No último dia 6 de julho, um incidente alarmante ocorreu em Phoenix, Arizona, quando um homem identificado como Michael Kenyon alegou que a polícia o imobilizou em um asfalto escaldante, resultando em queimaduras de terceiro grau em várias partes do seu corpo. De acordo com relatos, a temperatura na cidade alcançou 114 graus Fahrenheit naquele dia, enquanto o asfalto era estimado em temperaturas entre 180 e 200 graus Fahrenheit. Esse trágico episódio levanta questões sobre a conduta policial em situações de crise e o tratamento de indivíduos detidos sob tais circunstâncias extremas.
O incidente foi capturado em vídeo que foi posteriormente obtido pela CBS News através do advogado de Kenyon. O vídeo revela Kenyon caminhando calmamente por um estacionamento, utilizando seu telefone celular, quando dois policiais chegam em uma viatura. Ele, aparentemente, se prepara para se afastar da situação, mas rapidamente é abordado pelos agentes, que tentam algemá-lo. Uma luta se desenrola entre Kenyon e os policiais, com a chegada de oficiais de apoio que tornam a situação ainda mais violenta. Eventualmente, Kenyon é empurrado para o chão, imobilizado em um asfalto que se tornara um verdadeiro inferno sob o calor escaldante.
De acordo com o advogado de Kenyon, Bobby DiCello, o homem ficou hospitalizado por mais de um mês devido às graves queimaduras adquiridas durante a detenção. Ao ser retirado do asfalto, a pele derretida de Kenyon descolou-se do seu corpo, caindo ao chão. Esta condição levanta não apenas a preocupação sobre o tratamento recebido durante a abordagem policial, mas também coloca em foco a saúde pública e as condições extremas vigentes em áreas como Maricopa County, onde se localiza Phoenix, considerado o metro mais quente dos Estados Unidos, com um chefe de calor designado. A cidade já registrou 100 dias consecutivos de temperaturas acima de 100 graus durante o verão, tornando o ambiente ainda mais hostil para qualquer forma de detenção.
A polícia de Phoenix afirmou que a abordagem foi em resposta a uma denúncia de roubo em andamento. Segundo a versão oficial, os oficiais contataram Kenyon e o informaram de que ele estava sendo detido para apurar informações sobre o ocorrido. As autoridades indicaram que a resistência de Kenyon resultou na sua queda para o chão quente, onde sofreu as queimaduras. Após a chegada ao hospital, os policiais descobriram que Kenyon tinha uma ordem de prisão em aberto por um delito anterior, o que complicou ainda mais a situação, embora não justifique as severas queimaduras que ele sofreu.
O caso suscita um debate significativo sobre a necessidade de reformas nas práticas policiais, especialmente em um contexto de crescente pressão social por justiça e responsabilidade. DiCello fez uma declaração forte criticando a conduta dos policiais, afirmando que “eles seguraram um homem — outro ser humano — sobre uma superfície tão quente que provocou a ebulição e bolhas em sua pele. Isso desafia toda a lógica”. Além disso, a condição de saúde de Kenyon é agora permanentemente alterada, uma vez que, segundo seu advogado, ele “agora está marcado para toda a vida”.
Atualmente, o departamento de Polícia de Phoenix declarou que o Bureau de Padrões Profissionais está conduzindo uma investigação sobre o incidente. Essa situação ressalta a importância de um diálogo contínuo sobre ética no uso da força e sobre como as agências responsáveis pela segurança pública devem abordar a detenção de indivíduos, levando em conta não apenas as circunstâncias do crime, mas também as condições do ambiente onde a ação ocorre. O desafio de equilibrar a segurança pública com os direitos humanos ainda é uma luta que a sociedade enfrenta, e o caso de Michael Kenyon é um dos muitos que tornam imperativa a necessidade de um exame mais aprofundado sobre as práticas policiais.
À medida que a comunidade se recupera desse incidente perturbador, é vital que as vozes dos afetados sejam ouvidas e que reformas estruturais sejam implementadas com urgência a fim de garantir que a justiça e o tratamento justo sejam prioridades em todas as interações entre a polícia e os cidadãos.