Recentemente, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) emitiram um alerta sobre o aumento significativo de casos de pneumonia atípica, comumente conhecida como “pneumonia ambulante”, entre a população pediátrica do país. Este fenômeno, que costuma ocorrer “a cada poucos anos”, foi destacado pelo Dr. Matthew Isaac Harris, médico especialista em emergência pediátrica da Northwell Health, instituição localizada em Nova Iorque. O alerta foi divulgado na última sexta-feira, 18 de outubro, e tem gerado preocupações entre pais e responsáveis, principalmente pela rápida ascensão no número de infecções.
A pneumonia atípica é uma infecção pulmonar provocada pela bactéria Mycoplasma pneumoniae, que, apesar de seu nome, não se apresenta com os sintomas típicos de pneumonia clássica. O Dr. Harris explica que “pneumonia ambulante” é um termo popular que se refere a uma forma de pneumonia que não segue o quadro diagnosticado convencionalmente, como febre alta, tosse intensa e um agravamento súbito no estado do paciente. Em vez disso, as crianças afetadas podem apresentar sintomas menos evidentes, o que frequentemente dificulta um diagnóstico precoce. De acordo com o médico, essas crianças podem desenvolver uma tosse que piora gradualmente em uma janela de uma a duas semanas, não apresentando, tradicionalmente, os três a quatro dias iniciais de febre alta e tosse produtiva que marcam os casos mais clássicos dessa doença.
O Dr. Harris ainda observa que, enquanto o número de casos está em ascensão, isso não é um fenômeno único deste ano. “Temos surtos de pneumonia por micoplasma a cada poucos anos”, enfatiza. E os fatores que contribuem para a disseminação deste tipo de pneumonia entre crianças podem estar diretamente relacionados ao ambiente escolar e ao convívio social. “As crianças estão constantemente tossindo em salas de aula pequenas, em creches ou em grupos de brincadeira. O que coloca os pequenos em maior risco é a exposição a outros colegas que também estão tossindo”, detalha o especialista.
Agradecendo a uma boa notícia em meio a essa preocupação, o Dr. Harris enfatiza que a pneumonia atípica é “muito, muito tratável” com o uso de antibióticos. O tratamento geralmente envolve o uso de azitromicina, também conhecido popularmente como Z-pack. “Este antibiótico é administrado uma vez ao dia durante cinco dias, portanto os pais não precisarão lutar para administrar medicamentos três vezes ao dia para seus filhos”, explica. Contudo, ele alerta que, independentemente da melhora que a criança possa apresentar, é fundamental que todo o curso de tratamento seja concluído. Além disso, o médico recomenda que os pais evitem medicamentos para a tosse comprados sem prescrição médica. “As crianças costumam tolerar bem o mel, que é um remédio natural para a tosse. Eu encorajaria os pais a não utilizarem medicamentos para a tosse em crianças que não tenham sido aprovados por seu pediatra”, sugere.
Embora o CDC tenha emitido avisos sobre a situação, o Dr. Harris ressalta que estamos em um estágio de “cuidado consciente”. É importante que os pais estejam atentos aos sinais de desconforto respiratório em crianças, especialmente nos menores de dois anos. Para crianças mais velhas, a comunicação sobre como estão se sentindo é mais clara. O médico orienta os responsáveis a estarem atentos a possíveis sintomas, como respiração acelerada e redução na ingestão de líquidos, o que pode resultar em diminuição na quantidade de urina. “Não queremos que os pais corram ao pediatra toda vez que a criança começar a tossir”, afirma. “O que realmente deve acionar a visita ao pediatra é quando a tosse estiver piorando lentamente e houver febres de baixo grau após uma semana a dez dias, sem melhora significativa”, finaliza o especialista.