Todo mês de outubro, um debate animado e divertido toma conta de muitos lares: qual é o melhor doce de Halloween? Com a chegada do feriado, não são raras as menções a icônicos doces como Reese’s, Snickers e KitKats, ou até mesmo a opções mais frutadas, como Sour Patch Kids e Gummy Bears. Contudo, para muitos, é impossível não recordar as famosas bolinhas de pipoca que o vizinho sempre distribuía. Mas o que torna o Halloween tão especial? A história por trás desse evento é tão saborosa quanto os doces que o acompanham. Vamos explorar a origem do “trick-or-treating” e entender como tudo começou.
A origem do Halloween e suas tradições
O Halloween tem suas raízes no Samhain, um festival celta que celebrava a colheita entre os dias 31 de outubro e 1 de novembro. Os antigos celtas acreditavam que, nesses dias, a barreira entre nosso mundo e o mundo espiritual estava mais fina, permitindo que entidades não desejadas cruzassem para causar perturbações. Para mitigar essa ameaça e trazer ordem ao caos, os habitantes deixavam oferendas nas entradas das aldeias, na esperança de apaziguar os espíritos e monstros. Durante essa época, as fogueiras eram acesas e, posteriormente, no período da Idade Média, surgiram as lanternas de nabo, conhecidas como Jack-o-Lanterns, que tinham a finalidade de repelir o mal.
Com o passar do tempo, algumas pessoas começaram a se disfarsar em roupas feitas de peles de animais, numa tentativa de intimidar as manifestações sobrenaturais. Essa prática evoluiu para o que conhecemos como “souling”, onde as comunidades mais pobres se dirigiam às casas dos mais abastados em busca de bolos em troca de orações. Essa tradição se transformou em uma experiência voltada para as crianças, que, usando fantasias, tocavam em portas para trocar canções, poemas ou piadas por guloseimas.
A evolução do Halloween na sociedade moderna
O Halloween moderno, tal como o conhecemos nos Estados Unidos, começou a tomar forma no início do século XX, quando várias comunidades começaram a organizar o “trick-or-treating” em grupo. No entanto, essa prática sofreu uma pausa durante a Segunda Guerra Mundial, mas, com o baby boom que se seguiu, as tradições que amamos hoje se tornaram partes intrínsecas da cultura americana. Um dos doces que hoje é amplamente distribuído e que tem uma história mais antiga do que muitos imaginam é o Candy Corn, cuja origem remonta à Filadélfia nos anos 1880, onde George Renninger trabalhava para a Wunderle Candy Company. Ele teve uma ideia inovadora: moldar buttercream na forma de vegetais da colheita.
Renninger criou formas como castanhas, nabos, milho e vagens de ervilhas, todas destinadas a celebrar as raízes agrícolas da América. Embora todas as formas fossem atraentes, a mais prática foi a do milho, a primeira a ser produzida. Embora a receita original seja um mistério, acredita-se que uma mistura de açúcar pegajoso e xarope de milho estava entre os ingredientes. O neto de Renninger recorda que seu avô testava a fórmula, lançando lotes da mistura para as galinhas da família. Ele sabia que havia encontrado a forma ideal quando viu as galinhas se interessarem pelo que parecia ser milho real.
Quando a Goelitz Confectionery Company adotou a receita, decidiu comercializá-la como “Chicken Feed” (Ração de Galinha), com uma bela imagem de um galo na caixa. Logo, eles se tornaram um dos maiores produtores de milho de buttercream no país, em parte devido ao uso inteligente de cores. Cada seção do doce era despejada manualmente, para garantir que as cores se mantivessem separadas e distintas. O processo era realmente trabalhoso, exigindo que os operários carregassem pesados baldes recheados com a mistura do doce, enquanto andavam de costas por uma esteira cheia de bandejas. E quando falamos de peso, alguns desses baldes podiam chegar até 90 quilos.
A transformação do Candy Corn e sua posição no Halloween
Apesar de todo o trabalho envolvido, a produção dessa guloseima não era realizada durante o ano todo, tanto para dar um descanso aos trabalhadores quanto para estreitar a conexão na mente do povo americano. “Chicken Feed” pretendia evocar as alegrias de uma colheita fartura, que ajudou a ligá-lo ao Halloween, mas não foi fácil. Inicialmente, essa era apenas uma brincadeira, um doce de piada. O nome era bastante literal, pois muitos americanos encaravam o milho como alimento para animais, não para humanos. Foi somente após a Primeira Guerra Mundial que as pessoas começaram a consumir o milho como nós fazemos hoje, e mesmo assim, era principalmente por necessidade.
Em consequência disso, a Goelitz lutava para manter as caixas nas prateleiras. Naquela época, antes da automação, era difícil atender à demanda, mas, com a mecanização moderna, a produção alcançou um novo patamar na década de 1950. Através do tempo, percebeu-se que as raízes agrícolas do doce estavam se tornando uma lembrança distante. Um novo nome foi necessário para o doce delicioso, que eventualmente foi renomeado para se alinhar ao mundo moderno. As cores vibrantes e um novo nome cativante garantiram o espaço do Candy Corn como um dos clássicos do Halloween, uma posição que ele mantém até os dias de hoje.
Embora o Candy Corn possa ser considerado um dos doces mais controversos da América, com uma vida útil que supera até mesmo a de um Twinkie, é inegável que o Halloween não seria o mesmo sem ele. Assim, da próxima vez que você pegar um punhado dessa iguaria colorida, lembre-se de sua longa jornada, que começou em uma simples ideia de um doce que buscava homenagear as colheitas e que, ao longo dos anos, conquistou um lugar especial nos corações e sacolas de doces de crianças e adultos. E, convenhamos, a magia do Halloween estaria um pouco menos doce sem o Candy Corn.