O cerco se intensifica em Gaza com pesados bombardeios e aumento das ordens para deixar a região

No último sábado, a situação humanitária na Faixa de Gaza atingiu níveis alarmantes devido ao intenso bombardeio israelense, que se intensificou após uma série de ataques aéreos que resultaram na morte de pelo menos 22 pessoas. A ofensiva militar israelense, voltada principalmente contra os grupos militantes Hamas e Hezbollah, levou o exército israelense a reiterar sua convocação para que os civis abandonem suas residências, tanto no norte da Faixa de Gaza quanto nas regiões devida ao sul do Líbano. Essa nova ordem surge em um contexto de crescente desesperança e medo entre os palestinos, que relatam não ter opções viáveis para deixar suas casas em meio ao caos e à violência que tomaram conta da região.

O porta-voz das Forças Armadas de Israel, Avichay Adraee, por meio de uma publicação em redes sociais, solicitou que os habitantes deixassem áreas específicas da Cidade de Gaza, como o bairro Sheikh Radwan, bem como os campos de refugiados urbanos, incluindo Jabaliya. A estratégia militar inclui o direcionamento dos civis para a zona sul de Muwasi, considerada uma área humanitária. Contudo, muitos residentes da região relataram que estão presos em seus lares e abrigos, enfrentando a escassez de suprimentos, enquanto cadáveres permanecem nas ruas, devido aos bombardeios que dificultam o trabalho das equipes de emergência.

Atendendo aos apelos da situação, os moradores que se dirigiram à Jabaliya, onde ocorreram os ataques mais recentes, depararam-se com uma cratera de 20 metros de profundidade, onde uma casa outrora existia. Autoridades de emergência confirmaram que, até a manhã de sábado, pelo menos 20 corpos foram recuperados, e acredita-se que outros podem ainda estar presos sob os escombros resultantes dos ataques aéreos. Além disso, um ataque em uma residência resultou na morte de dois irmãos e deixou uma mulher e um recém-nascido feridos, destacando a tragédia que permeia o cotidiano dos civis naquela região.

Os relatos alarmantes dos moradores evidenciam a desesperada luta pela sobrevivência. Ahmed Abu Goneim, um residente de Jabaliya, relembra que a situação se assemelha aos primeiros dias do conflito. Segundo ele, os bombardeios incessantes têm devastado a região, e ele mesmo perdeu 15 familiares e vizinhos, incluindo mulheres e crianças, em uma sequência trágica de ataques. “Os mortos estão nas ruas, e ninguém tem como recuperá-los por causa do bombardeio”, desabafou, em uma clara demonstração de desespero e impotência diante da brutalidade da situação.

Nos últimos dias, as intensificações dos ataques aéreos deixaram a população de Jabaliya completamente isolada, enquanto os hospitais da região foram alvo de ordens de evacuação para pacientes e profissionais de saúde, exacerbando ainda mais a crise humanitária. Além deste cenário devastador, o conflito se estendeu ao Líbano, onde 60 pessoas foram mortas e 168 feridas em apenas 24 horas, elevando o total de fatalidades nas trocas de fogo entre Israel e o grupo militante Hezbollah para 2.229 mortos e 10.380 feridos ao longo do último ano. A escalada desse conflito evidencia a interligação das tensões no Oriente Médio.

O ofensivo de Israel na Faixa de Gaza resultou em mais de 42.000 mortes palestinas, segundo autoridades locais de saúde, que afirmam que mulheres e crianças representam mais da metade dos falecimentos. O prolongado conflito não apenas resultou em um grande número de fatalidades, mas também destruiu vastas áreas de Gaza, deslocando cerca de 90% de sua população de 2,3 milhões de habitantes, que frequentemente se viu forçada a se mudar para locais mais seguros nas já sobrecarregadas zonas sul e central.

Desde que os militantes do Hamas realizaram um ataque audacioso que resultou em aproximadamente 1.200 mortes e na captura de 250 pessoas em outubro passado, a resposta israelense tem sido cada vez mais brutal. A situação se torna ainda mais complicada com a informação de que cerca de 100 reféns ainda estão sob custódia do Hamas, com um terço deles acreditando-se estar morto. A contínua escalada de violência apresenta uma crise humanitária sem precedentes na região, levantando questões sobre o futuro da paz e da coexistência entre os povos envoltos nesse conflito.

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