No mundo do cinema, há produções que acabam dividindo opiniões e os filmes que contam com a participação de estrelas como Chris Pratt e Jennifer Lawrence não são exceção. Um dos longas-metragens que gerou controversa foi “Passengers”, que, embora tenha um elenco de peso e uma premissa intrigante, foi recebido com críticas duras, alcançando apenas 30% de aprovação no Rotten Tomatoes. Em um recente vídeo, a astronauta aposentada da NASA, Nicole Stott, trouxe à tona uma análise que, embora não ignore os diversos problemas do filme, destaca um dos seus pontos positivos: a precisão científica em uma das cenas principais.

A Premissa e o Enredo de Passengers

O filme “Passengers” gira em torno dos personagens Jim Preston, interpretado por Chris Pratt, e Aurora Lane, interpretada por Jennifer Lawrence. A trama se desenrola em uma nave espacial em uma viagem de 120 anos a um novo planeta. Jim, que acorda 90 anos antes do previsto devido a uma falha na hibernação, toma a decisão moralmente problemática de despertar Aurora, alegando que foi um acidente, apenas porque ele não queria se sentir sozinho. Este é o primeiro ponto em que muitos críticos se manifestaram, apontando o caráter questionável da decisão de Jim e a falta de um verdadeiro consentimento por parte de Aurora. Além disso, o filme falha em explorar profundamente a moralidade de suas ações, o que gera uma sensação de desconforto que persiste até os créditos finais.

A Análise Científica de Nicole Stott

Em seu vídeo, Stott examina uma cena em particular que se passa no espaço, onde Aurora emerge de sua hibernação e se vê envolta em uma esfera gigante de água. De acordo com a astronauta, essa representação é surpreendentemente precisa do comportamento de líquidos em ambientes de microgravidade. Segundo Stott, quando em tal ambiente, a água e outros fluidos tendem a se aglutinar em formas esféricas devido à tensão superficial, o que condiz com a experiência de viver a bordo da Estação Espacial Internacional. A cientista recorda: “Quando tomamos banho na Estação Espacial, não temos água corrente. A gravidade não puxa a água para baixo como acontece aqui na Terra. Nos adaptamos a usar bolsas de água e criamos esferas dela”. Essa descrição revela o quanto a representação visual dos líquidos no filme não está apenas calcada na fantasia, mas sim em observações científicas reais.

A Visão de Stott Adiciona Profundidade ao Debate sobre Passengers

Embora a abordagem de Stott não elimine as questões éticas apresentadas na narrativa, ela fornece uma nova compreensão sobre como os elementos da cena foram concebidos. Ela menciona especialmente o momento em que a água “cai” abruptamente para o chão. Essa representação, que alguns podem considerar apenas dramática, também tem seu fundamento na física. Para Stott, se a resistência da água for considerável, isso pode resultar em uma mudança abrupta na carga (uma experiência que alguns astronautas vivenciam no espaço) e que, portanto, a cena pode ser qualificada como uma das que se esforçam para mostrar a realidade do que ocorre na microgravidade. Stott classificou essa cena como um “sete” em uma escala de um a dez, enfatizando que, apesar das falhas na narrativa do filme, o esforço para descrever o comportamento dos líquidos de maneira precisa merece reconhecimento.

A Relevância de Uma Análise Científica em um Filme Controverso

Apesar das críticas que “Passengers” recebeu, a análise científica de Stott leva à reflexão sobre como é possível encontrar qualidades em produções que podem falhar em outros aspectos, como enredo e desenvolvimento de personagens. A capacidade de um filme em mesclar aspectos visuais com fundamentos científicos pode não apenas enriquecer a experiência de assistir, mas também oferecer um ponto de partida para discussões mais profundas sobre diferentes temas. No fim das contas, até mesmo um filme que é considerado um dos piores em uma carreira estelar pode oferecer uma reflexão única e surpreendente por meio de um exame mais atento.

Conclusão: O Legado de Passengers e Suas Lições

Embora “Passengers” possa nunca ser lembrado como um clássico devido à sua polêmica premissa e desenvolvimento de personagens, a análise de Nicole Stott traz uma dimensão que pode surpreender até os críticos mais severos. Ao se deparar com as falhas do filme, vale a pena considerar as lições que o mesmo pode oferecer, em especial quando se trata do comportamento da água em ambientes de microgravidade. Assim, “Passengers” e suas controvérsias permanecem como um lembrete de que no cinema, como na vida, sempre existe algo a se aprender e apreciar, mesmo nas situações mais complicadas.

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