Reflexões do Diretor Sobre sua Trajetória e os Riscos Envolvidos na Produção do Longa-Metragem

No último sábado, durante um evento do BFI London Film Festival realizado no Royal Festival Hall, em Londres, o renomado diretor canadense Denis Villeneuve compartilhou experiências marcantes de sua carreira cinematográfica ao conversar com o ator Brett Goldstein, conhecido por seu papel na série “Ted Lasso”. A conversa se concentrou em diversos aspectos da trajetória de Villeneuve, desde seus primeiros passos em Hollywood até os desafios que enfrentou ao adaptar a obra-prima de Frank Herbert, “Dune”. No contexto da discussão, o diretor revelou que considera “Blade Runner 2049”, lançado em 2017 e estrelado por Harrison Ford e Ryan Gosling, como um dos filmes mais arriscados de sua carreira, ao lado de “Polytechnique”, de 2009. Villeneuve começou a reflexão afirmando que no passado tinha recusado várias propostas para filmes de ficção científica, alegando que “não estava com pressa” e que sua abordagem não era motivada pela ganância. No entanto, após o sucesso de “Sicario”, ele sentiu que havia desenvolvido a confiança necessária para aceitar um projeto de grande envergadura, como “Blade Runner 2049”. Ele expôs seus pensamentos sobre a realização do filme, dizendo que, se consegui-se dirigir um grande filme de ficção científica e arriscasse tudo, isso seria uma experiência bela. Com um toque de humor, ele ainda comentou que fazer a sequência de seu filme favorito seria uma maneira romântica de encerrar sua carreira.

A Importância de Aceitar Riscos na Criação Cinematográfica

“Blade Runner 2049”, que recebeu a aclamada crítica e arrecadou mais de 270 milhões de dólares em bilheteiras nos Estados Unidos, foi um marco em sua carreira. Durante o diálogo, Villeneuve descreveu como surgiu a oportunidade de dirigir o filme, que originalmente estava nas mãos de Ridley Scott, o diretor do filme original. Ele recordou um momento em que estava dirigindo “Prisoners” e foi informado de que Scott estava em discussões sobre a sequência do filme. Villeneuve ponderou sobre como directores como Scott são extremamente ocupados, levando em consideração que o ator Harrison Ford também poderia estar impaciente para o início das filmagens. Villeneuve disse: “Quando dirigia um filme, Ridley estava ocupando-se de outro projeto.” Essa oportunidade se tornou uma chance crucial para Villeneuve, que temeu perder sua identidade como cineasta ao entrar em Hollywood. “Eu estava convencido de que Hollywood iria me destruir e que ‘Prisoners’ iria arruinar minha identidade como cineasta”, confessou. Ele estreou sua abordagem cautelosa com “Enemy”, que considerava uma arma secreta para lidar com as pressões da indústria cinematográfica. No entanto, ele também compartilhou uma percepção positiva sobre seus trabalhos em Hollywood, afirmando que sua experiência em “Prisoners” foi a melhor de sua carreira até então. Ele destacou o respeito recebido e a liberdade criativa que experimentou, o que é frequentemente uma preocupação para cineastas ao trabalharem em grandes produções.

Durante a conversa com Goldstein, Villeneuve também abordou o impacto do “Dune: Parte Dois”, enfatizando que o planejamento detalhado é crucial para o sucesso de um projeto tão ambicioso. O épico de ficção científica, que contou com um elenco estelar incluindo Timothée Chalamet e Zendaya, já arrecadou mais de 700 milhões de dólares em bilheteiras no mundo todo. Villeneuve explicou que a construção do mundo no qual “Dune” se passa requer um trabalho intenso e meticuloso. Ele relembrou que houve dias desafiadores durante as filmagens, chegando a apontar uma situação específica em que uma cena envolvendo a montaria de vermes levou 44 dias para ser concluída. O diretor comparou esses esforços a tocar um instrumento fora de sintonia e destacou a importância de ser flexível e aberto a refilmagens, permitindo assim ajustes e melhorias na execução de sua visão artística.

Esse evento do BFI London Film Festival, que ocorrerá entre os dias 9 e 20 de outubro, foi uma oportunidade de ouro para que tanto admiradores do cinema como cineastas se reunissem e refletissem sobre o futuro da narrativa cinematográfica. As experiências compartilhadas por Villeneuve durante este painel reforçam a ideia de que, mesmo em uma indústria tão desafiadora e competitiva como Hollywood, a paixão e a adaptação contínua às demandas do público e às suas próprias visões criativas são essenciais para o sucesso.

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