o linfedema é uma condição desafiadora que pode transformar a vida de quem a enfrenta. Trazendo inchaço principalmente em um dos braços ou pernas, mas também podendo afetar outras partes do corpo, o linfedema é resultado do funcionamento inadequado ou danificado do sistema linfático—um componente essencial do sistema imunológico. Essa condição pode se apresentar após cirurgias, como as realizadas em tratamentos de câncer de mama; tratamentos de radiação; infecções ou lesões. Além disso, uma pequena fração da população pode nascer com um sistema linfático que não opera da maneira ideal. Em síntese, o acúmulo de fluido linfático exerce pressão nas tecidos circundantes, provocando dor e desconforto, que podem se manifestar de diferentes formas—desde um leve incômodo até uma dor intensa que não dá trégua. Para aqueles que têm linfedema, é de se imaginar como as roupas apertadas ou períodos prolongados de inatividade podem tornar o dia a dia um verdadeiro labirinto de desafios.

dr. Siba Haykal, um especialista no campo da oncologia reconstrutiva, explica que o sistema linfático é como uma rede de pequenos tubos que transportam um fluido vital conhecido como linfa pelo corpo. “a linfa é responsável por remover toxinas e resíduos, além de ajudar na defesa contra infecções,” afirma o doutor. Contudo, quando esses tubos se encontram obstruídos ou danificados, o resultado é uma acumulação de fluido que leva ao desconforto e à dor. Nos Estados Unidos, a maioria dos casos de linfedema observa-se em mulheres que passaram por tratamentos relacionados ao câncer de mama, envolvendo tanto a radioterapia quanto cirurgias invasivas. “No entanto, mesmo que o linfedema não tenha uma cura definitiva, existem várias técnicas inovadoras que podem aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes,” complementa dr. Haykal.

Os Fundamentos no Tratamento do Linfedema

ao abordar o linfedema, os objetivos fundamentais se mantêm constantes, independentemente da sua origem, seja através de tratamento oncológico ou devido a lesões, como cortes profundos ou contusões. O foco primordial é reduzir o inchaço, gerenciar os sintomas e, claro, aprimorar a qualidade de vida daqueles afetados. As abordagens não invasivas incluem desde massagens e terapias de compressão, que ajudam a lidar diretamente com o inchaço, até procedimentos cirúrgicos mais complexos, como as chamadas “supermicrosurghias”. Essas intervenções exigem habilidades minuciosas, permitindo que os cirurgiões redirecionem o fluido linfático dos vasos linfáticos afetados para áreas saudáveis do corpo. Dr. Kamal Addagatla, também cirurgião especializado e membro da equipe de dr. Haykal, destaca que as informações sobre o diagnóstico e tratamento são atuais e cada vez mais precisas. O linfedema é uma condição crônica, caracterizada pela acumulação progressiva de fluido linfático sob a pele, especialmente nos tecidos macios do corpo, com uma composição que inclui células brancas do sangue, responsáveis pela defesa imunológica.

existem duas categorias principais de linfedema: primário e secundário. O primeiro, uma forma genética rara, geralmente manifesta-se ao nascimento e afeta o desenvolvimento do sistema linfático. Já o linfedema secundário é mais comum e pode ser resultado de várias causas, incluindo cirurgia, traumas, obesidade e tratamentos oncológicos. Nos EUA, a condição é frequentemente associada à remoção de gânglios linfáticos e à radioterapia aplicada em pacientes com câncer de mama. O surgimento dos primeiros sintomas pode ser tardio—levando até uma década após a cirurgia, mas muitos pacientes relatam sinais e sintomas muito específicos, mesmo antes que ocorra o inchaço visível. Entre os sintomas mais comuns, estão a dor, a sensação de peso e o inchaço transitório.

