Com a recente designação de James Gorman como presidente do conselho da Walt Disney Company, a indústria do entretenimento observa atentamente a delicada missão que se avizinha: a escolha do sucessor de Bob Iger, um dos executivos mais influentes e carismáticos do setor. A decisão, planejada para ser anunciada até o início de 2026, reflete o desejo da Disney de evitar os erros do passado, que resultaram em um período conturbado sob a liderança de Bob Chapek. Neste contexto, Gorman, que já conduziu com sucesso a transição de liderança na maior instituição financeira mundial, o Morgan Stanley, se vê diante do desafio de aplicar essas habilidades de forma ainda mais complexa em uma das empresas mais icônicas do planeta.

Desde que Iger reassumiu suas funções em 2022, trazendo consigo uma promessa de retomar um plano de sucessão que havia ficado em segundo plano, a Disney tem se esforçado para identificar o próximo líder. Segundo especialistas, o cenário atual apresenta um CEO muito forte, mas o sucessor que vier a assumir o cargo encontrará um ambiente de poder informal muito distinto. Henning Piezunka, professor da Wharton School of Business, enfatiza que, embora o novo CEO vá ocupar uma posição formalmente idêntica à de Iger, a verdadeira influência e as conexões que ele terá à disposição podem ser significativamente diferentes.

No entanto, o processo de sucessão da Disney não será uma tarefa simples. A empresa, que já teve uma transição entre líderes marcada por tensões, desta vez contará com um conselho ativo e focado em explorar múltiplas estratégias e candidatos. Gorman e sua equipe têm um leque de opções à disposição e estão particularmente atentos ao desenvolvimento de talentos internos, como Dana Walden, Josh D’Amaro, Jimmy Pitaro e Alan Bergman, que estão sendo preparados para assumir responsabilidades maiores na organização. A expectativa de que a decisão fique para 2026 pode ser um indicativo de que essas lideranças não estão completamente prontas para o desafio.

Por outro lado, os próximos anos serão cruciais para a Disney, que enfrenta um teste de resiliência em diversos aspectos de suas operações. O setor de streaming precisa gerar resultados financeiros concretos, enquanto o desempenho da divisão cinematográfica precisa se consolidar como uma recuperação sustentada. Além disso, a Disney está implementando um investimento maciço de 60 bilhões de dólares em seus parques, que precisam demonstrar que a desaceleração recente é passageira. É um cenário que, sem dúvida, proporcionará aos executivos uma plataforma para se destacarem e provarem seu potencial pessoal.

A Diversidade de Candidatos e Abordagens à Sucessão

As opções de sucessão para Gorman se diversificam ainda mais quando consideramos a possibilidade de trazer um candidato de fora da Disney. Gorman e o comitê de sucessão estão avaliando não apenas o talento interno, mas também a viabilidade de contratações externas. O comissário da NBA, Adam Silver, foi mencionado em discussões anteriores, mas sua proposta nunca foi formalmente levada adiante. Além dele, a atenção se volta para líderes de outras grandes empresas, que podem se tornar candidatos no futuro próximo. Tanto Donna Langley, da NBCUniversal, quanto Ted Sarandos, da Netflix, são nomes que, embora não confirmados, estão sob consideração à medida que 2026 se aproxima.

Uma possibilidade também discutida por analistas é a adoção de um modelo de dois CEOs, semelhante ao da Netflix. Apesar de parecer uma abordagem inovadora, a diversidade e as áreas de especialização necessárias teriam que ser cuidadosamente equilibradas para que esse modelo funcionasse na vasta operação da Disney. Piezunka levantou a questão se essa configuração poderia ser compatível com o ethos de integração que sempre caracterizou a empresa. Assim, o futuro do comando da Disney está carregado de incertezas e complexidades que vão além do simples ato de selecionar um novo líder.

O Legado de Iger e o Que Está em Jogo

A sombra de Bob Iger paira sobre todo esse processo, não só pelo seu legado, mas também pela forma como sua saída impactará a Disney. Iger, que reconfigurou a empresa nos últimos 20 anos, planeja deixar o cargo quando seu contrato expirar, mas sua história de renovações contratuais gera dúvidas sobre se ele realmente se afastará. A estratégia de Gorman, em relação ao envolvimento do antigo CEO no processo de sucessão, será crucial para moldar a trajetória futura da Disney. De fato, a indústria está atenta para ver se Iger terá ou não um papel significativo nas decisões que estão por vir.

Em síntese, a Walt Disney Company se encontra em um período de transição fundamental e observadores da indústria continuam a acompanhar de perto essa corrida para encontrar o sucessor de Bob Iger. A diversidade de opções e a complexidade da função apenas aumentam a expectativa sobre quem, finalmente, será o escolhido para liderar uma das marcas de entretenimento mais amadas do mundo, à medida que a empresa navega por um cenário desafiador e em constante mudança. O desafio de Gorman e de sua equipe reside na habilidade de conjugar a tradição e a inovação, assegurando que a Disney continue a ser uma referência no universo do entretenimento.

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