A magia nem sempre se resume a vassouras, caldeirões ou feitiços misteriosos. Em uma era onde bruxarias são vistas sob uma nova luz, Elwynn Green, praticante de bruxaria das mais modernas, revela como a magia se integra em sua vida cotidiana, empurrando barreiras entre o que é considerado normal e o que é rotulado como excêntrico. Juntamente com outros bruxos contemporâneos, ele mostra que a prática da bruxaria é muito mais do que o estereótipo comum. A vida mágica de Green começa com sua rotina matinal, que, à primeira vista, poderia parecer comum, mas que incorpora elementos de um mundo onde os espíritos e a natureza dialogam.
Na calma da manhã, juntos, Green e sua esposa acordam suas três filhas, preparam o café da manhã e as enviam para a escola. Após um momento de meditação, ele se dirige para uma caminhada ao longo da costa acidentada da Irlanda do Norte, onde o vento é mais do que um mero fenômeno meteorológico — é um interlocutor que traz reflexões e respostas. Para muitos, essa conexão com a natureza pode parecer um sinal de loucura, mas para esse bruxo, é a essência de sua prática mágica. Green é claro ao afirmar que a bruxaria não se trata apenas de encontrar respostas para as grandes questões da vida, mas de descobrir beleza e significado na confusão do cotidiano. Essa visão singular se distancia do que comumente se imagina sobre o ofício, com a ideia de que não há um jeito certo de ser um bruxo. Como ele mesmo diz, “saber é superestimado,” e, por isso, a conexão com o mundo ao redor é fundamental.
Adicionalmente, a bruxaria pode ser tanto uma herança familiar quanto uma descoberta pessoal. Green seguiu os passos de suas tias, que eram bruxas e o encorajaram a explorar sua própria magia. O respeito por seres espirituais e a compreensão de que tudo possui uma essência espiritual moldam suas práticas. Ao contrário dele, Andrea Samayoa, uma bruxa da Flórida, não nasceu em uma linhagem de bruxos, mas encontrou o caminho por meio de brincadeiras infantis com seus amigos, criando poções imaginárias com sobras de festas antes de descobrir a profundidade de sua prática. Com o passar do tempo, a busca por liberdade em sua espiritualidade a levou a um estilo de bruxaria mais eclético, rejeitando regras rígidas. Samayoa é um exemplo perfeito de como a bruxaria pode ser acessível a qualquer pessoa disposta a se abrir para a magia que já existe dentro de si.
A bruxaria está passando por um renascimento moderno, especialmente entre os jovens conectados nas redes sociais. O TikTok, por exemplo, tem se tornado uma plataforma vitrine para bruxos como Green e Samayoa, onde compartilham sua sabedoria e rituais com seguidores de diferentes níveis de experiência. Green realiza leituras com ossos e cartas de tarô, enquanto Samayoa apresenta rituais inesperados e envolventes que até mesmo desafiam a seriedade que muitos associam à prática. O crescimento de comunidades como “WitchTok” foi impulsionado por momentos de grande estresse e incerteza, como os da pandemia de Covid-19, e, mais uma vez, as pessoas buscaram nas tradições antigas um sentido de controle e propósito amidst as dificuldades.
A busca por poder não deve ser a única motivação de quem se volta à bruxaria. Como afirma Green, a verdadeira prática envolve um entendimento de que a natureza é caótica e imprevisível, e a magia se revela nas interações com ela. Para Green e Samayoa, a bruxaria não é sobre dominar ou controlar, mas uma forma de vivenciar o mundo de uma maneira mais profunda e pessoal. Cada um é convidado a explorar o seu poder interior sem a pressão de pertencimento a grupos ou a seguir fórmulas complexas, pois a verdadeira magia pode ser encontrada facilmente caso se mantenha a mente aberta e o coração disposto.
Na realidade, a construção de um caminho individual na prática da bruxaria pode levar a um autoconhecimento profundo. Os feitiços e rituais são ferramentas que podem ser utilizadas para alcançar um bem-estar pessoal e espiritual. Samayoa, por exemplo, enfatiza a importância do autocuidado e da cura interior, afirmando que a força da magia reside na própria capacidade de autoamor e compreensão. Assim, a jornada mágica se transforma em um processo de transformação contínua, onde a aceitação e o amor por todas as partes de si mesmo são fundamentais para se tornar um bruxo poderoso.
Portanto, este mundo tão amplo e multifacetado da bruxaria contemporânea nos apresenta a possibilidade de reconectar com tradições antigas e de entendê-las sob uma nova perspectiva. O importante é lembrar que cada um pode encontrar sua própria representação da magia, seja ela sutil ou expansiva. Com isso em mente, a bruxaria se torna uma prática acessível e transformadora para todos, convidando-nos a olhar para dentro e ao nosso redor, à procura de uma beleza que pode ser escondida no caos de nosso cotidiano.