no campo da medicina, especialmente na cirurgia, a tecnologia de ressonância magnética (RM) desponta como uma ferramenta indispensável, oferecendo uma visualização detalhada que auxilia os cirurgiões em suas intervenções. Contudo, não se pode ignorar as limitações inerentes a essa tecnologia. Um exemplo claro disso é o método atual que os cirurgiões utilizam: o paciente é colocado na máquina para capturar uma imagem e, em seguida, é retirado para que uma agulha seja avançada milímetro por milímetro. Esse processo é não apenas demorado, mas também ineficiente, desperdiçando recursos que poderiam ser melhor aproveitados.
com o lema “criando um novo capítulo na cirurgia minimamente invasiva,” a startup MDC, sediada na Baía de São Francisco, acredita que a solução está na robótica. Embora a robótica represente indiscutivelmente o futuro da cirurgia, essa tecnologia traz consigo desafios próprios nesse contexto. Um deles é que os robôs tradicionais contêm elementos que não conseguem operar dentro de uma máquina de RM. Em sua apresentação no palco do Startup Battlefield no evento TechCrunch Disrupt 2024, a MDC fez uma proposta arrojada para solucionar essas questões.
a missão da MDC foi desenvolver um sistema robótico capaz de operar em um paciente dentro de uma máquina de ressonância magnética sem depender de motores elétricos, metais raros e outros componentes que poderiam comprometer o funcionamento do equipamento de imagem. O trabalho inovador da startup se baseia em pesquisas realizadas pelo fundador e CEO Sam Frishman durante seu tempo na Universidade Johns Hopkins e na Universidade de Stanford. Frishman descreve a solução como “transmissões e atuadores hidráulicos de alta rigidez e baixo atrito.” Este sistema é alimentado por água e conectado ao exterior da máquina de ressonância por meio de um tubo.
“nosso sistema possui alguns diferenciais,” Frishman compartilha com entusiasmo. “um deles é a capacidade de controle extremamente ágil diretamente pelo médico. Eles controlam a agulha, seja na sua posicionamento, avanço ou acionamento — é como se estivessem segurando-a em suas mãos.” Essa abordagem se concentra especificamente em biópsias e ablações na sua oferta inicial. O CEO acrescenta que esses procedimentos minimamente invasivos são apenas o começo do que a tecnologia pode oferecer. “na verdade, estamos habilitando novas capacidades além do que é possível hoje,” declara Frishman. “é nesse ponto que a digitalização, o auxílio de potência, a orientação através da inteligência artificial e todos os dados que reunimos começam a adicionar capacidades que vão além dos limites humanos, enquanto o médico continua totalmente no controle e tomando todas as decisões”.
é importante ressaltar que a MDC é uma recente graduada do acelerador HAX da SOSV e, durante a apresentação, anunciou que conseguiu levantar 1,2 milhão de dólares em investimento pré-seed. Esse montante representa não apenas a confiança dos investidores na proposta da startup, mas também o potencial de transformações que essa tecnologia pode trazer ao campo da cirurgia minimamente invasiva. À medida que a robótica avança, ampliando suas capacidades e se adaptando a novas realidades tecnológicas como a da RM, podemos vislumbrar um futuro em que as intervenções cirúrgicas sejam mais precisas, seguras e eficazes.
enquanto a MDC se prepara para seguir em frente, essa inovação deve inspirar outras pesquisas e empresas a explorarem a interseção entre robótica e medicina. O desafio está lançado, e a expectativa é que, com o tempo, cada vez mais profissionais de saúde se beneficiem de ferramentas que não apenas otimizam sua atuação, mas também elevam os padrões de cuidado e segurança para os pacientes. A cirurgia do futuro pode estar mais próxima do que imaginamos, permitindo que tecnologias antes consideradas distantes se tornem parte da rotina hospitalar, transformando vidas de forma decisiva.