A situação envolvendo o congressista republicano de nova york, Anthony D’Esposito, acendeu um sinal amarelo entre analistas e especialistas em finanças de campanha. De acordo com uma análise das declarações financeiras federal, a campanha de D’Esposito gastou quantias expressivas de dinheiro de doadores em refeições em steakhouses, bebida alcoólica, serviços de transporte por aplicativo e até mesmo em uma hospedagem no exterior. Com um olhar atento sobre suas despesas, várias irregularidades estão sendo levantadas, levando a especulações de que isso possa resultar em um inquérito ético.

Anthony D’Esposito, que já é considerado um dos incumbentes mais vulneráveis da Câmara, enfrenta novas questões sobre sua conduta ética, especialmente após uma reportagem do The New York Times que revelou que o congressista utilizou tanto sua amante quanto sua noiva de longa data para cargos em seu escritório distrital. Ele nega qualquer ato antiético, mas suas recentes despesas levantam suspeitas e parecem não estar alinhadas com os padrões exigidos de um responsável público. Entre 2022 e a mais recente declaração de outubro, os gastos da campanha com alimentação e bebidas chegaram a quase 102 mil dólares, incluindo cerca de 13,4 mil em steakhouses e aproximadamente 7,7 mil em bares. Além disso, cerca de 2 mil dólares foram destinados a lojas de bebidas.

O uso de verbas de campanha em restaurantes e outras despesas não divulgadas tem chamado a atenção, especialmente considerando que em duas ocasiões as transações foram apenas identificadas como “Steak”, sem mencionar especificamente o nome do restaurante ou fornecedor. Essa falta de clareza nos relatórios gera um clima de desconfiança e questionamentos sobre a transparência das operações de D’Esposito. À medida que os gastos com transporte por aplicativo somam mais de 43 mil dólares desde agosto de 2022, um dos encargos mais elevados foi em julho de 2024, totalizando pouco mais de 12 mil dólares. O porta-voz da campanha, Matt Capp, descreveu esse transcendente valor como “um erro de reporte”.

Uma das despesas mais inusitadas inclui quase 600 dólares para uma hospedagem em um albergue em edimburgo, na escócia, durante o feriado do Memorial Day deste ano. Curiosamente, fotos publicadas na conta de mídia social do congressista mostram que ele participou de um desfile em sua região no mesmo final de semana. Responsáveis pela campanha afirmaram que essa despesa foi para um funcionário que viajou ao exterior, tanto por motivos de trabalho quanto pessoais, mas a justificativa parece um tanto frágil e levanta ainda mais preocupações sobre as práticas de relato financeiro da campanha.

Ao justificar os gastos com alimentos e bebidas, Capp argumentou que esse montante era “totalmente apropriado”, considerando que a campanha arrecadou cerca de 4 milhões de dólares. Segundo ele, essas despesas são comumente associadas à arrecadação de fundos e à execução de campanhas políticas. No entanto, a falta de evidências claras que conectem tais gastos com eventos de arrecadação de fundos suscita a dúvida sobre a legitimidade das despesas. Fachada de responsabilidade e ética na política estão em jogo, e a postura de D’Esposito pode ter sérias implicações no futuro de sua carreira política.

Verificou-se que as campanhas podem utilizar recursos doados para custear refeições e viagens, desde que esses gastos possuam um propósito legítimo. Contudo, a linha entre o aceitável e o questionável nesta prática muitas vezes se torna tênue. Para Dan Weiner, diretor do Brennan Center’s Elections and Government Program, gastos elevados com refeições em restaurantes sem um evento claro ligado à arrecadação de fundos põem em xeque a integridade do fundo. “É impensável que um membro do congresso não apresente seus gastos de forma adequada. Colocar ‘Steak’ como pagador na declaração é, no mínimo, uma falta de responsabilidade”, declarou Weiner.

D’Esposito, que ganhou notoriedade como o primeiro congressista a exigir a renúncia de George Santos em meio a um escândalo, representa uma facção do partido republicano que busca se distanciar de controvérsias associadas a seus correligionários. O desafio contra a candidata democrata Laura Gillen promete ser acirrado, uma vez que as eleições anteriores foram decididas por uma diferença estreita de menos de 10 mil votos, e esses problemas financeiros poderão influenciar o resultado na realização das eleições.

O cargo da Comissão Eleitoral Federal (FEC), responsável pela supervisão das leis de finanças de campanha, exige que todos os candidatos publiquem suas principais fontes de arrecadação e despesas significativas, mas os mais recentes registros de D’Esposito revelaram aproximadamente 156 mil dólares em pagamentos de cartão de crédito não categorizados. As normas da FEC demandam que as campanhas especifiquem todas as despesas que superam 200 dólares, mas D’Esposito parece ter classificado uma quantidade indeterminada de transações como abaixo desse limite. Em uma análise mais profunda, ficou claro que a campanha não divulgou pagamentos a sua equipe tradicional, sujeitando-se ao uso de consultores externos para gerenciar suas operações políticas.

Um ponto notório foi o pagamento de 5,9 mil dólares para Robert Gies, seu chefe de gabinete, a título de “consultoria de campanha”. Além disso, um reembolso de 7,1 mil dólares também foi direcionado a Gies sem explicações detalhadas, o que resulta em mais um ponto de interrogação sobre a gestão dos fundos da campanha. Saurav Ghosh, diretor do Campaign Legal Center, comentou sobre a urgência de reformas nas proibições de uso pessoal, alegando que “candidatos federais e ocupantes de cargos frequentemente abusam de fundos de campanha para custear despesas de viagens e entretenimento sob o pretexto de arrecadação”. É uma realidade preocupante que pode escalar se não houver um controle mais rígido naquele sentido.

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