A astronomia nos confronta com a vastidão do universo e seus mistérios, fascinando e desafiando a curiosidade humana desde tempos imemoriais. Um dos mais impressionantes avanços recentes neste campo acontece em Hawaii, onde astrônomos do W. M. Keck Observatory, utilizando o Keck Cosmic Web Imager (KCWI), capturaram uma nova imagem tridimensional dos filamentos que emergem de um remanescente de supernova, especificamente a SN 1181, que brilhou no céu noturno por seis meses em 1181. Esta supernova foi tão brilhante que astrônomos chineses e japoneses a registraram como uma “estrela visitante” na constelação de Cassiopeia. O estudo que narra essas descobertas foi publicado no dia 24 de outubro na revista *The Astrophysical Journal Letters*, trazendo novas revelações sobre a estrutura desse remanescente estelar.

mapeamento inovador da estrutura do remanescente

Sob uma visão impressionante e rara, os especialistas apresentaram uma imagem composta de SNR 1181. No centro dessa imagem, uma nebulosa esférica, de cores vibrantes, destaca-se em meio a um fundo repleto de estrelas, que se assemelham a pontos brancos no vasto cosmos. No centro da nebulosa, um pequeno ponto de luz aquática representa a estrela anã branca quente que restou após uma explosão causada pela fusão de duas anãs brancas menores. A partir desse ponto luminoso, vários feixes espetaculares se expandem, lembrando fogos de artifício que explodem em celebração no céu noturno. Em uma analogia poética, o coautor do estudo, Christopher Martin, descreve que a imagem convencional de um remanescente de supernova é como uma fotografia estática de uma exibição de fogos de artifício, mas o que a KCWI proporciona é mais como um “filme”, permitindo medir o movimento das brasas da explosão enquanto elas se afastam do ponto central da explosão.

Os filamentos radicais encontrados se estendem a partir da ‘estrela zumbi’, uma expressão interessante que nos sugere a resiliência do cosmos após uma catástrofe estelar. A cada nova observação da supernova, os pesquisadores têm feito descobertas ainda mais surpreendentes. A explosão de 1181 não foi um evento comum. Cientistas acreditam que a explosão resultou de uma colisão termonuclear em uma anã branca, possivelmente duas delas, resultando em uma explosão parcial. Diferente da maioria das supernovas que normalmente destroem as anãs brancas, o que se prova raro é essa nova categoria de supernova, definida como uma supernova do tipo Lax, que deixou para trás, em vez de destruição total, uma nova estrela zumbi.

os segredos ainda não revelados da supernova

A busca por evidências visuais dessa supernova durou séculos, até que em 2013, o astrônomo amador Dana Patchick descobriu suas sobras através de imagens coletadas pela missão do NASA Wide-field Infrared Survey Explorer. A nebulosa ejetada, posteriormente nomeada Pa 30, é uma nuvem de material expelido durante a explosão. As observações levaram à identificação de estranhas filamentos que brilham com luz de enxofre. No entanto, as perguntas ainda persistem sobre como e quando essas estruturas se formaram. Isso destaca a complexidade do universo e nosso papel na sua compreensão.

Com o auxílio da KCWI, os astrônomos mediram a velocidade dos materiais na nebulosa, revelando que os filamentos estão se afastando do local da supernova a impressionantes 3,5 milhões de quilômetros por hora, ou cerca de mil quilômetros por segundo. Essa medida fornece uma janela temporal intrigante, revelando que a explosão ocorreu quase exatamente no ano de 1181, muito antes que sua luz chegasse à Terra em 6 de agosto de 1181, devido a sua distância de 7.500 anos-luz.

futuras investigações e a busca pela clareza

A nova matriz de dados 3D também trouxe à tona alguns mistérios adicionais, como uma grande cavidade dentro da estrutura da nebulosa e evidências de que a supernova ocorreu de maneira assimétrica. Os filamentos parecem irradiar de uma casca externa que se estende a partir da estrela central, mas a formação desses filamentos continua sem explicação clara. Os pesquisadores estão explorando duas possíveis hipóteses: a primeira sugere que uma onda de choque se move em direção à estrela, sublimando a poeira em gás quente, que então rapidamente esfria e se junta em filamentos retos. A segunda hipótese propõe que feixes de poeira estavam sendo extraídos pelo forte vento proveniente da estrela central, mas até o momento, os dados não conseguem distinguir entre esses dois modelos.

Enquanto novas investigações ocorrerão ao longo do tempo, a curiosidade científica que envolve esses filamentos inusitados e a natureza da supernova SN 1181 não mostra sinais de diminuição. A beleza e a complexidade das estruturas cósmicas, semelhantes a as características que vemos em nebulosas planetárias, sugerem que ainda há muito a aprender sobre a evolução do universo e os processos que moldam as estrelas e suas explosões.

À medida que avançamos em nossa jornada pelo cosmos, a emoção de desvendar os segredos do universo permanece indelével. Cada nova descoberta não apenas alimenta nossa sede de conhecimento, mas também nos lembra do nosso próprio lugar nesse vasto e enigmático cosmos, onde cada estrela, cada supernova e cada filamento luminoso contam uma parte da história cósmica.

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