A atualmente em exibição série NCIS: Origins, que se propõe a explorar os primeiros anos de Leroy Jethro Gibbs na força naval, gera discussões acaloradas entre os fãs. Isso se deve à presença marcante e histórica de Mark Harmon como Gibbs, que mesmo na série prequel, continua a influenciar o enredo e a percepção do público sobre o personagem. Desde seu lançamento, a série, ambientada em 1991, significa um retorno às origens de Gibbs, um homem marcado pela perda trágica de sua esposa, Shannon, e de sua filha, Kelly. Neste contexto, o quarto episódio, intitulado “All’s Not Lost”, traz à tona a luta interna de Gibbs e as ramificações de suas experiências passadas.

A minissérie com Austin Stowell no papel de um jovem Gibbs tenta contar uma história de crescimento e superação. Este episódio, que revela a dor e a perda que Gibbs carrega, é uma continuação do que o público já conhece do personagem. Entretanto, a presença de Harmon, que desempenhou o papel por quase duas décadas na série original, pode criar uma sombra sobre a performance de Stowell. Os telespectadores se veem em um dilema: como apreciar um novo Gibbs enquanto a lembrança do icônico protagonista ainda é tão forte.

Desvendar o passado de Gibbs

O quarto episódio pisca em direção a momentos cruciais do passado de Gibbs, principalmente sua reação ao descobrir os assassinatos de sua família. Durante uma das cenas mais emocionais, Gibbs descobre por carta que a dor que ele sentia na época era ainda mais insuportável do que se supunha. O telespectador observou a profundidade das emoções de Stowell, no entanto, a narração de Harmon frequentemente se sobrepõe e realça a cena, criando um eco triste que, paradoxalmente, pode desconcertar a apreciação da performance do jovem ator.

A atuação de Austin Stowell se destaca ao retratar um Gibbs vulnerável, que ainda não foi endurecido pelos anos de serviço na NCIS, ao contrário do Gibbs apresentado na série original, que é sempre visto como imperturbável. A nova abordagem mostra um personagem mais expressivo e fragilizado, que oferece aos fãs uma compreensão mais profunda de suas motivações e da sua composição emocional.

A sombra de Mark Harmon e o futuro de Stowell como Gibbs

Embora a dualidade entre Stowell e Harmon possa parecer uma simples questão de comparação, a realidade é que ambos os atores retratam facetas diferentes do mesmo personagem e a coexistência de suas interpretações pode ser desafiadora tanto para o público quanto para os envolvidos na produção. A presença de Harmon como presença narrativa é valorizada, mas também é perceptível que isso impede que Stowell estabeleça sua própria linha narrativa como Gibbs. Isso levanta a questão: será que NCIS: Origins deve reconsiderar a frequência e a forma como Harmon contribui para os episódios?

Um ponto de alívio para o desenvolvimento de Stowell como o novo Gibbs foi observado nos episódios anteriores, onde Harmon teve uma participação menor. O aumento em seu envolvimento no quarto episódio sugere que a série está começando a encontrar um equilíbrio entre honrar o legado de Harmon e permitir que Stowell construa seu próprio caminho como personagem principal. A ideia é que, ao utilizarem Harmon de maneira mais pontual e menos intermitente, os espectadores consigam separar as performances, permitindo que Stowell brilhe por si só.

É de se esperar que o sucesso de Stowell como novo Gibbs leve algum tempo, mas se a série continuar a desenvolver suas tramas sem as constantes interferências da figura de Harmon, é provável que o público venha a aceitar e abraçar o novo Gibbs como parte da rica narrativa do universo de NCIS.

Concluindo, NCIS: Origins oferece uma oportunidade valiosa para explorar o passado de Gibbs longe da pressão da comparação com uma performance tão icônica. E ao caminhar por essa transição, tanto os telespectadores quanto a produção devem manter uma mente aberta para apreciar e apoiar a jornada desse jovem Gibbs em formação.

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