Uma relação inquebrável marcada por desafios e superações na saúde

Amaris e Dominique Elston sempre foram muito próximas. Desde a infância, as irmãs compartilham uma forte conexão, apoiando uma à outra nas mais diversas situações. No entanto, essa relação sólida foi testada quando Dominique foi diagnosticada com glomeruloesclerose segmentar focal, uma doença renal crônica que rapidamente levou a uma insuficiência renal. Com a saúde de sua irmã em risco, Amaris decidiu que faria o que fosse necessário para ajudá-la. Este desafio não apenas salvou a vida de Dominique, mas também transformou o futuro de ambas, inserindo-as no campo da medicina.

A mãe das irmãs, Denise Elston, recorda o momento em que recebeu a notícia devastadora sobre a condição de saúde de sua filha. Ao informar Amaris sobre a necessidade urgente de um transplante de rim, sua filha mais velha imediatamente se ofereceu como doadora. Embora estivesse em processo de seleção para escolas de medicina e soubesse que sua própria saúde poderia estar em risco, Amaris sentiu que sua obrigação como irmã mais velha era fazer o necessário. Contudo, foi somente quando Dominique estava em estado crítico, com apenas 5% de função renal, que Amaris decidiu realizar os testes para descobrir se era compatível como doadora.

A importância da compatibilidade na doação de órgãos e os desafios enfrentados por candidatos de grupos minoritários

Segundo dados do Dr. Kelly Birdwell, diretor médico de transplante renal no Vanderbilt University Medical Center, cerca de 140 mil pessoas estão na lista de espera para transplante de rim nos Estados Unidos. O tempo médio de espera é de aproximadamente cinco anos, sendo que pessoas de cor, especialmente afro-americanos, estão desproporcionalmente representadas nesta lista. Isso se deve, em parte, ao fato de que afro-americanos têm uma prevalência maior de tipos sanguíneos que possuem menos doadores compatíveis. Com esta realidade em mente, Amaris decidiu que a única forma de evitar que sua irmã enfrentasse anos de espera seria realizar a doação diretamente.

Em 2023, foram realizados 21.765 transplantes de rim no país, e mais de 6.294 desses órgãos foram de doadores vivos. O processo de doação envolve a realização de testes preliminares para garantir a compatibilidade entre doador e receptor, seguido de uma avaliação aprofundada que assegura que o doador está em boa saúde. Para Amaris e Dominique, o momento do transplante ocorreu após a conclusão do primeiro semestre de medicina de Amaris, um tempo que ambas consideraram necessário para que o procedimento fosse realizado de forma segura e eficiente.

A transformação nas vidas das irmãs após o transplante

No final de 2018, após os procedimentos cirúrgicos, uma nova fase se iniciou para as duas irmãs. Amaris foi submetida à cirurgia doadora primeiro, seguida por Dominique. O procedimento de doação durou cerca de duas horas, enquanto a cirurgia para Dominique durou cerca de três. Após a recuperação, Amaris não apenas se sentiu aliviada por ter contribuído para a recuperação da irmã, como também percebeu visivelmente a transformação na saúde de Dominique. Em menos de um dia após o transplante, Dominique já demonstrava sinais de uma recuperação notável.

Esse ato altruísta de Amaris não se limitou apenas à doação de um rim, mas também proporcionou a Dominique a oportunidade de seguir os passos de sua irmã em direção ao campo da medicina. Amaris formou-se na Heersink School of Medicine da Universidade da Alabama em Birmingham em 2022. Dois anos depois, Dominique graduou-se na Escola de Enfermagem da UAB, onde Amaris estava presente para celebrar a conquista da irmã. Dominique enaltece a experiência do transplante como uma motivação para escolher a carreira de enfermagem, afirmando que sentiu um chamado para a área.

Uma nova jornada na área da saúde e o fortalecimento dos laços familiares

Atualmente, as irmãs trabalham na área de neurologia: Amaris como residente em neurologia na Medical University of South Carolina e Dominique como enfermeira em uma unidade de terapia intensiva neurológica na UAB. Ambas são pioneiras na família ao ingressar na área médica, e apesar da distância de mais de 600 quilômetros que as separa, sua conexão permanece tão forte como sempre foi. Amaris expressa a alegria de ter alguém em sua vida que compreende completamente suas experiências, tanto as boas quanto as desafiadoras. O apoio mútuo que elas construíram ao longo de suas vidas se mostra fundamental, especialmente depois que enfrentaram juntos uma situação de saúde tão crítica.

Assim, a história das irmãs Elston não é apenas um exemplo inspirador de amor fraternal e solidariedade, mas também um testemunho da importância da doação de órgãos, da luta contra as desigualdades no acesso à saúde e das possibilidades que se abrem quando se age com coragem e compaixão. A trajetória de vida delas exemplifica como desafios inesperados podem se transformar em oportunidades de crescimento pessoal e profissional, mostrando que, mesmo em meio a dificuldades, é possível encontrar um caminho de esperança e realização.

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