A história dos Oscars é repleta de eventos inesquecíveis e mudanças impactantes que moldaram a indústria cinematográfica. No entanto, um dos episódios mais inusitados e intrigantes ocorreu há 94 anos, durante a terceira edição do evento, em 1930. Essa cerimônia, que ficou marcada por uma peculiaridade nas indicações, resultou em mudanças significativas nas regras que ainda ressoam no Oscars atual. Vamos explorar como essa edição, que viu um número notável de indicações para os mesmos atores, catalisou alterações importantes nas normas da Academia.
As Indicações Conflitantes de 1930 e Seus Vencedores
Na terceira cerimônia dos Oscars, cinco atores foram nomeados por oito apresentações notáveis dentro da categoria de Melhor Ator. Essa situação única foi incomum, já que foi a primeira e única vez na história da premiação que atores foram nomeados duas vezes na mesma categoria durante a mesma cerimônia. O vencedor, George Arliss, conquistou o Oscar por sua atuação em Disraeli, mas também foi indicado por sua performance em The Green Goddess. Outros concorrentes, como Maurice Chevalier e Ronald Colman, também foram indicados duas vezes. Chevalier foi reconhecido por seus papéis em The Big Pond e The Love Parade, enquanto Colman recebeu indicações por Bulldog Drummond e Condemned.
Na categoria de Melhor Atriz, Norma Shearer saiu vitoriosa pelo seu desempenho em The Divorcee, embora sua performance em Their Own Desire também tenha garantido uma indicação. Assim, quatro dos desempenhos destacados na cerimônia contavam com indicações duplas, um fato que definitivamente deixou sua marca na história dos Oscars.
Por Que Os Oscars Mudaram Suas Regras?
Mas por que essa sobreposição de indicações foi permitida? A resposta está relacionada ao contexto da indústria cinematográfica da época. Em 1930, havia um número substancialmente menor de filmes sendo produzidos em comparação com a realidade contemporânea. Com um número limitado de estúdios e a ainda jovem tecnologia cinematográfica, o leque de opções para as nomeações era restrito. A estrutura monopolista da época permitia que um pequeno número de estrelas dominasse a tela, resultando em um ciclo de repetição nas indicações. Esses ícones eram frequentemente contratados por estúdios de cinema que garantiam contratos exclusivos, limitando o número de atores disponíveis para as indicações.
Além disso, os preconceitos sociais e as limitações de gênero de um período que ainda se fixava em normas rígidas restringiam ainda mais o alcance de talentos que poderiam ser contemplados. Nesses tempos, os tipos de atores que eram promovidos eram limitados, e as capacidades de diversos artistas talentosos passaram despercebidas em prejuízo de um número reduzido de estrelas idôneas.
A Mudança nas Regras da Academia e Seu Impacto em Futuras Cerimônias
A consequência imediata de tais circunstâncias foi a implementação de uma nova regra, que limitou a possibilidade de um mesmo ator ou atriz ser indicado duas vezes na mesma categoria em um único ano. Essa decisão foi um divisor de águas para o Oscars, permitindo que o prêmio expandisse suas indicações e incluísse uma diversidade maior de performances. Em essência, isso poderia também ser visto como um modo de gerir melhor o evento, colocando um fim a situações que poderiam gerar confusão e descontentamento.
Atualmente, ainda que atores possam ser nomeados em múltiplas categorias em um único ano, a regra impede que sejam indicados duas vezes na mesma categoria. Exemplo recente disso foi no Oscar de 2019, onde Scarlett Johansson foi indicada simultaneamente por suas atuações em Marriage Story e Jojo Rabbit. Ao longo da história, um total de doze atores tiveram o privilégio de serem indicados tanto para Melhor Ator ou Atriz quanto para Melhor Ator ou Atriz Coadjuvante no mesmo ano, algo que se tornou um reflexo da evolução positiva das norma da Academia.
A Celebração do Cinema e as Expectativas Para a Próxima Cerimônia
À medida que nos aproximamos da 96ª cerimônia dos Oscars, programada para ocorrer em 10 de março de 2024, sob a apresentação de Jimmy Kimmel, o evento promete continuar a tradição de reconhecimento e celebração das contribuições notáveis da indústria cinematográfica. Para muitos, a premiação vai além de um simples evento; representa uma plataforma vital para artistas que buscam legitimação de seu trabalho, e também um espelho que reflete a evolução cultural e social da sociedade.
O que podemos esperar da próxima edição? Certamente uma competição acirrada, com expectativas elevadas, novas narrativas e, principalmente, um espaço ainda mais diversificado para todas as vozes do cinema. A história dos Oscars é um lembrete de que, assim como o próprio cinema, as premiações estão em constante evolução, moldando e sendo moldadas pela sociedade em que se inserem.
Assim, ao refletirmos sobre a cerimônia de 1930, podemos nos perguntar: o que mais está por vir no futuro dos Oscars? Um espetáculo em constante mudança que promete surpreender e entreter por muitos anos ainda.