A expectativa em torno das ofertas públicas iniciais (IPOs) continua a ser um tema de destaque entre investidores de risco e suas respectivas parcerias limitadas. Apesar das esperanças de que o mercado se recuperasse em 2024, a realidade parece indicar que uma recuperação nas IPOs está longe de se concretizar nos próximos meses. Adena Friedman, CEO da NASDAQ, abordou esses desafios durante o evento BFD da Axios, enfatizando que, embora o S&P 500 tenha apresentado um crescimento notável de cerca de 22% até agora, essa cifra não conta a história completa do mercado.

Friedman esclareceu que a composição do S&P 500 está desproporcionalmente focada em empresas de grande capitalização, o que, de fato, influenciou positivamente seus desempenhos. Gigantes tecnológicos como Apple, Nvidia e Microsoft têm impulsionado os índices, fazendo parecer que o mercado público é um lugar florescente para todos. No entanto, a realidade é que as empresas de menor capitalização estão enfrentando um desempenho bastante desafiador, representando uma “história de duas cidades”. Ela ressaltou que o índice de empresas de pequena capitalização está, de fato, 10% abaixo do que havia registrado anteriormente, revelando a dificuldade que muitos negócios estão enfrentando.

Em geral, uma empresa de pequena capitalização é definida como aquela com valor de mercado abaixo de 2 bilhões de dólares. Essa categoria abrange uma considerável quantidade das startups em fase tardia que buscam financiamento. A falta de interesse por parte dos investidores para esses negócios é um sinal preocupante para a indústria, especialmente porque muitas dessas startups podem não estar adequadamente preparadas para uma IPO bem-sucedida. A CEO da NASDAQ observou que as empresas frequentemente desejam apresentar um balanço financeiro sólido antes de sua estreia no mercado público, algo que muitos ainda lutam para alcançar após um 2022 e 2023 desafiadores. No ambiente atual de taxas de juros elevadas, qualquer empresa que ainda esteja no vermelho e consumindo caixa para sustentar seu crescimento pode esperar um recebimento severo por parte dos investidores públicos.

Friedman afirmou que as empresas estão buscando manter um ano de desempenho forte como pré-requisito antes de considerarem abrir seu capital. A alta nos custos de capital está levando esses negócios a negociações abaixo do esperado, evidenciando a fragilidade do cenário atual. Ao mesmo tempo, os mercados privados se tornaram uma alternativa mais segura para muitas empresas, adotando um modelo de operações onde o mercado secundário se destacou. Esse segmento tem se mantido ativo ao longo do ano, permitindo que investidores adquiram ações em empresas privadas, geralmente em transações aprobadas pelas próprias empresas. Esse contexto facilita a liquidez para empresas em estágio tardio, aliviando a pressão dos investidores e funcionários. Assim, os capitalistas de risco não parecem estar pressionando suas empresas de portfólio em direção ao mercado público nessas condições desfavoráveis.

Um exemplo claro dessa dinâmica é a Ro, provedora de telemedicina que foi avaliada em 6,6 bilhões de dólares durante uma rodagem de captação em 2022. O CEO da Ro, Zach Reitano, expressou que as vantagens de permanecer uma empresa privada estão crescendo em importância, um ponto que foi feito pouco antes de Friedman subir ao palco. Ao discutir o futuro, Friedman foi otimista e mencionou que ela prevê um retorno das IPOs com força em 2025. A CEO também destacou os sucessos recentes de IPOs no setor de biotecnologia, que demonstraram um apetite para essas empresas mais jovens e promissoras. A Tempus AI, por exemplo, teve uma estreia bem-sucedida em junho, obtendo 410 milhões de dólares, e a Bicara Therapeutics fez o mesmo em setembro, levantando 362 milhões de dólares.

Contudo, vale notar que, apesar do otimismo de Friedman, algumas das empresas de biotecnologia que se tornaram públicas este ano não conseguiram manter seus preços das ações após a estreia. Madura e pragmática, Friedman reconhece que existe uma razão válida para que as empresas busquem a abertura do capital, pois isso democratiza a distribuição de riqueza, permitindo que mais interessados além de um pequeno grupo de investidores privados possam participar. Segundo dados da PitchBook, 14 IPOs apoiados por capital de risco ocorreram nos Estados Unidos até o terceiro trimestre deste ano. No total, houve 51 IPOs até agora em 2024, indicando que este ano pode não conseguir alcançar as 86 IPOs de 2022 ou as 81 de 2023.

No entanto, a expectativa para um mercado de IPOs em 2025 já começa a ganhar força. Nomes como Chime, Klarna e CoreWeave parecem estar se preparando para abrir seu capital, mostrando que, mesmo em um cenário desafiador, há uma luz no fim do túnel para que mais empresas possam se juntar ao mercado público em breve.

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