a recente sugestão do presidente da House Freedom Caucus, um grupo conservador dentro da câmara dos representantes dos estados unidos, gerou um intenso debate e controvérsia. a discussão gira em torno da possibilidade de legisladores da carolina do norte designarem os votos eleitorais do estado para o ex-presidente donald trump antes mesmo que as cédulas sejam oficialmente contadas. essa proposta surge em meio a alegações de que a tempestuosa situação em algumas áreas do estado, particularmente no oeste, pode resultar na exclusão de eleitores, o que é considerado ilegal pela equipe eleitoral do estado e criticado por republicanos moderados.
durante uma apresentação promovida por um ativista pró-trump, um dos principais apoiadores do ex-presidente, foi levantada a ideia de que a legislatura controlada pelos republicanos da carolina do norte poderia alocar os votos eleitorais para trump devido a complicações decorrentes da passagem do furacão helene. reagindo a essa proposta polêmica, o congressista andy harris de maryland declarou que essa estratégia “faz muito sentido”, questionando, no entanto, como tal justificativa poderia ser usada em outros estados, ressaltando uma preocupação com a aparência de um mero jogo de poder. harris enfatizou que a baixa participação nas eleições poderia, de fato, impactar o resultado da eleição naquele estado.
o ativista ivan raiklin, responsável por colocar essa proposta em discussão, destacou que muitos cidadãos no oeste da carolina do norte poderiam ser impossibilitados de votar, sugerindo que a legislatura poderia intervir, conforme estipulado no artigo ii, seção i, cláusula ii da constituição, que estabelece que cada estado tem a prerrogativa de designar seus eleitores. ele argumentou que a situação extrema, causada pelo furacão, torna essa intervenção uma forma legítima de corrigir a situação eleitoral. raiklin mencionou a possibilidade de convocar uma sessão conjunta na assembleia legislativa para re-enfranquear até 25% dos eleitores do estado e assim alocar os 16 votos eleitorais para trump.
no entanto, as declarações de harris foram rapidamente apanhadas pela mídia e, embora ele tenha afirmado que a conversa teórica foi tirada de contexto, evitou desdenhar a ideia completamente. enquanto isso, a diretora executiva da comissão eleitoral da carolina do norte, karen brinson bell, rejeitou categoricamente a proposta argumentando que era uma violação das leis eleitorais do estado. em contraste, dados recentes indicam que a participação dos eleitores nas áreas afetadas pelo furacão aumentou em 0,5% em relação a 2020, conforme um porta-voz da comissão eleitoral local.
republicanos moderados também expressaram suas preocupações a respeito desse tipo de abordagem. o representante patrick mchenry criticou a ideia de julgar o resultado das eleições antecipadamente, chamando-a de “visão desinformada” da situação no estado. richard hudson, presidente do comitê nacional republicano do congresso e também da carolina do norte, destacou a importância de promover a participação eleitoral em vez de se envolver em discussões sobre alocação de votos eleitorais sem base na contagem real.
a vice-presidente kamala harris se manifestou sobre as declarações de harris, afirmando que a democracia americana necessita de líderes que valorizem a importância das eleições livres e justas. ela criticou a possibilidade de manipulação do processo eleitoral por conta de interesses políticos pessoais. a forte crítica também veio de membros do congresso, como o democrata joe morelle, que afirmou que pela primeira vez na história da carolina do norte, os eleitores poderiam ser privados de seu direito de escolher o presidente através de um plano considerado antiamericano.
raiklin enfatizou que seu objetivo era esclarecer o que considera as “ações mais perigosas do inimigo”, sugerindo que outras legislaturas estaduais poderiam muito bem seguir o mesmo caminho da carolina do norte, alocando os votos eleitorais a trump mesmo sem considerar os resultados das urnas. ele afirmou que a proposta garantiria “a reeleição do indicado republicano”. ele não é estranho a controvérsias, tendo seu nome surgido durante os procedimentos congressuais relacionados ao ataque ao capitólio em 6 de janeiro de 2021, após divulgar um memorando que sugeria que o então vice-presidente mike pence tinha a capacidade de bloquear a certificação dos resultados da eleição de 2020.
com o cenário político da carolina do norte se tornando cada vez mais tenso e polarizado, a proposta de alocação de votos eleitorais antes da contagem oficial levanta questões fundamentais sobre a integridade do processo eleitoral e os limites do poder legislativo. fica evidente que, à medida que as eleições se aproximam, os debates em torno do direito ao voto e as possíveis intervenções legislativas continuarão a ser uma área de conflito acirrado entre os partidos.