Em uma recente aparição no evento TechCrunch Disrupt, Mary Barra, presidente e CEO da General Motors (GM), fez uma afirmação surpreendente: “Nunca pensei que a propulsão de um veículo se tornaria uma questão política”. Essa declaração, embora não tenha sido aprofundada, reflete um panorama atual em que a indústria automotiva está inserida em um contexto de polarização política, especialmente em relação aos veículos elétricos (EVs). Assim, em meio a um debate acirrado, Barra apresentou uma visão clara sobre o futuro da GM e os desafios que a empresa enfrenta na revolução da mobilidade.
Um dos principais pontos abordados por Barra foi a meta da General Motors de tornar os veículos elétricos mais acessíveis aos consumidores americanos, especialmente com a chegada dos novos modelos Equinox EV e Blazer. Segundo a CEO, a acessibilidade é um fator primordial na decisão de compra, e o preço inicial do Equinox EV, cotado na faixa média de 30 mil dólares, representa um passo importante nessa direção. No entanto, Barra enfatizou que os consumidores não estão apenas buscando preços competitivos, mas também desejam um alcance adequado que minimize a ansiedade relacionada à autonomia. O ideal, segundo ela, é que os veículos consigam percorrer cerca de 300 milhas antes que o estresse da recarga se torne uma preocupação.
Além da acessibilidade, Barra destacou a importância de melhorar a infraestrutura de carregamento de veículos elétricos. Segundo ela, a General Motors tem investido centenas de milhões de dólares para aprimorar a rede de estações de recarga, em parceria com empresas especializadas como a EVgo. Essa investigação visa garantir que os consumidores encontrem estações de carregamento funcionando, bem iluminadas e fáceis de utilizar. À medida que mais motoristas adotam veículos elétricos, essa infraestrutura deve evoluir para atender à demanda crescente e proporcionar uma experiência de uso satisfatória e prática.
A visão de Barra para o futuro da GM não se limita aos veículos elétricos, mas também inclui inovações na área da condução autônoma. A CEO mencionou que, desde sua associação com a empresa Cruise em 2016, a GM tem observado de perto o potencial transformador da tecnologia de veículos autônomos. Ela acredita que a condução autônoma pode contribuir para a segurança no trânsito, apesar de desafios como a suspensão das operações da Cruise após um incidente de segurança no ano anterior. Barra se mantém otimista quanto ao futuro, afirmando que a colaboração com a Cruise ainda será benéfica para a GM, especialmente no desenvolvimento de veículos autônomos pessoais.
Uma das questões cruciais discutidas foi sobre a privacidade e segurança dos dados. Os veículos elétricos modernos funcionam como computadores sobre rodas e, como tal, coletam um volume significativo de informações que incluem dados sensíveis sobre o ambiente em que o carro opera e comportamentos de condução. Barra comentou sobre a seriedade com que a GM trata a cibersegurança, enfatizando a importância de proteger essas informações. De acordo com a CEO, a GM tem investido há anos em medidas que asseguram a privacidade e respeito ao tratamento dos dados coletados.
Outra preocupação de Barra é o desempenho da GM no competitivo mercado de veículos elétricos na China. A CEO descreveu a competição na região como uma “corrida para o fundo”, referindo-se aos desafios que a GM enfrenta para competir com marcas locais que recebem apoio governamental e oferecem produtos a preços mais acessíveis. Ela ressaltou que a GM perdeu 137 milhões de dólares em sua joint venture na China no terceiro trimestre, um contraste nítido em comparação com o lucro de 192 milhões do ano anterior. Essa diminuição é um indicativo claro do cenário desafiador que a empresa precisa enfrentar para assegurar um futuro sustentável na região.
Ao final do evento, Mary Barra reafirmou que a General Motors continua comprometida em oferecer veículos de qualidade, inovar em tecnologia de baterias, e otimizar a estrutura de preços de seus produtos. Com um olhar voltado para o futuro, a GM está determinada a não apenas se estabelecer como uma marca de máquinas, mas como uma líder em soluções sustentáveis de transporte. Assim, enquanto a indústria automotiva navega por um mar de incertezas políticas e desafios de mercado, Mary Barra se posiciona como uma capitã disposta a conduzir seu navio com coragem e estratégia, garantindo que a GM não apenas sobrevive, mas prospere no cada vez mais competitivo segmento dos veículos elétricos.