Com a proximidade do Halloween, muitos se preparam para buscar emoções novas e arrepiantes nas famosas casas mal-assombradas, uma tradição que, apesar de seus encantos, apresenta dificuldades significativas para os seus operadores. Se você é daqueles que adoram um susto, lembre-se de que os bastidores desse tipo de diversão merecem uma análise mais profunda. A experiência vai além dos gritos e sustos, enquanto muitos empreendedores enfrentam um mercado cheio de desafios e diversas adversidades.

As barreiras para entrar no ramo das casas mal-assombradas são cada vez mais complexas. Para ilustrar essa realidade, Billy Messina, co-criador da Netherworld, uma das atrações mais reconhecidas na Geórgia, revela que as exigências em termos de regulamentação e os custos iniciais estão mais altos do que nunca. Ele enfatiza que os tempos mudaram e que um simples “Boo!” já não é suficiente para atrair os visitantes esperados. A operação de uma casa mal-assombrada transformou-se em um empreendimento que demanda planejamento, investimentos e um elenco profissional. Enquanto isso, casas mal-assombradas que costumavam ser geridas por voluntários agora se assemelham a grandes produções teatrais, rivalizando até com as melhores experiências de Broadway.

Chris Stafford, CEO da Thirteenth Floor Entertainment Group, endossa a opinião de Messina, revelando que a maior parte da receita de sua companhia – que opera 32 atrações em todo o país – é gerada em um período curto de apenas dois a três meses. Stafford, que passou do setor bancário para o de entretenimento, menciona a complexidade de manter um staff durante o ano para garantir um fluxo financeiro que, na prática, depende desse período restrito do Halloween. “É um negócio complicado, com despesas mensais e um faturamento que depende de poucas semanas no ano”, diz Stafford. Com isso, ele pontua que o desafio vai além do dinheiro; é uma verdadeira corrida contra o tempo para cobrir custos operacionais e salariais em um curto espaço de tempo.

Outro ponto que não pode ser ignorado é a mão de obra. Para garantir um serviço de qualidade e uma experiência única para os visitantes, tanto Messina quanto Stafford afirmam que contratar e treinar um número significativo de trabalhadores sazonais é uma grande complicação. Na Netherworld, aproximadamente 500 trabalhadores são contratados a cada temporada, somados a uma equipe fixa. As contratações começam em agosto, mas o grande impulso ocorre em setembro, quando estudantes universitários e até profissionais de outras áreas buscam uma oportunidade de vivenciar a adrenalina dos sustos. Com uma remuneração que começa em 8,50 dólares a hora, muitos trabalham não apenas por motivos financeiros, mas pela paixão pelo entretenimento de Halloween, reforçando o aspecto comunitário da atividade.

No entanto, a situação do setor é frágil e depende de fatores externos, como condições climáticas e eventos esportivos. Messina alerta que uma noite de chuva pode impactar severamente o público presente, assim como a repercussão de jogos importantes da equipe de baseball Atlanta Braves. A venda de ingressos é crucial e não se pode contar apenas com as receitas adicionais obtidas em lojas de presentes e concessões, que muitas vezes não são tão lucrativas quanto esperado. Essa precariedade é um lembrete constante de que a competição não se limita a outras casas mal-assombradas, mas se estende a entretenimento em outras plataformas, como serviços de streaming que atraem o público para dentro de suas casas.

Messina e Stafford discutem que o desafio maior que enfrentam é desviar as pessoas dos seus dispositivos digitais. Para eles, oferecer uma experiência autêntica e social é essencial para motivar os visitantes a saírem de casa e se reunirem fisicamente em busca de emoções. No decorrer do ano, é necessário fomentar a ideia de que aproveitar um susto de verdade é uma experiência que não pode ser comparada ao entretenimento passivo de assistir a um filme, tornando o Halloween uma oportunidade de fortalecimento das interações sociais entre amigos e familiares.

À medida que Halloween se aproxima, os operadores de casas mal-assombradas se preparam para uma maratona de sustos e adrenalina, enfrentando os desafios que o setor apresenta. E enquanto muitos poderão gritar e se divertir, é sempre bom lembrar que por trás de cada assombração e efeito especial existe um trabalho árduo e dedicado, que luta para proporcionar uma experiência de entretenimento ímpar neste universo fantástico. Afinal, o Halloween é mais do que apenas medo; é uma celebração das emoções humanas e da capacidade de se divertir com o desconhecido.

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