Após anos de estagnação, o caso do duplo assassinato de Delphi, onde duas adolescentes foram brutalmente assassinadas, ganhou nova vida com uma recente descoberta que pode mudar a trajetória da investigação. A história começou em 2017, quando Abigail “Abby” Williams, de 13 anos, e Liberty “Libby” German, de 14, foram vistas pela última vez em uma trilha na cidade de Delphi, Indiana. O que se seguiu foi um mistério que desafiou as autoridades locais e deixou a comunidade abalada. Nos anos que se seguiram, a ausência de respostas sobre um crime tão horrendo fez com que o caso parecesse um enigma sem solução. No entanto, um detalhe que estava escondido em um arquivo de dicas se torna central na busca pela justiça.

Em setembro de 2022, a recepcionista voluntária Kathy Shank estava organizando informações sobre o caso quando se deparou com uma nota que havia permanecido quase esquecida. A nota pertencia a Richard Allen, um homem que havia chamado a atenção das autoridades, mas cujo testemunho fora negligenciado. Allen afirmou ter visto três meninas na trilha entre 1h30 e 3h30 da tarde do dia 13 de fevereiro de 2017, quando Abby e Libby desapareceram. A coincidência entre o horário de seu depoimento e o momento em que as garotas foram vistas pela última vez não passou despercebida por Shank, que decidiu encaminhar a informação para os investigadores.

O xerife do condado de Carroll, Tony Liggett, reconheceu que, apesar da dica crucial, Allen “acabou se perdendo nas margens” da investigação. O homem, que sempre permaneceu em Delphi, trabalhava em uma farmácia CVS até ser preso. A revelação sobre a nota se juntou a um conjunto de informações que compõem o complicado quebra-cabeça do que está sendo chamado de caso dos assassinatos de Delphi. Em dezembro de 2022, um juiz emitiu uma ordem de silêncio para proibir comentários públicos sobre o caso por parte de advogados, funcionários da lei e parentes das vítimas, o que deixou muitos detalhes do caso obscuros para o público até agora.

Na primeira semana do julgamento de Allen, que começou recentemente, várias informações impactantes sobre o caso começaram a emergir. Testemunhas relataram que ambas as meninas apresentaram ferimentos fatais em seus pescoços, que pareciam ter sido causados por uma lâmina serrilhada. Os resultados das autópsias, conduzidas pelo patologista Roland Kohr, revelaram que Abby tinha um corte de sete polegadas em seu pescoço, enquanto Libby apresentava de quatro a cinco ferimentos, com os principais vasos sanguíneos do pescoço cortados. A gravidade dos ferimentos e os relatos emocionantes testemunhados em tribunal deixaram muitos familiares em lágrimas.

A brutalidade do crime foi exacerbada pela evidência de que Libby provavelmente teria morrido em apenas cinco a dez minutos devido à perda de sangue. Embora Abby tenha sido encontrada vestida, usando roupas de Libby, a amiga foi descoberta nua, com suas roupas encontradas em um rio nas proximidades. O sofrimento das famílias impulsionou o tribunal a se deparar com imagens impactantes tiradas na cena do crime. Mais de 50 fotos foram apresentadas em tribunal, despertando reações emocionais entre os presentes.

Questionando a conexão de Allen ao local do crime, os promotores apresentaram um elemento importante: uma bala não deflagrada que foi encontrada entre os corpos das garotas. O exame balístico realizado pela ex-examinadora de armas da Polícia Estadual de Indiana, Melissa Oberg, revelou que a munição calibre .40 encontrada no local corresponde a uma pistola apreendida na casa de Allen. A defesa, contudo, questionou a integridade dessa evidência, levantando a possibilidade de que a bala pudesse ter pertencido a um oficial de polícia.

Além dessas descobertas, novas informações relacionadas ao vídeo capturado no telefone celular de Libby foram exibidas em tribunal. A gravação, que até então só havia sido divulgada em formato de imagem estática, mostra um homem, apelidado de “Bridge Guy”, na trilha. Uma testemunha, identificada como Sarah Carbaugh, relatou ter visto um homem em circunstâncias suspeitas enquanto voltava da trilha, descrevendo-o como “sujo, ensanguentado e hostil.” A defesa, entretanto, está explorando uma teoria alternativa e polêmica, que sugere que as meninas foram vítimas de um crime ritualístico associado ao Odinismo, uma vertente do paganismo nórdico. Essa teoria foi barrada pelo juiz anteriormente, mas os advogados de Allen continuam a pressionar para que essa linha de defesa seja considerada.

Diante de revelações angustiosas e a possibilidade de um desfecho incerto, o julgamento de Richard Allen se destaca como um importante capítulo na busca pela verdade. As famílias das vítimas, a comunidade de Delphi e, de maneira mais ampla, todos aqueles que anseiam por justiça, permanecem atentos ao desenrolar deste caso ainda envolto em mistério. Enquanto novas informações continuam a emergir, a esperança de que a verdade venha à luz continua a motivar todos os envolvidos nesta busca.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *