A recente aparição de Quentin Tarantino em um famoso podcast da indústria cinematográfica trouxe à tona uma análise inesperada do aguardado filme ‘Joker: Folie à Deux’. Embora o diretor não esteja mais à frente do projeto de seu décimo e último filme conhecido como ‘The Movie Critic’, sua opinião sobre a nova produção de Todd Phillips atraiu a atenção, especialmente considerando o clima polarizado que o filme enfrenta. No episódio, Tarantino expressou um apoio inusitado à sequência que, até agora, não recebeu os melhores feedbacks, especialmente por parte da crítica, o que levanta questões sobre a subjetividade da arte e as expectativas dentro da indústria cinematográfica.
Durante a sua participação no podcast de Bret Easton Ellis, Tarantino destacou sua apreciação genuína por ‘Joker: Folie à Deux’, descrevendo-o como uma obra cinematográfica notável que superou suas expectativas iniciais. “Eu realmente gostei, muito mesmo. Fui assistir esperando ser impressionado pela realização cinematográfica. Mas achei que seria um exercício intelectual que no final não funcionaria como um filme. No entanto, eu realmente gostei de todo o conjunto”, comentou Tarantino. Seu testemunho ressoa como um sopro de alívio para o estúdio Warner Bros., que já enfrentou dificuldades com a bilheteira do filme, especialmente após o lançamento que ocorreu no início de outubro, que foi marcado por uma nota D no Cinemascore.
Assista ao filme e você encontrará uma produção que pode transitar entre o caos e a beleza na execução. Tarantino também se aprofundou em particular nas sequências musicais do filme, revelando que se sentiu totalmente envolvido por elas. Ele comentou a respeito da simplicidade de algumas das canções apresentadas, dizendo que “quanto mais banais as músicas eram, melhor elas se tornavam”. Essa observação poderia ser vista como uma defesa do que muitos poderiam considerar como um aspecto negativo do filme, mostrando como a arte pode ser um reflexo das emoções mais cruas e autênticas de sua audiência.
Contudo, a visão de Tarantino sobre o filme não para por aí. Ele não hesitou em levantar as mãos para defender Todd Phillips, o diretor, que ele descreveu como um “insurgente” da Hollywood atual. Segundo Tarantino, Phillips expressa uma clara rebeldia em relação ao que é geralmente esperado pela indústria. “Ele está dizendo: ‘Que se danem todos eles.’ Isso inclui o público de cinema, Hollywood e qualquer um que possua ações em DC e Warner Bros.”, afirmou Tarantino, destacando a audácia e a coragem do diretor em produzir algo fora do mainstream. Essa defesa apaixonada pelo diretor sugere uma camaradagem que muitos não esperariam de um cineasta tão icônico e venerado.
O filme teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Veneza, onde a recepção foi igualmente dividida, refletindo a dificuldade em engajar um público sempre à procura de fórmulas seguras de entretenimento. Com os comentaristas e críticos de cinema ainda debatendo sobre a natureza singular e provocativa do filme, é interessante observar como Tarantino se coloca em clara oposição a essa crítica, com sua visão mais acolhedora e individualista do cinema. Isso provoca um questionamento em toda a esfera crítica: seria realmente possível que, em um ambiente de avaliação rigorosa, um filme centrado no caos e na complexidade pudessem ressoar mais forte do que o esperado?
Concluindo, os elogios de Tarantino a ‘Joker: Folie à Deux’ não apenas oferecem uma nova perspectiva sobre a produção de Todd Phillips, mas também destacam a importância da subjetividade na avaliação de obras cinematográficas. O fato de que um cineasta de sua estatura vê valor em um filme considerado “problemático” por muitos pode inspirar a audiência a reconsiderar suas próprias percepções e experiências frente à tela. Em um mundo cheio de superproduções e visões glamourosas, a autenticidade e o desejo de quebrar as normas parecem ser o que Tarantino, e talvez Phillips, realmente defendem. Pode ser que, no final das contas, as melhores histórias sejam aquelas que ousam desafiar o status quo e confrontar o público de maneiras inesperadas.