Em um quente e ensolarado sábado à tarde, a tensão política nos EUA se revela nas ruas e nos debates de sua corrida presidencial. Apesar da ameaça iminente de chuvas e do barulho de vizinhos, uma centena de manifestantes se reúne em frente à Casa Branca, desesperados por mudança. Eles gritam sua mensagem: “Hey hey, ho ho, thank you, Joe, it’s time to go!” em referência ao presidente Joe Biden, sugerindo que sua presidência chega ao fim. A campanha de Donald Trump está se transformando em um verdadeiro espetáculo, mas também em um desafio direto à administração atual, que tem enfrentado pressão crescente para reconsiderar sua viabilidade nas próximas eleições.
Com a proximidade da eleição de 2024, as chances de Biden reeleger-se estão se esvaindo rapidamente. Desde o feriado de 4 de julho, seu desempenho nas pesquisas de opinião tem sofrido um declínio constante, e cada movimento à frente parece empurrá-lo para mais perto de um êxito incerto. Trump, por sua vez, observa o fortalecimento de sua coalizão de apoio, onde um grupo se destaca: os cristãos evangélicos brancos. Este grupo, que no início da década de 1970 representava 90% da população dos EUA, viu sua identificação religiosa diminuir para apenas 64% em 2020, conforme dados do Pew Research Center. Se as tendências atuais persistirem, os cristãos poderão constituir menos da metade da população americana nas próximas décadas. Assim, quando Trump anunciou a revogação da Roe v. Wade, celebraram com fervor, ouvindo atentamente suas promessas de restaurar a religião no cenário político.
Além disso, uma análise perspicaz revela que muitos que se tornaram evangélicos não o fizeram automaticamente por razões religiosas, mas por sua conexão política com Trump. Em 2016, 16% dos apoiadores de Trump que não eram evangélicos anteriormente se identificaram como tal até 2020, destacando que a política parecia ser o principal motivador dessa adesão. Para Biden, um católico devoto, lidar com essa mudança de lealdade representa um dilema significativo enquanto sua administração se encontra em meio a uma crescente pressão e indecisão.
A desilusão dentro do Partido Democrata a respeito de Biden está em alta. A disputa interna está se intensificando, com muitos membros expressando dúvidas sobre a capacidade do presidente de enfrentar Trump novamente. Além de sua luta para se reafirmar na corrida, Biden tenta minimizar os danos de um debate desastroso, reconhecendo seus deslizes e desafios de saúde. Com seus aliados ressaltando suas vitórias passadas, Biden emite um comunicado a seus colegas democratas reafirmando seu compromisso diante das especulações crescentes sobre sua permanência na corrida eleitoral.
Entretanto, Biden não está apenas olhando para dentro. Ele continua a destacar as vulnerabilidades de Trump, que incluem uma longa lista de acusações criminais e as consequências da insurreição de 6 de janeiro de 2021. O ex-presidente tem um novo ponto de vulnerabilidade a explorar: o Projeto 2025, elaborado pela Heritage Foundation. Este documento documenta planos que ampliariam drasticamente os poderes presidenciais, substituindo servidores públicos por ideólogos de direita e propondo uma série de desregulamentações impactantes, incluindo uma proibição nacional ao aborto. Para Biden, este projeto representa uma ameaça direta ao sistema democrático e à liberdade individual, galvanizando seus ataques contra Trump, que tenta desviar a atenção do tema.
A dinâmica entre Biden e Trump se complica ainda mais com a recente escolha de Trump como vice-presidente, J.D. Vance, que anteriormente havia criticado Trump de maneira severa, agora se apresenta como seu mais fiel aliado. Essa escolha tem tido repercussões profundas. No entanto, os democratas não se esquecem facilmente da história de Vance e continuam a atacar suas posições passadas. Ao mesmo tempo, a noção de um ‘lobby de celebridades’ se revela quando figuras como George Clooney e Nancy Pelosi começam a se manifestar publicamente, exigindo que Biden considere seus próximos passos em face da pressão interna.
Por outro lado, a estratégia de Trump até agora se destaca por um apelo emocional. Durante a convenção nacional republicana, ele consegue transformar até mesmos momentos sombrios — como a tentativa de assassinato contra ele — em uma narrativa de triunfo e superação. Os evangelicais, em particular, veem nele não apenas um político, mas um líder vindo diretamente de Deus. Sua mensagem mistura unidade com uma proclamação de força, ao mesmo tempo em que promete liberdade e oportunidades para todos os cidadãos, independente de sua raça ou religião.
À medida que se aproxima a data das eleições, a rivalidade entre Biden e Trump se intensifica, destacando uma luta não apenas por votos, mas por almas. Como este embate se desenrolará em um panorama eleitoral tão polarizado? Enquanto Biden se retira, determinado a não ceder, Trump avança confiante, deixando à vista a dura realidade de uma nação dividida.
Biden, já considerado um herói por muitos democratas, agora enfrenta a dura verdade de que a matemática eleitoral nem sempre está ao seu favor. Ele ergue suas vozes e mantém a esperança de que essa batalha final não terminará em um desastre total. Ambos os candidatos estão cientes de que o destino das eleições não se decidirá apenas por pesquisas ou retóricas; está muito além, nas convicções e na lealdade de seus eleitores. Para onde essa narrativa conduzirá a nação nos próximos meses?