Na noite do último domingo, 27 de outubro de 2024, em um evento grandioso realizado no famoso Madison Square Garden, Donald Trump lançou o que pode ser considerado um dos discursos mais polêmicos da história eleitoral moderna dos Estados Unidos. O ex-presidente, que busca reverter a derrota em 2020 e garantir um segundo mandato na Casa Branca, utilizou de suas táticas habituais de apelo ao medo, direcionando suas críticas ferozes contra imigrantes e prometendo uma massiva deportação no primeiro dia de governo caso vença o pleito contra a atual vice-presidente, Kamala Harris, no dia 5 de novembro. Este discurso não apenas anuncia uma retórica particularmente agressiva, mas também acende preocupações sobre o que uma reeleição de Trump poderia significar para a democracia americana e a coexistência pacífica dentro do país.
Durante o discurso, que foi marcado por uma atmosfera tensa e hostil, Trump afirmou que “os Estados Unidos são um país ocupado”, uma declaração que ecoa os sentimentos de muitos de seus seguidores. Ao mesmo tempo, seguidores do partido democrático projetaram mensagens em letras grandes no exterior do ginásio, alertando a população sobre o perigo representado por Trump, com frases como “Trump está Descontrolado” e “Trump elogiou Hitler”. O evento foi a proclamação do coração da última etapa da campanha de Trump, que tenta executar uma das maiores reviravoltas da história política americana, após deixar a presidência sob um manto de desgraça em 2021, tendo tentado até mesmo reverter os resultados da eleição anterior.
Trump, que tem o apoio fervoroso de muitos republicanos, encontrou também uma plateia que se entregou a ataques de natureza racista e vulgar contra Harris e outras figuras democratas. Com declarações, como a de um ex-candidato a congressista que chamou Harris de “anticristo” e “o diabo”, o transbordar da tensão racial e partidarizada parece se intensificar a cada dia. Comediante e apoiador de Trump, Tony Hinchcliffe, fez comentários depreciativos sobre Porto Rico, chamando a ilha de um “descarte flutuante de lixo”, uma piada que foi mais tarde desaprovada pela campanha de Trump, desassociando-se de suas observações ofensivas.
O discurso de Trump se destacou não apenas pela linguagem incendiária, mas também pela maneira como ele manipula dados econômicos em um momento em que muitos americanos sentem as dificuldades de uma inflação persistente. “Gostaria de começar fazendo uma pergunta muito simples: Você está melhor agora do que estava há quatro anos?” questionou Trump à sua audiência, acrescentando que sua vitória iria acabar com a inflação e restaurar o sonho americano. Ao mesmo tempo, ele se comprometeu a introduzir créditos fiscais para cuidadores familiares, tentando posicionar-se como um defensor das causas familiares, uma temática que já havia sido abordada por Kamala Harris em suas propostas.
Naquele mesmo dia, enquanto Trump subia ao palco, o clima de descontentamento e incerteza pairava sobre o país. A eleição se aproxima e nenhuma das partes parece estar disposta a recuar. A visão de Trump para um governo centrado na retaliação e no poder absoluto, conforme sugestão de seus aliados, traz à tona a possibilidade de um governo autocrático, uma experiência que muitos temem. O completamente oposto é prometido por Harris, que apela ao desejo de muitos americanos de se distanciarem da agitação que marca a era Trump e busca assim promover uma mensagem de unidade e resiliência diante do extremismo.
A campanha de vice-presidência de Harris também se voltou para fazer frente ao discurso severo de Trump, marcando sua presença em estados estratégicos como a Pensilvânia, onde ela procurou conquistar o voto da comunidade afro-americana e das mulheres. Sua apelo convergiu em torno da ideia de que um voto em Trump representaria um voto contra os direitos das mulheres e um retrocesso nas conquistas sociais nos últimos anos, especialmente em relação aos direitos reprodutivos. “Por favor, não entreguem nossos destinos a alguém que não entende nada sobre nós”, declarou Michelle Obama, em um discurso poderoso e emocionante em apoio a Harris, lembrando as conotações perigosas da eleição e o que poderia vir a seguir caso Trump regresse ao poder.
Como podemos notar, a eleição de 2024, marcada por uma polarização intensa e uma luta acirrada em estados estratégicos, não será apenas sobre quem ocupa a Casa Branca nos próximos anos, mas sobre o futuro da política americana e sobre que tipo de sociedade os cidadãos desejam construir. Enquanto as cifras das pesquisas apontam uma corrida acirrada nas regiões em disputa, os discursos de ambos os candidatos reafirmam a luta ideológica por corações e mentes da nação. Este contexto reforça não apenas a urgência da participação cidadã, mas deixa claro que cada voto conta e pode definir o futuro dos Estados Unidos.