Relatório denuncia crimes de guerra e crimes contra a humanidade
Uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) trouxe à tona graves acusações contra Israel, afirmando que o país teria executado uma “política concertada” de destruição do sistema de saúde na Faixa de Gaza, durante um conflito que se arrasta ao longo de um ano com o Hamas. O relatório, divulgado em uma declaração formal, caracteriza as ações de Israel como crimes de guerra, destacando práticas como homicídios intencionais, tortura de profissionais de saúde e ataques direcionados a veículos médicos, considerados práticas sistemáticas e premeditadas. Os efeitos devastadores dessa situação resultaram em uma ampla crise humanitária, com escassez de combustíveis, alimentos, água, medicamentos e suprimentos médicos, afetando desesperadamente a capacidade de hospitais de atender à população local e aprofundando ainda mais o sofrimento dos civis em uma região já marcada por intensos conflitos.
Consequências diretas do conflito e reação de Israel
De acordo com o relatório da Comissão Internacional de Investigação da ONU sobre o Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental e Israel, as forças de segurança israelenses não apenas mataram e torturaram profissionais médicos, mas também atacaram deliberadamente ambulâncias e limitaram drasticamente os vistos para a saída de pacientes da região para tratamento médico. Tais ações, registradas na documentação, afirmam ser parte de um esforço deliberado para desmantelar a infraestrutura de saúde em Gaza, o que resulta em consequências devastadoras para a vida dos habitantes locais, especialmente para as crianças, que são as mais severamente afetadas. A ONU destacou ainda que a destruição generalizada da rede de saúde contribuiu para a desintegração do acesso a cuidados que deveria ser garantido a todos os seres humanos, criando um cenário de calamidade e desespero entre os civis.
Em resposta às graves alegações contidas no relatório, o Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou as acusações como “ultrajantes”, apontando que estas seriam tentativas explícitas de deslegitimar a existência do Estado de Israel, além de tentar encobrir crimes perpetrados por organizações terroristas. O governo israelense sustentou que a narrativa apresentada pela Comissão ignora evidências contundentes de que as instalações médicas em Gaza estavam sendo utilizadas sistematicamente pelo Hamas e pela Jihad Islâmica Palestina para esconder operações militares, armazenar оружие, conduzir ataques e ocultar reféns. Embora o Hamas tenha negado repetidamente a utilização de hospitais para atividades militares, as autoridades israelenses reafirmaram sua posição, desafiando as alegações da ONU.
Reivindicações mútiplas de crimes de guerra e a situação dos detidos
O relatório da ONU não se limitou a Israel, mas também acusou o Hamas e outros grupos militantes palestinos de cometerem uma série de crimes de guerra, incluindo tortura, tratamento desumano, agressões sexuais e violência sexual em relação aos reféns israelenses mantidos em Gaza. Além disso, a investigação abordou a questão de “maus-tratos institucionalizados” a prisioneiros palestinos nas prisões israelenses, uma questão que continua a suscitar protestos e chamadas por melhorias nas condições prisionais. Em defesa, o Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou as alegações de violência generalizada e tortura de detentos, reafirmando seu compromisso com os padrões legais internacionais a respeito do tratamento de prisioneiros.
O relatório contém detalhes chocantes, como o caso da menina palestina de cinco anos, Hind Rajab, que se tornou um símbolo da tragédia humanitária após um vídeo dela pedindo ajuda a trabalhadores de emergência enquanto sua família estava presa em um carro sob bombardeios israelenses. Apesar da presença de uma ambulância nas proximidades, a presença das forças de segurança israelenses impediu o acesso, resultando na recuperação dos corpos dos parentes de Hind apenas doze dias após o incidente. Essa situação é emblemática dos desafios enfrentados pela população civil e da responsabilidade das potências em situações de conflito armado, levantando questões éticas e morais que precisam ser urgentemente abordadas.
Encaminhamentos para a ONU e a continuidade da investigação
O relatório da ONU, que possui 24 páginas e não detém efeito legal, está programado para ser apresentado à Assembleia Geral da ONU no dia 30 de outubro. O documento enfatiza a necessidade urgente de ação internacional para proteger os direitos humanos e a dignidade de todos, destacando que a destruição e os ataques em Gaza têm levado a uma crise humanitária de proporções inconcebíveis. A ONU, através da ex-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, expressou a necessidade de Israel interromper imediatamente a destruição indiscriminada que afeta a população local. As consequências da devastação do sistema de saúde vão muito além dos números; são vidas perdidas, famílias despedaçadas e comunidades devastadas. Portanto, a expectativa é de que o relatório sirva como um catalisador para ações eficazes que interrompam a violência e promovam a restauração da dignidade e os direitos humanos em Gaza e além.