A atual situação da indústria de jogos eletrônicos traz à tona um novo capítulo das negociações entre a Screen Actors Guild – American Federation of Television and Radio Artists, mais conhecida como SAG-AFTRA, e as grandes empresas de jogos. No último sábado, a união dos artistas anunciou que as conversas sobre o Acordo de Mídia Interativa continuarão, após três dias de discussões que não resultaram em um consenso que pudesse encerrar a disputa em andamento. A expectativa é que novas datas para as tratativas sejam divulgadas assim que forem confirmadas, mas a incerteza paira sobre o futuro de muitos profissionais que dependem deste setor.

As discussões foram retomadas no dia 23 de outubro e englobam uma série de empresas influentes na indústria, como Activision Productions Inc., Blindlight LLC, Disney Character Voices Inc., Electronic Arts Productions Inc., Formosa Interactive LLC, Insomniac Games Inc., Llama Productions LLC, Take 2 Productions Inc. e WB Games Inc. No entanto, com a extensão das negociações sem resultados, a greve contra essas empresas continua ativa. É importante destacar que essa paralisação não abrange os jogos ou companhias que já assinaram o Acordo de Mídia Interativa Independente com Orçamento Escalonado ou o Acordo Interino de Mídia Interativa da SAG-AFTRA, o que exclui uma parte significativa do setor. Antes da retomada das discussões, mais de 120 jogos de 49 empresas já haviam realizado adesões a um dos dois acordos mencionados.

A greve dos membros da SAG-AFTRA que atuam na indústria de jogos teve início em 26 de julho, quando a união explicou que, apesar de muitos pontos terem sido acordados, as empresas se recusavam a afirmar de forma clara e vinculativa a proteção das atuações de todos os artistas cobertos pelo contrato em relação ao uso de suas vozes geradas por inteligência artificial. Esse movimento é resultado de negociações que já duram mais de um ano e meio, envolvendo diversas grandes companhias do setor. Em setembro de 2023, durante uma votação histórica, 98,32% dos membros da SAG-AFTRA se manifestaram a favor da autorização para a greve contra dez empresas de jogos, embora essa votação não tenha levado imediatamente à paralisação, mas sim possibilitou que a diretoria nacional da união decretasse uma greve caso as discussões não avançassem de forma satisfatória.

Até o momento, as tratativas abordaram 25 propostas, com 24 delas já tendo recebido acordos preliminares. Um aspecto notável recente foi a assinatura de um Acordo em janeiro com a Replica Studios, um estúdio de dublagem por A.I., que estabeleceu normas para a utilização de inteligência artificial na criação de réplicas digitais de vozes para jogos. Os termos desse acordo incluem a exigência de consentimento informado para a utilização de vozes geradas por A.I., que recreiam a voz de artistas, tanto vivos quanto falecidos, além de requisitar a adequada segurança no armazenamento dos ativos digitais. A SAG-AFTRA afirmou que esse entendimento permitirá que a Replica Studios contrate membros da união sob um acordo ético para criar e licenciar uma réplica digital de suas vozes. Contudo, os atores de voz expressaram preocupações sobre como o acordo foi alcançado.

Historicamente, a última greve da SAG-AFTRA contra as grandes empresas de jogos ocorreu em 2016 e durou 183 dias, com o atual movimento já se aproximando da marca de 100 dias. Ao mesmo tempo, uma outra paralisação, esta envolvendo o Writers Guild of America, se iniciou em maio de 2023, demandando melhores salários e condições de trabalho, além de limitações no uso de A.I. Após meses de impasse, a WGA conseguiu chegar a um acordo preliminar em setembro de 2023 com a Aliança dos Produtores de Filmes e Televisão. A utilização da inteligência artificial também exerceu um papel fundamental na greve da SAG-AFTRA, que se estendeu de julho a novembro de 2023, num embate contra a Aliança dos Produtores de Filmes e Televisão.

A SAG-AFTRA é uma união que representa mais de 160.000 artistas, incluindo dubladores, e tem como compromisso negociar contratos com os estúdios, garantindo a remuneração justa, condições de trabalho adequadas, contribuições para planos de saúde e aposentadoria, assim como a preferência na escalação para os membros da união. Sem dúvida, a situação atual levanta questões cruciais sobre o futuro da profissão e a necessidade de adaptação da indústria em um cenário cada vez mais dominado pela tecnologia.

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