
Essa performance no Tonight Show serviu não apenas para entreter, mas também para instigar reflexão em uma sociedade cada vez mais polarizada. A influência da comédia na política é inegável, e Baron Cohen demonstra, mais uma vez, que o riso pode, sim, ser uma ferramenta poderosa de crítica e mudança.