A situação da qualidade do ar em algumas das grandes cidades do norte da índia e do leste do paquistão está se tornando crítica à medida que as festividades de diwali se aproximam. Nos dias que antecedem a celebração, a neblina espessa e tóxica tem se instalado de forma alarmante, trazendo dificuldades respiratórias e riscos à saúde da população. As festividades, que tradicionalmente incluem o uso de fogos de artifício, resultam em uma deterioração ainda maior da qualidade do ar, criando um ciclo vicioso de poluição que afeta milhões de pessoas e levanta preocupações sobre as medidas que são efetivamente tomadas para combater essa crise ambiental.

A qualidade do ar na capital indiana, nova delhi, registrou um índice de cerca de 250 na manhã de segunda-feira, um valor que representa uma condição “muito pouco saudável”. Esses índices se fazem acompanhar de um padrão de poluição contínua, que tem persistido nos últimos dias, colocando a cidade em uma situação de emergência ambiental. Em uma comparação alarmante, a cidade de lahore, que fica a aproximadamente 25 quilômetros da fronteira com a índia, superou um índice “perigoso” que ultrapassou 500 – um número que é quase 65 vezes superior às diretrizes da Organização Mundial da Saúde para um ar saudável, tornando-se, assim, a cidade mais poluída do mundo no momento de sua avaliação, segundo dados da IQAir.

Conforme o inverno se aproxima, a expectativa é de que a qualidade do ar nas regiões continue a piorar, especialmente devido ao fenômeno conhecido como neblina de inverno. Esse tipo de poluição é frequentemente causado pela queima de resíduos agrícolas, emissões de usinas a carvão e pela combinação de dias sem vento, criando uma névoa amarelada que encobre os céus. Este ano, a festividade de diwali, que será iniciada na quinta-feira, se estende por cinco dias durante os quais as famílias se reúnem, se deliciam com comidas e soltam fogos de artifício, frequentemente desrespeitando as proibições locais que existem para mitigar a poluição. Diante de uma cena cada vez mais distópica, os habitantes locais vivenciam uma realidade onde o céu é obscurecido por uma densa névoa laranja e os edifícios estão envoltos em um manto de neblina, trazendo à tona a urgência das recomendações médicas que alertam sobre os riscos de doenças respiratórias e o impacto crônico na expectativa de vida da população. O nível de poluição do ar na índia é tão alarmante que especialistas têm alertado que a fumaça pode reduzir a vida de centenas de milhões de pessoas a longo prazo.

A longa luta contra a poluição do ar gerou questionamentos entre residentes e especialistas sobre os motivos pelos quais a índia parece não estar conseguindo conter a poluição. A capital nova delhi e os estados vizinhos têm enfrentado um embate sobre quem é realmente o responsável por essa situação. Embora novas políticas tenham sido implementadas, como a proibição da venda e uso de fogos de artifício em todo o país, a aplicação efetiva dessas restrições se mostra um desafio significativo.

Na semana passada, a Suprema Corte da índia responsabilizou os governos estaduais do punjab e de haryana por não conseguirem controlar a prática ilegal de queima de palha, a qual é comumente utilizada por agricultores para limpar os campos após a colheita. Oficiais locais alegam que, nos últimos anos, houve uma significante redução nessa prática. O governo indiano lançou, em 2019, o Programa Nacional de Ar Limpo, visando reduzir a concentração de material particulado em até 40% até 2026. As medidas incluem a implementação de sanções contra usinas de carvão e a criação de sistemas de monitoramento da qualidade do ar, além da proibição da queima de biomassa. Entretanto, mesmo com ações como a pulverização de água nas ruas e a indução de chuvas artificiais, muitos especialistas consideram tais medidas como soluções paliativas que não tratam as causas raízes do problema.

Cidades indianas têm apresentado algumas melhorias em sua qualidade do ar, conforme os dados do governo, mas o progresso está aquém do necessário. Um estudo realizado entre 2018 e 2022 indicou que a concentração média de PM2.5 (partículas finas que representam um dos principais poluentes atmosféricos) em nova delhi durante o mês de novembro se manteve praticamente estável. A despeito das iniciativas de diversos setores, a dúvida que persiste é se a índia possui a vontade política necessária para enfrentar essa crise. Uma observação crítica foi feita por um especialista em qualidade do ar que destacou: “nenhum partido se propôs a realmente enfrentar essa situação, em que estamos adoecendo todo o país e precisamos consertá-lo”. Com a situação atual, fica evidente que a batalha contra a poluição do ar exige não apenas medidas paliativas, mas também uma ação conjunta e decidida que priorize a saúde e o bem-estar da população.

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