Há seis anos, Valentina Agudelo, durante uma pesquisa para um concurso de empreendedorismo universitário, deparou-se com uma realidade alarmante: as taxas de sobrevivência ao câncer de mama na América Latina são significativamente mais baixas em comparação ao mundo desenvolvido. Mulheres em sua terra natal, a Colômbia, e em outras partes do continente, estão morrendo em maior número devido à detecção tardia da doença. Agudelo percebeu que o câncer de mama é altamente tratável quando diagnosticado precocemente, mas numerosos países da América Latina possuem populações rurais que não têm acesso a mamografias e outras ferramentas de diagnóstico vitais. Perante esse cenário desafiador, Valentina, acompanhada de duas amigas, decidiu criar um dispositivo teórico portátil que pudesse detectar precocemente o câncer de mama. “A ideia não saiu da minha cabeça”, relatou Agudelo. “Eu simplesmente não consegui deixar de lado o problema que identificamos.”

Após o término do concurso, Agudelo fundou a Salva Health e deu início ao desenvolvimento do primeiro produto da empresa, chamado Julietta. Este dispositivo compacto mede a densidade do tecido mamário utilizando eletrodos que se fixam a cada seio e oferece resultados em poucos minutos para um telefone, tablet ou computador. Desde então, Agudelo completou sua graduação, estagiou na PepsiCo, trabalhou para a startup colombiana de tecnologia em saúde Dondoctor e concluiu um MBA na renomada INSEAD. Embora essas experiências tenham sido desafiadoras, a Salva Health sempre permaneceu como o foco principal de seus esforços.

Em um passo significativo, a Salva Health firmou uma parceria com o Grupo Sura, uma das principais seguradoras da Colômbia, para conduzir testes clínicos e desenvolver um modelo de inteligência artificial que seja capaz de prever o risco de câncer de mama. Atualmente, a empresa conta com uma equipe de 13 pessoas e está próxima de receber a aprovação do INVIMA (Instituto Nacional de Vigilância de Medicamentos e Alimentos da Colômbia), uma agência reguladora equivalente à FDA nos Estados Unidos. É importante destacar que o dispositivo Julietta não substitui as mamografias tradicionais. Em vez disso, ele atua como uma ferramenta de triagem, projetada para detectar anomalias e avaliar a probabilidade de malignidade, conforme explicou Agudelo: “Com essas informações, as seguradoras podem priorizar mulheres para diagnósticos adequados.”

Reconhecida como finalista do TechCrunch Disrupt 2024 Startup Battlefield, Salva Health tem planos ambiciosos de distribuição do Julietta por toda a América Latina assim que receber a sinalização verde do INVIMA. Agudelo destacou que outros países da região devem reconhecer as aprovações do INVIMA, baseando-se em tratados comerciais. A empresa também tem a intenção de solicitar que a FDA reconheça a aprovação do INVIMA. Embora os Estados Unidos não enfrentem uma escassez significativa de máquinas de mamografia ou possuam uma grande população rural, a utilização do Julietta em algumas mulheres poderia resultar em economia substancial para as seguradoras de saúde, segundo Agudelo.

“E então, queremos começar a obter aprovações e reconhecimento em outros países, com foco em mercados emergentes: África, Índia”, disse ela. Além de revolucionar o rastreamento do câncer de mama, a Salva Health pretende expandir suas soluções para identificar sinais precoces de diabetes e doenças cardiovasculares. Agudelo enfatizou a importância de detectar essas condições em estágios iniciais, garantindo que os pacientes possam receber diagnósticos e tratamentos adequados a um custo reduzido. “Estamos focados em detectar essas condições precocemente para que possam ser tratados adequadamente e a um custo reduzido”, concluiu.

Dessa forma, o trabalho e a visão inovadora de Valentina Agudelo não apenas destacam a importância da saúde e do diagnóstico precoce, mas também sinalizam um futuro promissor em que a tecnologia pode ser uma aliada na luta contra doenças que impactam milhões de vidas, especialmente em regiões que mais precisam de soluções eficazes.

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