O universo de The Walking Dead é uma obra multifacetada que se destaca não apenas pelo seu enredo envolvente e personagens profundos, mas também por suas peculiaridades linguísticas. Recentemente, o criador da série, Robert Kirkman, revelou que nunca foi fã do termo “walkers”, que se tornou icônico entre os fãs da franquia. A confissão de Kirkman trouxe à tona uma discussão sobre a terminologia utilizada para descrever os mortos-vivos em sua obra, revelando uma visão mais ampla e uma crítica à forma como o gênero de zumbis é percebido na cultura popular.

Kirkman e o Descontentamento com o Termo “Walkers”

Os zumbis de The Walking Dead são conhecidos como “walkers”, um termo que, segundo Kirkman, ele nunca gostou. Em uma entrevista e também nas notas de criador da edição Deluxe #92, o autor afirmou que essa terminologia sempre soou estranha para ele. Kirkman expressa um descontentamento, uma vez que a palavra o remete a Cory Walker, seu colaborador na série de quadrinhos Invincible. Ao trabalhar lado a lado com Walker por mais de uma década, a conexão entre o termo “walkers” e seu amigo se tornou um incômodo. “Sempre pareceu meio esquisito para mim”, revelou, com uma clara lamentação sobre uma escolha que acabou definindo a nomenclatura dos antagonistas do universo zumbi que ele criou.

Analisando a origem desse termo, é interessante notar que em suas primeiras histórias em quadrinhos, os zumbis eram frequentemente chamados de “roamers”, uma palavra que Kirkman prefere. Embora “roamers” tenha sido mais utilizada nas páginas dos quadrinhos, a adaptação da AMC adotou “walkers”, integrando-se de maneira inteligente ao título da série. No entanto, isso representa um exemplo raro de uma adaptação influenciando o material de origem, algo que Kirkman sempre se esforçou para evitar.

Várias Terminologias e a Diversidade de Nomes para os “Zumbis”

Curtindo da liberdade criativa que a narrativa proporcionava, Kirkman também introduziu uma variedade de outros termos para os zumbis, refletindo a diversidade cultural de diferentes grupos sobreviventes. Dentro do universo de The Walking Dead, outros nomes mencionados nas histórias em quadrinhos incluem “biters”, “deadies”, “infected”, “cannibals”, “bad ones” e “the fallen”. Essas denominações distintas servem para reforçar a ideia de que vários grupos de humanos, enfrentando a mesma catástrofe, desenvolveriam suas próprias interações e jargões a partir de experiências particulares e observações. Uma de suas referências preferidas, por exemplo, é a palavra “empties”, utilizada pelo personagem Jesus Monroe, que traz um tom mais filosófico à evolução dos zumbis e seu estado de existência.

Outra revelação intrigante surgiu em relação ao uso do termo “herd” para descrever grandes grupos de zumbis. Kirkman confessou que o termo imediatamente o faz pensar em vacas, e ele preferiria que houvessem utilizado “horde” (tropas) desde o início. “Sinceramente, eu sinto um certo arrepio ao ouvir ou ler isso”, comentou. A evolução de terminologias dentro do universo de The Walking Dead ilustra não apenas as preferências pessoais de Kirkman, mas também os desafios e peculiaridades enfrentados ao trabalhar em um gênero que é tão icônico quanto desafiador.

A Influência Limitada do Legado de George A. Romero

Um aspecto fascinante que Kirkman trouxe à tona refere-se à inexistência do legado de George A. Romero no mundo de The Walking Dead. Enquanto o gênero zumbi é amplamente identificado com as obras de Romero, que popularizam a imagem dos mortos-vivos, Kirkman criou um universo onde as referências culturais aos zumbis, como as conhecemos hoje, nunca existiram. Isso resulta em uma ironia interessante: os personagens de The Walking Dead não possuem a bagagem cultural que muitos espectadores têm; eles não conhecem filmes, como Night of the Living Dead, e, portanto, interagem com a realidade de forma completamente diferente. Essa ausência de referências não apenas molda suas definições e reações, mas também dá à narrativa uma nova profundidade que Jill é apresentado ao público.

Como Kirkman destacou, sua decisão de seguir em frente e criar um mundo totalmente desvinculado de qualquer história preexistente de zumbis foi uma forma de dar a seus personagens uma autenticidade única. As interações entre eles, assim como as escolhas que fazem em um mundo repleto de perigos e incertezas, são fundamentais para a construção de um drama mais profundo, que vai além do terror e da ação.

A Evolução de The Walking Dead e Seus Personagens

O lançamento de The Walking Dead #1 em 2003 marcou o início de uma das franquias de mídia mais notáveis do século XXI, engendrada pelo entrelaçamento de quadrinhos, séries de televisão, jogos eletrônicos, e mais. Mesmo 21 anos depois, a saga continua a encontrar novos patamares de popularidade entre os públicos. Com a revelação recente de que Kirkman lamenta diversas decisões, incluindo a terminologia e antigos arcos narrativos, fica claro que ele reflete profundamente sobre o que poderia ter sido melhor. Desde escolhas criativas fáceis até elementos de narrativa mais complexos, a busca por um conteúdo mais reflexivo e socialmente consciente é perceptível nas edições mais recentes.

Os fãs agora têm acesso a detalhes que mostram como a série pode ter sido muito diferente do que conhecemos hoje. Entre as mudanças mais notáveis está a possibilidade de Rick Grimes, o protagonista central, ter sido morto precocemente na trama, enquanto a figura de Carl teria assumido um papel de liderança mais cedo. Essas revelações não apenas enriquecem a compreensão dos fãs sobre as escolhas criativas de Kirkman, mas também estimulam discussões sobre os temas universais de sobrevivência, moralidade e a natureza humana em situações extremas.

Conclusão: Uma Nova Perspectiva Sobre The Walking Dead

A sinceridade de Kirkman acerca de sua crítica aos revezes da terminologia e das escolhas feitas ao longo do caminho convida os fãs a reexaminar a narrativa de The Walking Dead sob uma nova luz. Ao decidir se distanciar do legado popular de zumbis e construir um mundo onde os próprios personagens desfrutam de uma vida sem o peso das referências tradicionais, ele criou espaço para uma narrativa que se destaca em meio a um gênero saturado. A habilidade de Kirkman em se reinventar, ao mesmo tempo em que presta homenagem à influência de Romero e suas contribuições, acaba por formar um ciclo fascinante de evolução criativa. Com isso, a saga de The Walking Dead não apenas captura a imaginação, mas também fomenta reflexões sobre o que significa viver em um mundo que, ironicamente, ainda luta para entender seu próprio passado.

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