Na quinta-feira, o governo dos Estados Unidos decidiu impor sanções econômicas a altos membros da ala armada de um cartel mexicano que atua nas regiões fronteiriças, especialmente em torno de Chihuahua, no México. Esta ação governamental é uma continuidade dos esforços para combater a crescente crise de opioides, especificamente focando na organização criminosa La Linea, fortemente ligada à emboscada que resultou na morte de nove cidadãos americanos em 2019. Este evento trágico marcou não apenas uma perda irreparável para as famílias afetadas, mas também um ponto de inflexão que destacou a necessidade de uma resposta mais rigorosa contra o tráfico de drogas e a violência que ronda esses grupos.
No contexto das sanções, cinco cidadãos mexicanos e duas empresas associadas à La Linea foram alvo das ações econômicas realizadas nesta semana. Essa organização é reconhecida por seu envolvimento na passagem de fentanil e outras drogas sintéticas para os Estados Unidos, uma prática que alimenta a epidemia de opioides no país. Segundo dados recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, as mortes relacionadas a overdoses de drogas aumentaram mais de sete vezes entre 2015 e 2021. Embora a agência tenha relatado uma pequena queda de 3% nas mortes por overdose este ano, o fentanil continua a ser o opioide mais letal e predominante no mercado ilícito. O Departamento de Administração de Drogas, que é encarregado de lutar contra o tráfico de drogas, indicou que tanto o México quanto a China são as principais fontes de fentanil e substâncias relacionadas que entram diretamente nos EUA, com a grande maioria dos precursores químicos necessários para a fabricação de fentanil proveniente da China.
A La Linea e o Cartel de Juarez são frequentemente citados por sua capacidade de infligir violência desmedida sobre pessoas inocentes, criando um ambiente de medo e insegurança em diversas comunidades. O governo dos Estados Unidos tem tentado perseguir essas organizações; em julho de 2022, uma decisão de um juiz federal em Dakota do Norte ordenou que a La Linea pagasse 4,6 bilhões de dólares em danos monetários às famílias das nove vítimas do ataque que ocorreu em 4 de novembro de 2019. Este ataque brutal destacou a presença de cartéis e sua disposição para causar dor e sofrimento indiscriminado.
O vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, comentou sobre as sanções, afirmando que se a La Linea continuar a contribuir para a proliferação do fentanil nas comunidades dos EUA, o Tesouro utilizará todas as ferramentas necessárias para combater suas atividades criminosas. A administração Biden tem adotado uma série de ações contra traficantes de fentanil, incluindo o encaminhamento de acusações a traficantes poderosos por crimes de drogas e lavagem de dinheiro, além de anunciar sanções contra empresas e executivos chineses responsáveis pela importação de produtos químicos usados na fabricação dessa droga perigosa. Em um movimento significativo, o secretário do Tesouro, Janet Yellen, lançou, em dezembro de 2023, a Força-Tarefa Contra o Fentanil, uma iniciativa projetada para unir esforços e inteligência de vários setores do Departamento do Tesouro na luta contra o tráfico de drogas.
Recentemente, o presidente Biden sancionou a Lei FEND off Fentanyl, que declara o tráfico internacional de fentanil uma emergência nacional, inscrevendo esse problema no cerne da agenda política atual. A luta contra o fentanil tem se tornado um tópico cada vez mais polarizado, onde os republicanos argumentam que o contrabando de fentanil através da fronteira entre os Estados Unidos e o México deve ser considerado juntamente com questões migratórias, que são um ponto focal para as eleições presidenciais de 2024. O ex-presidente Donald Trump, por exemplo, acusou migrantes de serem os responsáveis pelo tráfico de drogas como o fentanil, apesar dos dados federais sugerirem que muitos dos que estão contrabandeando fentanil através da fronteira são cidadãos americanos.
Na última década, o Departamento do Tesouro sancionou mais de 350 pessoas e empresas conectadas ao tráfico de drogas, abrangendo de líderes de cartéis a laboratórios e fornecedores. Mês passado, um homem conhecido como “O Tanque”, que supostamente lidera a ala de roubo de combustível do violento Cartel Jalisco Nova Geração, também foi sancionado. A intervenção do governo é crucial em um cenário onde cartéis operam com audácia, como demonstrado na recente imposição de sanções a contadores e empresas mexicanas ligadas a um esquema de fraude envolvendo timeshares, que visava americanos e envolvia milhões de dólares. O esforço de combatê-los exige vigilância contínua e ações decisivas, principalmente em um ambiente em que esses grupos continuam a ter um impacto devastador sobre a sociedade americana.
Em conclusão, a ação do governo dos Estados Unidos representa não apenas um posicionamento firme contra a violência e o tráfico de drogas, mas também uma tentativa de proteger a saúde e a segurança dos cidadãos americanos. Com as sanções à La Linea e a associação com assassinatos de cidadãos americanos, o governo reafirma seu compromisso em combater não apenas as organizações criminosas, mas também as consequências trágicas resultantes de suas atividades. À medida que a luta contra a epidemia de opioides avança, a importância da cooperação internacional e de uma abordagem mais abrangente no combate ao tráfico de drogas se torna cada vez mais evidente, exigindo a atenção contínua de todos os lados envolvidos nesse complexo desafio.