A próxima votação em California pode mudar a realidade econômica de milhões de trabalhadores no estado. Os eleitores decidirão, durante este período eleitoral, se o salário mínimo será elevado para impressionantes US$ 18 por hora, um valor que, se aprovado, se tornará o mais alto dos Estados Unidos. A proposição, conhecida como Proposição 32, propõe um aumento gradual: o salário mínimo passaria para US$ 17 em 2024 e, então, para US$ 18 a partir de janeiro do ano seguinte para empregadores com mais de 25 funcionários. Já as empresas menores teriam que se limitar a US$ 17 no próximo ano e atingiriam a marca de US$ 18 em 2026. Além disso, o novo valor será ajustado anualmente de acordo com a inflação, mas com um limite de aumento de até 3,5% ao ano.

A elevação do salário para US$ 18 significaria cerca de US$ 3.000 a mais por ano nas contas de trabalhadores que recebem nesse patamar, com uma estimativa de que 2 milhões de trabalhadores serão afetados por essa mudança. Atualmente, o salário mínimo na California é de US$ 16, valor que também deve subir para US$ 16,50 no próximo ano. Cabe destacar que, em cerca de 40 localidades do Estado, os salários mínimos já superam o valor estipulado pelo estado, sendo que seis delas pagam acima de US$ 18.

California tem sido um dos estados mais proativos em relação ao aumento do salário mínimo. Foi o primeiro a implementar políticas que elevaram o valor para US$ 15, medida que entrou em vigor em 2022 para os grandes empregadores e no ano seguinte para os menores. Também é importante mencionar que, a partir de abril, quase 500 mil trabalhadores em redes de fast food estão recebendo ao menos US$ 20 por hora. Um projeto de lei que beneficia trabalhadores da saúde está em andamento e começará a elevar gradualmente o salário desses profissionais a pelo menos US$ 25 por hora.

Como em muitas discussões sobre o aumento do salário mínimo, a Proposição 32 tem gerado debates acalorados entre apoiadores e opositores. Os favoráveis ao aumento, como organizações trabalhistas, argumentam que essa elevação é crucial para acompanhar o custo de vida crescente, enquanto os críticos, incluindo representantes da indústria de restaurantes e grupos empresariais, alertam sobre possíveis demissões e aumento nos preços dos produtos e serviços.

Nas últimas pesquisas, a popularidade da Proposição 32 parece estar em declínio. Apenas 44% dos eleitores californianos indicaram que votariam a favor da medida em uma pesquisa de outubro realizada pelo Instituto de Política Pública de California, uma queda em relação aos 50% de setembro. Ao mesmo tempo, 54% dos entrevistados afirmaram que votariam contra, um aumento em comparação aos 49% anteriores.

Um dos nomes à frente dessa luta é o defensor da redução da pobreza e empreendedor Joe Sanberg. Ele compartilhou sua vivência pessoal com a CNN, destacando que sua mãe o criou sozinha e eles perderam a casa durante a adolescência dele. Para Sanberg, a proposta de aumentar o salário mínimo é uma questão de justiça econômica e um passo necessário para que trabalhadores tenham mais recursos para gastar e, assim, revitalizar a economia. Um estudo do Instituto de Pesquisa sobre Trabalho e Emprego da Universidade da Califórnia, Berkeley, sublinha que o aumento do salário mínimo no setor de fast food resultou em um aumento de 18% na remuneração média, apesar de um incremento de preços de apenas 3,7%, um aumento compatível com 15 centavos em um típico hambúrguer de US$ 4.

Enrique Lopezlira, diretor do programa de trabalho com baixa remuneração do mesmo instituto, enfatiza que elevando o salário mínimo, cerca de 2 milhões de trabalhadores teriam suas finanças um pouco mais equilibradas em face da inflação dos últimos anos. Ele explica que, com o salário mínimo atual, um adulto solteiro sem filhos precisaria ganhar pouco mais de US$ 27 para cobrir as despesas básicas, enquanto que dois pais trabalhadores com um filho precisariam receber pouco mais de US$ 26 cada um, conforme dados do Calculador de Salário Vital de MIT.

Por outro lado, os opositores da proposta manifestam preocupações reais sobre as consequências que um aumento abrupto do salário mínimo pode trazer. Jennifer Barrera, CEO da Câmara de Comércio da California, explana que há limites para onde as empresas podem cortar custos e pondera que os pequenos negócios operam geralmente com margens muito menores de lucro. Ao passo que normalmente, os aumentos de salário no estado são decididos por legisladores e não por referendos, segundo Jot Condie, CEO da Associação de Restaurantes da California, essa metodologia tradicional leva em consideração uma ampla gama de interesses, buscando equilibrar o bem-estar dos trabalhadores e a saúde econômica dos negócios.

O que se desenha no horizonte da Califórnia é um debate profundo sobre como equilibrar o apoio aos trabalhadores e a sustentabilidade dos negócios, numa época em que o custo de vida continua a crescer. Seja qual for o desfecho da votação, uma coisa é certa: os californianos terão a chance de moldar o futuro econômico do estado por meio da decisão que tomarem nas urnas.

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