A situação internacional envolvendo a Coreia do Norte e a Rússia está se tornando cada vez mais tensa e complexa. Recentemente, o Ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong Hyun, afirmou que é «muito provável» que a Coreia do Norte solicite a Moscovo tecnologia nuclear avançada em troca do envio de tropas para apoiar a Rússia em sua guerra na Ucrânia. Essa afirmação foi feita durante um briefing no Pentágono, onde Kim falou ao lado do Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin. As implicações desse possível acordo podem afetar não só a dinâmica da Guerra da Ucrânia, mas também a segurança na península coreana, um dos pontos mais conflituosos do mundo.
Kim enfatizou que a Coreia do Norte provavelmente buscará transferências de tecnologia russa relacionadas a armamentos nucleares táticos, à melhoria de seus mísseis balísticos intercontinentais, bem como ao desenvolvimento de satélites de reconhecimento e submarinos nucleares. Esse movimento pode lembrar acordos semelhantes que a Rússia tem feito com o Irã, onde a Moscovo compartilha tecnologias nucleares em troca de apoio militar na mesma guerra. É uma estratégia que levanta preocupações não apenas na região, mas em todo o mundo, considerando os riscos potenciais de uma maior proliferação de armamentos nucleares.
O Ministro da Defesa da Coreia do Sul explicou que, em sua visão, a alocação de tropas norte-coreanas para a Rússia não deve aumentar a «possibilidade de um conflito na península coreana», mas ressalta que isso pode resultar em uma escalada das ameaças à segurança na região. A Coreia do Sul está em alerta, há semanas levantando preocupações sobre a movimentação das tropas norte-coreanas, e já compartilhou informações de inteligência com aliados da NATO. Nos últimos dias, a situação tornou-se mais clara, com a confirmação de que milhares de soldados da Coreia do Norte foram deslocados para a Rússia para treinamento militar.
Os Estados Unidos, em uma avaliação independente, reportaram pela primeira vez que cerca de 10.000 soldados norte-coreanos estão atualmente presentes na Rússia. A Coreia do Sul estima ainda que esse número possa atingir até 13.000. Jornais internacionais, como a CNN, informaram que um pequeno grupo de soldados da Coreia do Norte já estaria em território ucraniano, o que gera um crescente receio de que estes possam entrar em combate ao lado das forças russas. Lloyd Austin destacou que as evidências recentes apontam que aproximadamente 10.000 soldados da República Popular Democrática da Coreia foram enviados para treinar na região leste da Rússia. Além disso, algumas dessas tropas estão se aproximando da Ucrânia, recebendo uniformes e equipamentos russos.
Quando questionado sobre as implicações caso soldados norte-coreanos venham a ser abatidos por armamentos americanos utilizados pelas forças ucranianas, Austin foi direto: se as tropas da Coreia do Norte se juntarem aos russos em combate, estará sobre a mesa a possibilidade de haver baixas. Ele afirmou que, neste cenário, os soldados ucranianos têm todo o direito de se defender, utilizando as armas que receberam de aliados. A indicação é de que, caso os soldados da Coreia do Norte combinem esforços com os russos, eles se tornam co-belligerantes, e a probabilidade de perdas na batalha é uma possível realidade.
Um dos principais questionamentos que emerge de toda essa situação é sobre a efectividade das tropas norte-coreanas no campo de batalha. De acordo com informes, muitas das tropas enviadas são de forças especiais, mas a realidade é que a Coreia do Norte não se envolve em um conflito armado há mais de 70 anos. Analistas de inteligência acreditam que a decisão de enviar soldados para a Rússia se deve à necessidade de ganhar experiência em combate. Quando questionado sobre a possibilidade da Coreia do Sul fornecer apoio militar à Ucrânia para contrabalançar a presença norte-coreana, Kim, o ministro sul-coreano, evitou uma resposta clara, refletindo a tradicional política sul-coreana de não fornecer armamentos a países em guerra. Contudo, ele deixou em aberto a possibilidade de que analistas militares sul-coreanos sejam destacados para observar o envolvimento das tropas norte-coreanas na Ucrânia, uma iniciativa que poderia auxiliar na compreensão da prontidão militar da Coreia do Norte.
A secretária da defesa, Kim, comentou sobre o que acreditava ser uma oportunidade crucial para sua equipe de análise ou observadores aprenderem sobre os movimentos e a estratégia das tropas norte-coreanas. Ele ressaltou que o recolhimento de informações nesse sentido poderia ser valioso para a segurança e estabilidade futura da Coreia do Sul. Kim finalizou seu raciocínio, afirmando que, se não forem enviados observadores para a Guerra da Ucrânia, não estaria cumprindo com a missão de proteger o povo sul-coreano de forma adequada.
Portanto, a interação entre a Coreia do Norte e a Rússia vai além de uma simples troca de tropas. Este novo capítulo tem o potencial de alterar as ações militares na Ucrânia e redefinir as ameaças percebidas na península coreana, tornando-se um assunto motivo de preocupação para as potências aliadas e para a segurança global.