O Secret Service dos Estados Unidos, responsável pela proteção de alto escalão, passa por profundas transformações em resposta às tentativas de assassinato do ex-presidente Donald Trump ocorridas no último verão. As medidas implementadas estão sendo pensadas para corrigir falhas de segurança que permaneceram evidentes durante os incidents e para aumentar a eficácia e a coordenação dentro da agência. O diretor interino Ron Rowe anunciou um plano abrangente que inclui mudanças de liderança e a criação de novas divisões, com o objetivo de fortalecer a operação geral do Secret Service, uma instituição que, até o momento, passou por uma instabilidade em sua estrutura de comando.
Rowe, que se vê em uma posição delicada à frente da agência, destacou em uma comunicação interna que seu foco principal é garantir que a equipe que opera no campo tenha os recursos necessários para realizar suas funções com eficácia. Ele expressou em uma entrevista que sua preocupação maior não é sobre seu futuro na agência, mas sim sobre o bem-estar de seus colegas e sobre as estratégias necessárias para assegurar uma proteção eficiente. A construção de um “paradigma inovador” dentro do Secret Service foi um dos pontos centrais de sua mensagem, enfatizando a importância de alinhar programas com a missão da agência e garantir que eles sejam efetivamente utilizados em operações de campo.
Entre as iniciativas propostas, Rowe mencionou a designação de novos diretores assistentes e vice-diretores assistentes, que vêm para preencher lacunas deixadas por altos líderes que se aposentaram recentemente. De acordo com a comunicação, duas novas posições de alto nível foram criadas com o intuito de facilitar as tomadas de decisão e agilizar as operações em casos de emergência. A necessidade de tais mudanças se tornou evidente principalmente após o incidente em Butler, na Pensilvânia, onde um drone foi utilizado por um atirador sem que a agência tivesse notado a sua presença. O relatorio do congresso apontou que falta de treinamento em sistemas de contra-drone e falhas de comunicação resultaram na incapacidade de intervir antes que o ataque ocorresse.
Uma das novidades é a criação da Divisão de Aviação e Aeroespacial, que ficará responsável por desenvolver estratégias para enfrentar ameaças de drones. Rowe afirmou que, se o sistema de contra-drone estivesse funcionando adequadamente, a presença do drone teria sido detectada com antecedência, possivelmente evitando a tentativa de assassinato. Além disso, o diretor interino anunciou a criação da Divisão de Comunicações Operacionais e Integração, que tem como função gerenciar a comunicação dentro da agência, um reflexo das falhas de comunicação que se manifestaram durante o ataque em Butler. A detecção de comportamentos suspeitos e a coordenação com a polícia local são pontos que a agência agora busca melhorar, após várias chamadas de alerta terem sido inexplicavelmente ignoradas no dia do crime.
Rowe enfatizou que a proteção do ex-presidente Trump agora conta com todos os recursos disponíveis que um presidente em exercício tem direito, mas que a segurança deve ser uma prioridade constante para qualquer figura pública sob a proteção do Secret Service. A realidade é que a pressão sobre a equipe aumentou, especialmente em um período sensível como durante as eleições, e o diretor interino também lançou a ideia de um novo Escritório de Bem-Estar do Empregado, reconhecendo o estresse crônico enfrentado pelos agentes e suas famílias na linha de frente do serviço. Rowe afirmou que além de apoiar os agentes, medidas de suporte devem se estender a suas famílias, uma área que muitas vezes é esquecida em discussão de segurança pública.
Entre as reformas, foi destacada a necessidade de criar um Escritório de Recrutamento e Contratação, encarregado de acelerar e melhorar o processo de seleção de novos membros da equipe, refletindo uma hesitação contínua da agência sobre como atrair novos talentos. O impacto das tentativas de assassinato e o subsequente relatório crítico sobre a liderança do Secret Service resultaram em recomendações de um painel independente, que sugeriu a reestruturação total da liderança da agência. Segundo o painel, o Secret Service deve também considerar renunciar a algumas de suas funções que não estão diretamente relacionadas com a segurança, algo que Rowe desconsidere como uma visão limitada, defendendo que as investigações financeiras que a agência realiza são cruciais para construir bons laços com as forças de segurança locais.
Rowe concluiu que a capacidade de investigar e treinar as autoridades locais em questões como cibercrimes e lavagem de dinheiro fornece uma vantagem única que não pode ser replicada facilmente em outras agências. Com essas mudanças em andamento, o Secret Service aparenta estar se preparando para enfrentar novos desafios e aprender com os erros do passado, e a jornada pela segurança de figuras públicas é uma estrada que, embora repleta de obstáculos, busca cada vez mais a excelência através da inovação e da adaptação.