O mais recente filme do aclamado diretor M. Night Shyamalan, intitulado ‘Trap’, mergulha os espectadores em um thriller de suspense repleto de reviravoltas, mas também suscita debates sobre sua lógica interna. Ambientado em um concerto da famosa pop star Lady Raven, a trama revela de forma surpreendente que Cooper, interpretado por Josh Hartnett, é um serial killer infame conhecido como “O Açougueiro”. O filme promete uma série de revelações que mantém os espectadores na ponta da cadeira, mas a conclusão que envolve sua esposa, Rachel, levanta questões sobre o realismo e a coesão da narrativa.

a trama e seu desenvolvimento intrigante

O filme inicia com a atmosfera frenética de um show aguardado por muitos, incluindo Cooper e sua filha. Contudo, o que deveria ser uma noite de diversão se transforma em um pesadelo quando a polícia cercar o local em busca do temido criminoso. O personagem de Hartnett, um pai divertido e, aparentemente, inofensivo, rapidamente revela sua verdadeira face como o açougueiro que todos temem. Assim que o trailer do filme foi lançado, já era evidente que uma segunda reviravolta estava à espreita – e quando a terceira parte finalmente chega, as revelações são impactantes, mas não sem seu fardo de incoerências.

No clímax da narrativa, quando Cooper finalmente confronta sua esposa Rachel, o público é apresentado a uma confissão confusa: Rachel presume que seu marido é um assassino baseado no odor de suas roupas. Para complicar ainda mais a situação, ela admite que deixou um recibo de ingresso para o concerto em uma de suas casas seguras, sabendo que isso levaria a polícia a encontrar Cooper. Essa intricada armadilha que Rachel montou levanta a questão: por que não simplesmente denunciá-lo desde o início? Assim como a maioria dos enredos de Shyamalan, a complexidade da narrativa parece funcionar em detrimento da lógica e do sentido.

conseguiria um gesto mais simples fazer a diferença?

O desenvolvimento de Rachel como um personagem é, na verdade, um dos elementos mais fascinantes e frustrantes do filme. Em vez de usar suas suspeitas para salvar uma arena cheia de inocentes, ela se envolve em uma estratégia elaborada que acaba expondo centenas de pessoas ao perigo. Não é apenas um fracasso de planejamento tático, mas também uma escolha moral questionável. A escolha de Rachel em deixar que a situação se desenrole sob risco sugere uma disposição de ignorar a maldade de seu parceiro em nome de um amor que nem ela parece acreditar.

Algumas análises indicam que Shyamalan poderia ter ido mais longe com a construção desse dilema. Em vez de simplesmente posicionar Rachel como uma denunciante involuntária, seria muito mais chocante – e cativante – se ela fosse uma cúmplice de Cooper. Imagine a complexidade emocional que poderia ter surgido se a história tivesse revelado que Rachel era igualmente culpada, e que suas ações eram parte de um plano maligno ainda mais profundo. Haveria um impacto muito maior na audiência, além de criar um espaço para refletir sobre a natureza do amor e do crime.

o legado de ‘trap’ na filmografia de shyamalan

Na essência, ‘Trap’ é um filme que possui uma premissa forte com potencial para impactar, mas que se vê aprisionado por suas próprias reviravoltas excessivas. Embora tenha gerado uma receita de $82.7 milhões contra um orçamento de $30 milhões, a maneira como a história se desenrola oferece mais perguntas do que respostas. É um enredo divertido e visualmente envolvente, com a famosa marca de humor sombrio de Shyamalan, mas deixa um grande espaço para o que poderia ter sido uma narrativa mais coesa.

Os fãs de thrillers estarão, sem dúvida, entretidos, mas ao final do filme, é difícil não se perguntar se a mágica de Shyamalan não ficou um pouco obscurecida por sua própria curiosidade em criar reviravoltas que desafiam a lógica. ‘Trap’ serve como um lembrete de que, às vezes, menos é mais, e que as melhores narrativas podem muitas vezes se beneficiar de uma estrutura mais direta, que respeita a inteligência do público.

Se o filme mantém uma legião de fãs ou se torna um exemplo de como as reviravoltas podem falhar em engajar o público depende da percepção de cada espectador. O que você acha? ‘Trap’ conseguiu agarrar seu interesse, ou deixou muito a desejar?

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