A cada ano que passa, aumenta a celebração em torno de The Rocky Horror Picture Show, um clássico que cativou gerações desde seu lançamento em 1975. Com um elenco memorável e canções que se tornaram verdadeiros hinos, a obra tem resistido ao teste do tempo, não apenas como um filme, mas como um fenômeno cultural. Barry Bostwick, que interpretou o icônico personagem Brad Majors, está atualmente em sua turnê especial em comemoração ao 49º aniversário do filme, e em uma entrevista exclusiva, ele compartilha reflexões sobre sua experiência. O ator, agora aos 79 anos, se aproxima do encerramento de seu tour que inclui paradas em cidades como Baltimore e Brooklyn, Nova York, junto a suas co-estrelas Patricia Quinn e Nell Campbell, que também estão em turnês.

Os bastidores e desafios das filmagens

Na trama, Bostwick e Susan Sarandon interpretam um jovem casal que, após o carro quebrar, se vê em um misterioso castelo, onde encontram o excêntrico Dr. Frank-N-Furter, interpretado por Tim Curry. Ao refletir sobre o legado do filme, Bostwick credita muito dessa longevidade ao desempenho de Curry, afirmando que “sua performance é a espinha dorsal do filme”. Para ele, a atração do público em continuar a assistir às exibições do filme está atrelada ao talento singular de Curry. “Ninguém pode igualar ao gênio de Tim Curry,” completa Bostwick, ressaltando que, apesar de estar “deslumbrado” por seu colega, ele já possuía uma sólida carreira no teatro, sendo vencedor do Tony Award por seu trabalho em Grease, antes de se envolver neste projeto provocador.

Contudo, havia um aspecto das filmagens que Bostwick não considerava tão confortável. Durante uma das performances, ele se viu em um desafio particular: dançar de salto alto. A cena, que faz parte do número musical Rose Tint My World, foi uma tarefa árdua, especialmente devido ao piso molhado onde a dança aconteceu, uma combinação de palco e piscina. “A parte difícil foi que estávamos dançando em um palco molhado, e não acho que eles colocaram borracha na parte de baixo dos nossos sapatos,” explica. “Então, não estávamos realmente dançando, estávamos apenas escorregando.” Ele recorda ainda do frio intenso após saírem da piscina, o que tornava a situação ainda mais desafiadora, ressaltando que, apesar de tudo, “a música era empolgante.”

A camaradagem nos bastidores e o impacto cultural

Bostwick descreve sua experiência com Curry e a equipe de filmagem como repleta de adrenalina durante o que ele classifica como uma produção rápida de “cinco semanas”. Ele também relembra que, antes mesmo de se tornarem co-estrelas, já admirava a performance de Curry em sua apresentação no Roxy Theatre em Los Angeles, onde ficou “encantado pelo espetáculo que era tão inovador e diferente”. Durante as filmagens de The Rocky Horror Picture Show, o ator se sentia à vontade para observar Curry atuando e ensaiando, desejando ter seu talento. “O mágico de Tim Curry no palco foi indelével,” declara, enfatizando a amizade que se formou entre eles, citando que Curry foi um dos primeiros a aceitar os atores americanos entre o elenco estrangeiro.

O atual tour de Bostwick está marcado por sessões de cinema do filme original, com uma atuação ao vivo que inclui participação do público, um evento que se tornou tradição entre os fãs. Os integrantes do público costumam se vestir a caráter e interagir com a película de maneiras ensaiadas, o que demonstra o forte laço que a obra estabelece com seus espectadores. “Adoro visitar todas essas cidades e conhecer as troupes que participam. Elas colocam seu coração e alma nisso,” diz Bostwick, ressaltando que muitas delas estão em atividade há 20 ou 30 anos, enquanto outras são mais recentes e precisam de apoio.

Um dos aspectos mais impressionantes para Bostwick é o crescimento contínuo da base de fãs, agora abrangendo múltiplas gerações. Ele observa que o filme, ao longo do tempo, se tornou uma “movimentação”, uma “igreja de libertação” que continua a atrair pessoas em busca de autenticidade e aceitação de suas diferenças. “A filosofia ‘Não sonhe, seja’ continua a ter relevância,” afirma, ressaltando que The Rocky Horror Picture Show ainda possui muito a oferecer e não precisa ser reproduzido. Ele critica tentativas anteriores de revitalizar a obra, como o remake de 2016, lembrando que o filme original é autêntico e ousado, constituído por temas que não devem ser suavizados para se adequar ao gosto geral.

O legado do filme está presente em suas falas marcantes, como o final, que inclui a reflexão sobre a condição humana e a busca por significado. Para Bostwick, a mensagem da obra é uma advertência e alude à importância de se criar um espaço para que as pessoas explorem suas identidades verdadeiras. “O que apresentamos ao mundo foi outra maneira de potencialmente existir,” conclui Bostwick, destacando que os ingressos para a turnê de 49 anos de The Rocky Horror Picture Show já estão à venda.

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