A impressionante trajetória de Nima Rinji Sherpa, um montanhista nepalês de apenas 18 anos, ressoou mundialmente após ele se tornar a pessoa mais jovem a conquistar os 14 picos mais altos do planeta, todos acima de 8.000 metros. A façanha, concluída no último dia 9 de outubro, quando Nima alcançou o cume do Shishapangma, a 8.027 metros, é apenas um capítulo em sua curta, mas já extraordinária, carreira que busca não só a conquista pessoal, mas um legado que inspire outras gerações de montanhistas, especialmente aqueles do seu país natal, o Nepal.
o auge das conquistas e a busca por novos desafios
Recentemente, em uma videoconferência a partir de Katmandu, Nima revelou que, apesar do sucesso recente, está se preparando para um novo e audacioso projeto: escalar o Manaslu, a oitava montanha mais alta do mundo, no rigor do inverno e sem o uso de oxigênio suplementar. Essa abordagem, segundo o jovem, vai além do que qualquer montanhista já havia realizado antes e representa um verdadeiro teste de resistência humana. Ele ressaltou a importância do desafio: “Não há cordas fixas, não há oxigênio complementar, não há suporte para nós. É como a pura resistência humana.” E quem pode imaginar que ele ainda planeja “descansar um pouco” depois de tal feito? Em um tom leve, Nima disse que, após essa ação, terá algum tempo para relaxar.
A incrível jornada de Nima começou em setembro de 2022, quando ele escalou o Manaslu pela primeira vez. Desde então, ele tem deixado sua marca em algumas das montanhas mais icônicas e perigosas do mundo, incluindo o Everest, de 8.848 metros, e o K2, com 8.611 metros. Completou a sequência de 14 picos em um tempo recorde e em condições que desafiariam qualquer montanhista. Ele escalou o Everest e o Lhotse no mesmo dia, com apenas 10 horas de intervalo entre um e outro, um feito que demonstra não apenas habilidade técnica, mas uma força mental e física sobre-humana.
orgulho e legado familiar nas montanhas
A motivação de Nima para escalar tão alto vem de suas raízes familiares. Com um pai que já escalou o Everest nove vezes e se destacou como o mais jovem a completar a montanha sem oxigênio, e um tio que foi o primeiro sul-asiático a conquistar todos os 14 picos, a pressão é grande, mas a inspiração também é abundante. “Meus tios e meu pai são muito mais bem-sucedidos do que eu jamais serei”, ele comentou, refletindo sobre as lutas que sua família enfrentou e a oportunidade que ele tem em virtude do seu legado. A tatuagem de um cume em seu braço serve como lembrança constante de sua gratidão e de suas origens humildes.
Apesar de sua incrível trajetória, Nima compartilha que não teve o mesmo suporte financeiro e reconhecimento que muitos de seus colegas ocidentais, enfatizando que a maioria das expedições a montanhas elevadas depende do esforço dos Sherpas, que muitas vezes não recebem a atenção merecida. O jovem montanhista expressou seu desejo de ser uma voz ativa para outros Sherpas, sonhando em ser uma referência e, assim, mudar a visão que se tem sobre os montanhistas nepalenses. “Espero que eu possa ser a face de uma grande marca. Assim, a nova geração de Sherpas não verá isso como um trabalho arriscado, mas como um feito atlético”, afirmou Nima.
enfrentando os desafios da alta montanha
Nima não é estranho ao perigo. Ele descreve as experiências acima de 8.000 metros, conhecidos como a “zona da morte”, como um teste extremo de resistência e manejo de adversidades. Ao enfrentar baixas temperaturas e ventos fortes, ele reconhece que a força física é apenas uma parte da equação; a força mental, segundo ele, é que realmente determina quem sobrevive e quem avança. Ele recorda com um misto de orgulho e temor os momentos em que enfrentou avalanches e outros perigos ao longo de sua jornada, explicando que sempre que se encontra em situações extremas, a conexão com seu parceiro de escalada é fundamental para a sobrevivência.
Outro aspecto importante que Nima deseja ressaltar é a questão ambiental. O Nepal, de fato, enfrenta uma crise ambiental, exacerbada pelo turismo crescente que traz consigo o aumento do lixo. Ele expressa o desejo de que sua geração possa criar um legado mais sustentável para as futuras, mobilizando ações que preservem a beleza e a integridade das montanhas. Com uma visão clara, Nima afirmou: “Nós, da nova geração, tentaremos tornar essa indústria mais sustentável para as próximas gerações.” O jovem imagina criar uma organização que forneça formação e apoio técnico para jovens nepalenses, facilitando sua entrada no mundo do montanhismo de maneira segura.
um futuro promissor e aspiracional
Com recordes sendo quebrados e mais montanhistas nepalenses surgindo no cenário internacional, Nima está otimista quanto ao futuro. Ele observa com satisfação a ascensão de outros jovens talentos, todos parte de uma revolução que procura equilibrar as conquistas de montanhistas nepalenses com a atenção que é frequentemente dada a suas contrapartes ocidentais. Essa revolução é um reflexo do espírito indomável dos Sherpas, que sempre foram a coluna vertebral das expedições montanhosas nesse país magnífico.
A jornada de Nima não é apenas sobre conquistas pessoais, mas sim sobre um desejo genuíno de ver seu povo e sua cultura reconhecidos da maneira que merecem. À medida que ele continua a escalar, as lições que tira dessas experiências nas montanhas não são só para si, mas sim para todos aqueles que têm o sonho ousado de seguir seus passos.