No dia 30 de outubro, Martha Stewart, a icônica empresária e personalidade de estilo de vida de 83 anos, expressou sua insatisfação com o novo documentário da Netflix intitulado “Martha”. Em uma entrevista ao New York Times, publicada simultaneamente ao lançamento do filme, Stewart revelou suas críticas contundentes à produção dirigida por R.J. Cutler. A avaliação de Martha não se limitou a um mero desagrado, mas trouxe à tona questões relevantes sobre o uso do material de arquivo e a representação de sua vida, mostrando como ela, mesmo após anos de sucesso, ainda se preocupa com a maneira como sua história é contada.
Críticas à Representação de Sua Vida no Documentário
Dentre as principais críticas, uma das mais notáveis foi o que Stewart considerou uma utilização escassa dos materiais de seu acervo pessoal. Ela ressaltou que o cineasta teve “total acesso” a seus arquivos e, mesmo assim, optou por usar “muito pouco” desse material. “Foi simplesmente chocante”, afirmou a empresária, evidenciando sua surpresa com a maneira como os eventos de sua vida foram filmados e apresentados.
Outro ponto abordado por Martha foram as cenas finais do documentário, que mostram sua figura em sua propriedade em Bedford, Nova York; ela descreveu essas imagens como a de uma “solidão de uma senhora idosa, caminhando curvada no jardim”. Stewart não hesitou em informar que pediu para cortar essas cenas, mas sua solicitação foi ignorada. “Eu odeio aquelas últimas cenas”, confessou. Ela explicou que estava “mancando um pouco” devido a uma ruptura do tendão de Aquiles e lamentou a falta de representaçã sobre sua resiliência: “Gostaria que o filme mostrasse que eu poderia viver com isso e ainda trabalhar sete dias por semana.” Essa reflexão deixa em evidência sua luta contínua e dedicação ao trabalho, mesmo em face das adversidades físicas.
Questões Musicais e Enfoque em Aspectos Menos Relevantes
Além da representação visual, Martha expressou descontentamento com a trilha sonora clássica apresentada no filme, descrevendo-a como “medíocre”. Curiosamente, a empresária havia solicitado que o documentário incorporasse música rap, um pedido que não foi atendido. Em outra crítica ao filme, ela comentou sobre as escolhas dos ângulos das câmeras, destacando que, apesar de três câmeras estarem presentes, o cineasta decidiu utilizar o ângulo mais desfavorável, ignorando suas sugestões: “Aquele ângulo não é o mais bonito. Você tinha três câmeras. Use o outro ângulo.” Essa experiência ilustra não apenas sua frustração, mas também a sensação de que sua essência não foi capturada adequadamente.
Reflexões sobre o Julgamento e a Vida de Martha
Stewart também se aprofundou em um dos capítulos mais controversos de sua vida: seu julgamento em 2004 e a subsequente sentença de prisão federal, que resultou de acusações de conspiração e obstrução da justiça relacionadas à venda de uma ação. Para a empresária, esses momentos foram tratados de forma exagerada e desproporcional no documentário. “Não foi tão importante”, afirmou categórica. “O julgamento e a real prisão foram menos de dois anos de uma vida de 83 anos. Para falar a verdade, eu considerei aquilo como um período de férias.”
Em defesa do documentário, R.J. Cutler reconheceu os desafios que Martha enfrentou ao revisitar certos momentos de sua vida. “Estou realmente orgulhoso deste filme, e admiro a coragem da Martha em me confiar essa tarefa”, disse Cutler, acrescentando que, embora sua vida seja fascinante, é natural que sua história possa ser difícil de engolir por ela mesma. Ele argumentou que a produção não é um simples registro factual, mas sim uma representação da complexidade de uma mulher visionária e brilhante.
Um Desejo por Mais Inclusão e Presença de Outros Aspectos de Sua Vida
Stewart, ao finalizar suas críticas, deixou claro que teria gostado que o filme abordasse sua paixão por viagens. “Minha viagem ao Kilimanjaro não foi mencionada!” Ela ainda destacou a importância de seu trabalho na publicação “Martha Stewart Living”, que esteve ativa de 1990 até 2022, e que também merecia mais atenção no documentário. Logo, ao debater sobre as escolhas e representações feitas no filme, ela apontou que muitos aspectos de sua vida criativa na indústria do entretenimento e da mídia não foram abordados, deixando um sentimento de que sua história estava incompleta.
Considerações Finais e o Legado de Martha Stewart
O novo documentário sobre Martha Stewart não apenas revela a vida de uma mulher extraordinária, mas também destaca as complexidades de alguém que, por décadas, moldou o conceito de estilo de vida moderno. Embora a narrativa apresentada por Cutler tenha gerado polêmicas e bastante debate, é evidente que a trajetória de Martha é rica e multifacetada, uma verdadeira tapeçaria de desafios, conquistas e resiliência. Enquanto Stewart analisa o jeito como sua vida foi retratada, ela também continua a ser uma musa e uma força ativa na cultura contemporânea, sempre a busca por um espaço que faça jus ao seu legado. Como espectadores, nos resta apreciar cada fragmento dessa história e torcer para que em futuros projetos, a narrativa de Martha possa ser contada de forma igualmente brilhante e completa.