Evolução dos Consultórios: uma Nova Abordagem nas Cirurgias de Câncer

durante as últimas duas décadas, a abordagem cirúrgica com relação ao linfedema evoluiu consideravelmente. Embora a remoção de gânglios linfáticos seja um procedimento padrão, esta prática agora é realizada de forma mais estratégica. O procedimento de dissecção axilar, que envolve a remoção de múltiplos gânglios linfáticos para prevenir a propagação do câncer, representava um risco elevado de desenvolvimento de linfedema. No entanto, técnicas menos invasivas, como a biópsia do gânglio sentinela, estão se tornando a norma, reduzindo substancialmente a incidência de linfedema. Dr. Rachel Greenup, especialista em oncologia cirúrgica, observa que muitas pacientes não se beneficiam mais da remoção de gânglios, especialmente quando o tratamento prévio já inclui terapias sistêmicas. “é imperativo discutir com sua equipe de cuidados sobre as melhores opções para o seu caso,” ela alerta.

outros fatores, como a própria presença do câncer e o sobrepeso, também podem elevar o risco de linfedema. Pesquisas indicam que, mesmo com a realização da biópsia do gânglio sentinela, a possibilidade de desenvolvimento de linfedema permanece, mas a probabilidade é consideravelmente menor quando comparada à dissecção axilar completa. Enquanto a biópsia pode resultar em risco de aproximadamente 5%, a dissecção pode elevar esse número para 15% a 20%, e até 30% em casos onde a radioterapia é parte do tratamento pós-cirúrgico. Para pacientes submetidos a dissecção axilar, pode ser realizada uma reconstrução linfática imediata, onde os vasos linfáticos danificados são conectados a veias próximas, o que ajuda na drenagem e reduz o risco de linfedema.

Tecnologia e Avanços no Monitoramento e Tratamento do Linfedema

atualmente, a triagem para linfedema se tornou mais refinada e proativa. Em Yale, uma tecnologia denominada SOZO®, que utiliza o sistema L-Dex®, é aplicada para medir a quantidade de inchaço em membros, fornecendo dados cruciais que podem prever o risco de linfedema antes mesmo das cirurgias de câncer. O método exige que o paciente fique descalço sobre um dispositivo que mede a resposta elétrica do corpo, o que ajuda na análise da composição dos tecidos e dos níveis de fluido linfático. Esse tipo de monitoramento é essencial não apenas para estabelecer um baseline para o paciente, mas também para detectar os primeiros sinais da condição e guiar o tratamento adequado.

embora os tratamentos para linfedema não curem a condição, eles são cruciais para melhorar a qualidade de vida. A terapia de desobstrução combinada, considerada o padrão-ouro no diagnóstico, consiste em duas fases, onde o paciente inicialmente trabalha com um especialista em linfedema para controlar os sintomas e, em seguida, mantém cuidados regulares independentes. Os tratamentos podem incluir massagens, terapias de compressão, cuidados com a pele e, em alguns casos, cirurgia. Cirurgias para linfedema, embora não curem a condição, visam melhorar os sintomas e facilitar a vida, permitindo maior liberdade de movimentos e reduzindo o risco de infecções.

com o tempo, a evolução da condição pode levar a alterações na própria composição do fluido acumulado, implicando que o tratamento e cirurgia se tornem mais complexos. Dr. Haykal aponta que células adiposas podem acumular-se com a progressão do linfedema, o que demanda intervenções mais intricadas, como lipoaspiração ou outros procedimentos para remover o tecido excedente. Entretanto, quando os tratamentos se mostram eficazes, deixam seus pacientes com um novo semblante sobre a vida—um cirurgião pode, por exemplo, reduzir o tempo que precisam utilizar um dispositivo de compressão, uma vitória significativa num cotidiano que já é repleto de desafios.

enquanto dr. Haykal se dedica ao monitoramento dos avanços dos pacientes por pelo menos cinco anos após o tratamento, seu foco é refinar a forma como a condição é diagnosticada precocemente, para que melhores cuidados possam ser oferecidos. A detecção mais rápida de linfedema e a adoção de intervenções eficazes podem evitar que novos casos surjam, afirmando a importância da pesquisa e desenvolvimento contínuos neste campo. “não estamos dizendo a um paciente que será curado do linfedema,” conclui o dr. Addagatla, “mas podemos afirmar com segurança que as cirurgias que oferecemos têm o potencial de melhorar significativamente seus sintomas.”

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